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Restaurante de petiscos abriu em 2013, quando o Intendente se reinventava. Na terça-feira, dia 28, o recheio vai estar a “preços simpáticos” numa espécie de venda de garagem.
O jantar deste sábado será o último do SecAdegas. O restaurante de petiscos da rua dos Anjos vai fechar portas: o proprietário do imóvel optou por não renovar o contrato de arrendamento, revelou Tiago de Oliveira Simões nesta sexta-feira, apenas um dia antes do encerramento, e não deverá abrir noutro sítio. A culpa? A subida dos preços das rendas.
“O nosso espaço era arrendado e o contrato não foi renovado... Temos nos últimos meses procurado outros espaços na cidade, mas com a actual especulação imobiliária não nos é possível neste momento continuar o projecto SecAdegas”, escreveu o responsável no Facebook, prometendo novidades se conseguir “continuar de alguma forma o projecto”.
No imediato segue-se uma “venda de garagem” para desocupar o número 23D da rua dos Anjos antes que Agosto chegue ao fim. O recheio será posto (quase) todo à venda “a preços muito simpáticos”. A decoração, que transformava este restaurante num espaço acolhedor (noutros tempos, a sala interior poderia ter albergado conspirações e outras cabalas), foi pensada e concretizada com objectos encontrados na casa da avó de Tiago ou adquiridos em lojas locais de velharias. O convite está feito e inclui um bónus para matar a sede: “Aparece e traz amigos! Teremos sangria para te oferecer e para fazermos um brinde em jeito de despedida”.
Tiago de Oliveira Simões, que esteve à frente da cozinha do Chiringuito Tapas Bar, abriu o SecAdegas em Outubro de 2013. Uma “casa de amigos”, como o apresentou então, com petiscos para picar sobre a mesa – peixinhos da horta, pimentos padrón, ovos, cogumelos à bulhão pato, migas de couve com broa, camembert no forno com framboesas – ou o bife com assinatura da casa (isto é, com molho de queijo chèvre e redução de frutos silvestres).
“Quando iniciei este projecto há cinco anos sem grandes pretensões, queria apenas que fosse um espaço de amigos, em que as pessoas se sentissem confortáveis e em casa”, recorda ainda no Facebook. “Durante estes anos, que embora não tenham sido fáceis, percebi que esse objectivo tinha sido cumprido: não só recebi entre clientes amigos como tive oportunidade de conhecer novas pessoas que ficarão no meu plano emocional.”
O SecAdegas foi um dos espaços a abrir após a remodelação profunda de que foi alvo o Intendente, em 2012. A zona ganhou novo rosto e nova vida, mas os problemas relacionados com a gentrificação têm-se agravado, tal como acontece um pouco por toda a cidade. Segundo o Instituto Nacional de Estatística, Arroios foi a freguesia da capital que registou um maior número de contratos de arrendamento em 2017 (612). Entre o primeiro trimestre do ano passado e o deste ano, o preço por metro quadrado, para compra e venda de imóveis em Arroios, disparou 29,5% (uma variação só inferior às verificadas nas freguesias de Santo António, Campolide e Campo de Ourique).