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Sónar Lisboa 2022
Diogo Lima/Sónar LisboaSónar Lisboa em 2022

Sónar Lisboa vai construir “ponte criativa” com Barcelona

À segunda edição em Lisboa, o influente festival de música electrónica concentra-se no Parque Eduardo VII para “conforto” de todos. Na Estufa Fria, uma experiência de “realidade natural aumentada” abrirá horizontes. Para os negócios, quer-se o mesmo.

Hugo Torres
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Hugo Torres
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Enric Palau, co-fundador do Sónar, deixou os escritórios do festival em Barcelona para vir a Lisboa anunciar uma “grande celebração” para este ano. O Sónar faz 30 anos e é na capital portuguesa que a festa vai começar, entre 31 de Março e 2 de Abril, antes de seguir para Istambul, para mais três dias de música electrónica no final de Abril, e culminar no regresso a casa em meados de Junho. Está quase. Dentro de duas semanas, arte, música, ciência e tecnologia concentram-se no Parque Eduardo VII, entre o Pavilhão Carlos Lopes, a Estufa Fria e uma novidade que Palau trouxe também consigo: junto ao Marquês de Pombal, será criada uma Plaza Barcelona, uma iniciativa do Ayuntamiento catalão para criar “pontes criativas” com as principais cidades europeias. Começa cá.

“Não é uma coisa apenas para promover a cidade de Barcelona. É para criar pontes criativas e discussão entre Barcelona e Lisboa, no formato de debates, conferências e apresentações. Haverá um programa a começar todos os dias ao meio-dia”, revelou esta quinta-feira, na Doca da Marinha, em conferência de imprensa. A tecnologia e o dinamismo económico gerado à sua volta nas duas cidades serão os protagonistas nesta Plaza, mas as actividades não se vão esgotar no universo das start-ups, das scale-ups e dos potenciais unicórnios: vão aos videojogos, às indústrias criativas, ao ambiente e até à gastronomia.

Mas isso é um acréscimo. Arte, música, ciência e tecnologia: no quarteto de palavras que faz do Sónar o que ele é, a música é a que tem inevitavelmente preponderância. E aí é a vez do programador Gustavo Pereira falar. “Pensámos no Sónar Lisboa de forma a ter o maior equilíbrio possível entre as novas gerações de artistas e nomes já consagrados do meio, sejam eles nacionais ou internacionais”, disse. Estes últimos “são a atracção do festival”, reconheceu. Ainda assim, os nacionais assumem um papel importante no cartaz. “São eles que conferem alguma identidade e personalidade a este Sónar Lisboa, e o distinguem do Sónar Barcelona e de outras localidades onde o Sónar acontece. Falamos por exemplo da King Kami e da Yen Sung. O Nigga Fox, a Ana Pacheco, o Mingote, The Shine, Sensible Soccers, e tantos outros que estão presentes e que merecem estar. Eles representam muito do talento que encontramos por cá e que queremos ter sempre.”

Peggy Gou, Amelie Lens e Chet Faker (DJ set) são as cabeças de um cartaz que inclui “artistas que actuam em clubes e festivais por todo o mundo”, continuou Gustavo Pereira, também responsável por um outro festival de música electrónica, o Neopop, em Viana do Castelo. O programador é incapaz de se conter no número de nomes a destacar do alinhamento, no qual se encontram sonoridades que “vão desde o amapiano ao disco, o electro, o techno, o drum n' bass e o jungle”. Folamour, Max Cooper, I Hate Models (que preparou um espectáculo audiovisual “exclusivo para o Sónar Lisboa”), James Holden (“estreia do novo concerto”), VTSS, Kink, Scream B2B Mala, WhoMadeWho, Acid Pauli, Patrick Mason, Lady Shaka, Major League DJz… São quatro palcos para três dias, com a programação de sexta-feira e de sábado a estender-se até às seis da manhã seguinte. No dia final, um domingo, a música vai ouvir-se até às duas da manhã de segunda-feira.

I Hate Models
DRI Hate Models

Três dos quatro palcos ficam no complexo do Pavilhão Carlos Lopes, dentro e fora do edifício. O quarto fica na nave da Estufa Fria, ou seja, a menos de dez minutos a pé. É uma diferença substancial para a edição de estreia em Lisboa, no ano passado, quando o festival se espraiava pela cidade, entre o Coliseu dos Recreios, o Pavilhão Carlos Lopes, o Centro de Congressos de Lisboa e o Hub Criativo do Beato. “Esta nova configuração permite-nos optimizar e melhorar a experiência para o público, de forma a colocar os palcos a curtas distâncias entre si e conferir uma maior dinâmica ao evento, e a possibilidade de o público circular e ter oportunidade de ver mais espectáculos”, sublinhou Gustavo Pereira. Já Palau o tinha dito assim: “Queremos fazer um evento interessante, confortável e agradável”.

Ultrapassar as fronteiras da arte

O Sónar+D, o programa do festival que “explora a criatividade como força motriz para a mudança do século XXI”, vai por isso deixar o Beato e instalar-se na Estufa Fria. Nos três jardins do espaço – a estufa fria, a estufa quente e a estufa doce – vai ficar a exposição “Sediment Nodes”, peça central da programação desenhada pela curadora Joana Seguro. “É uma instalação de mundos paralelos, entre o digital e o espaço natural da Estufa Fria”, adiantou Patrícia Craveiro Lopes, responsável pelo Sónar+D em Lisboa. “A ideia é criarmos uma experiência audiovisual imersiva que explora a forma como a tecnologia e a inteligência artificial podem expandir a nossa percepção do mundo, as chamadas realidades naturais aumentadas. Este trabalho aborda os diferentes aspectos da ampliação sensorial como parte da cultura da música electrónica”, continuou. Os autores são o artista generativo Feileacan McCormick e a artista neural Sofia Crespo, que estão a estrear este trabalho em Portugal. A compositora Clothilde complementa a instalação “com uma resposta musical à imagem”. “Uma banda sonora que, de alguma forma, unifica o espaço e cria uma viagem única, acessível a todos durante os três dias do festival”, observou Patrícia Craveiro Lopes.

Na nave da Estufa Fria, CLON e Ana Quiroga vão apresentar META AV, “uma viagem audiovisual imersiva a mundos futuros e desconhecidos, realizada como a simulação de um jogo”, antecipou a programadora. “Com banda sonora ao vivo, inspirada por narrativas de ficção científica e estética cyberpunk, o espectáculo convida o público a explorar cenário ficcionais.” Será logo no primeiro dia. No segundo, terá lugar I Choose Not To Die, de GLOR1A, uma artista britânica que cujo trabalho passa por desafiar a subrepresentação das mulheres negras na ficção científica e no mito. Ambos os espectáculos estão agendados para as 19.30 e duram até às 21.00, hora de encerramento para o Sónar+D. A instalação principal pode ser vista a partir das 14.00. É preciso tempo para aquilo a que esta programação se propõe. Palavra final a Patrícia Craveiro Lopes: “Actualmente as ideias, linguagens e ferramentas que emergem das comunidades criativas têm impactos profundos que ultrapassam as fronteiras da arte, ajudando de alguma forma a traçar o futuro. E é isso que nós pretendemos fazer.”

A programação completa pode ser consultada aqui.

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