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Rodrigo Guedes de Carvalho: jornalista, escritor e agora músico. "Estou vivo"

Escrito por
Tiago Neto
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Finalmente, a estreia do jornalista nos discos, tem voz da fadista Isabelinha e produção de Rúben Alves. O projecto foi apresentado no Ferroviário. Nome de código: XAVE.

"O meu primeiro sonho foi querer ser músico, em miúdo." Rodrigo Guedes de Carvalho conta história logo após o concerto de apresentação dos XAVE, na terça-feira. "Depois, por causa de uma má professora, desisti da música. E desisti a pensar que a ia agarrar mais à frente mas foi uma coisa que ficou adormecida em mim." As canções acabaram por ficar guardadas até aos 40 e pouco, quando decidiu regressar. "Não tinha ideia de compor, tinha ideia de tocar, mas como perdi a memória muscular, o que toco não daria para este nível. E portanto percebi que podia fornecer o material de criação e arranjar músicos profissionais."

Assim nasceram os XAVE, uma trindade composta pela fadista Isabel de Costa Sousa e pelo músico Rúben Neves, preenchida de sonoridades como o jazz, o fado ou o rock, sem que lhes seja possível aplicar um rótulo. "Não temos nenhum estilo, é o que nos sai." As músicas foram todas transformadas de alguma forma, explica, "havia músicas que trazia de uma forma e que a Isabelinha, ao cantar, levou para outro sítio. Mas a nossa lógica foi sempre ‘eu e tu gostamos, queremos isto’ e avançamos."

Para Isabel Sousa, a surpresa foi o primeiro impacto. "Só quando ouvi as músicas é que aceitei o convite porque queria ouvir o que é que um jornalista e um escritor compunham. Senti que as músicas do Rodrigo eram estranhas mas parecia que de alguma forma eram feitas para mim." Foi no fado que começou, há 12 anos, "e não sabia que sabia cantar outras coisas". "Nunca tinha experimentado cantar outras coisas, e por isso é que em palco, quando tenho uma banda toda a tocar para mim, de repente já estou lá em cima. Por estar habituada unicamente a uma guitarra portuguesa, uma viola de fado e um contrabaixo."

Sobre o conciliar dos tipos de escrita, entre a música e o jornalismo, Guedes de Carvalho mostra-se confortável. "Já faço isso nos livros, a música é uma coisa transversal, é um sentimento que atravessa toda a gente e quem tem algum talento e alguma possibilidade, tenta fazê-la", diz. E nem mesmo o começo aos 40 o abalou. "Vivo cada dia como se fosse o último. Estou vivo, não interessa a minha idade. Enquanto estiver vivo e puder e quiser fazer coisas, é isto que vou fazer."

O disco, que chegou ao mercado a 22 de Março, alcançou a sexta posição no top nacional de vendas de álbuns e o terceiro lugar na tabela de downloads. O primeiro single, "Se foi Amor", lançado no dia 31 de Janeiro regista 63 mil visualizações no YouTube. "Outra Vez" foi o segundo deste Finalmente, que conta com um total de 14 temas.  

Sobre datas de concertos, Rodrigo diz "não querer estragar a surpresa". Certo é que o conceito em palco não contará com a presença do compositor. "Aquilo que se passou no início, onde ouviram a minha voz, vai ser uma das formas de eu estar presente nos espectáculos. Aqui foram cinco músicas, mas estamos a pensar levar 16 a palco e aí – sem querer revelar o segredo – vou entrecortar algumas músicas com momentos meus. Pequenas poesias ou momentos em que explico como é que aquela música nasceu."

"Eu não estou no palco mas tudo o que está no palco é meu. Não existiria se não fosse eu, até nisso somos um conceito invulgar", atira. Contudo, o intuito não passa pelo atropelo, e o espaço na indústria, diz Guedes de Carvalho, está bem delineado. "Na arte não há campeonatos, nós queremos é fazer a nossa música."

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