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Se os telefones públicos de Lisboa tocarem, pára para atender?

Raquel Dias da Silva
Escrito por
Raquel Dias da Silva
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O projecto On the Line, de Carolina Trigueiros, arranca esta quinta-feira, para pôr Lisboa a reflectir sobre a importância das cabines telefónicas, que passaram de objectos imprescindíveis na cidade a utensílios obsoletos, quase em vias de extinção. Para participar, só tem de atender o telefone. É capaz?

Os telefones mudaram a vida à Humanidade. Até há pouco tempo, quando não estávamos em casa, tínhamos cabines públicas para pôr a conversa em dia a qualquer hora. Mas lembra-se da última vez que entrou numa? Esta quinta-feira, 19 de Setembro, os telefones de três cabines públicas de Lisboa vão tocar várias vezes, entre as 18.00 e as 00.00, no Chiado, na Praça das Flores e no Largo de São Mamede. Se for corajoso o suficiente para atender, do outro lado da linha estará um artista com um convite à reflexão.

“A ideia é partir das cabines como objectos obsoletos, mas que fazem parte do nosso imaginário colectivo e cinematográfico, ao mesmo tempo que são quase como esculturas, pelas quais passamos e às vezes nem damos conta”, explicou à Time Out Carolina Trigueiros, responsável pelo projecto On the Line, que se insere na programação da 10.ª edição do Bairro das Artes. “Estamos sempre ligados, mas será que temos disponibilidade para parar e atender um telefone? Qual é a importância de uma chamada hoje em dia?”

on the line

Esta performance é inspirada na obra “Art by Telephone” do escultor, ilustrador e compositor americano Walter de Maria, que colocou um telefone, no chão de uma galeria, com a frase “Se este telefone tocar pode atender. Walter de Maria está na linha e gostava de falar consigo.” Mas desta vez não será Walter a atender. Carolina Trigueiros convidou mais de uma dúzia de artistas para fazer chamadas: Carmo Posser, Vera Mota, Susana Mendes Silva, Diogo da Cruz, Ricardo Jacinto, Tomaz Hipólito, Alexandre Camarao, Francisco Pinheiro, Tomás Cunha Ferreira, Carolina Pimenta, Adriana Proganó, Henrique Pavão, Ana Pérez-Quiroga, Horácio Frutuoso e Francisca Aires Mateus.

A proposta, que interfere no espaço público, é a de “pensar os paradoxos do nosso quotidiano e, também, do nosso contexto e circuito artístico”, poder ler-se em comunicado de imprensa, no qual também é referida a “possibilidade em potência à contaminação para que autores e público se relacionem de modo mais acessível, livre, e imprevisível.” Imprevisível porque, apesar de se saber que as cabines vão tocar, não se sabe exactamente quando, mas também porque as performances dos artistas são surpresa. Um poema, uma pergunta, o alcance da linha será o limite.

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