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The House of Hope and Dreams: nasceu um abrigo criativo para chefs, artistas e fazedores

Escrito por
Francisca Dias Real
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Há um novo abrigo criativo na Ajuda para chefs, artistas e fazedores. Além do espaço de cowork, vai receber workshops e pop ups de restaurantes.

Aquela máxima de que os sonhos se podem tornar realidade não é só mais uma balela do lote frases feitas desta vida. Gonçalo Castel-Branco é prova disso e os seus projectos ajudam a alimentar a esperança de que, afinal, tudo é possível (ou vá, quase tudo). A recém-nascida The House of Hope and Dreams é o embrião mais recente de Gonçalo, que transformou uma antiga serralharia na Ajuda num abrigo criativo para chefs, artistas e fazedores – e com um calendário de eventos para todos. Responsável por projectos como o The Presidential, o comboio presidencial de 1890 que percorre a linha do Douro com chefs de topo a cozinhar durante a viagem, ou o festival Chefs on Fire, que junta cozinheiros conhecidos à volta da fogueira, num dia onde também não falta música, Gonçalo tem uma casa nova que se abre a pessoas que tenham ideias e as queiram pôr em prática e que só precisem de um empurrãozinho e de um lugar para o fazer.

The House of Hope and Dreams
©Duarte Drago

“Este espaço é um espaço acidental”, conta-nos. “Estávamos à procura de escritório em Lisboa, porque até há seis meses estávamos a trabalhar na minha sala de jantar com as minhas filhas e gatos, e tropeçámos nesta serralharia antiga”. Problema? Tinha 600 metros quadrados a mais do aquilo que precisavam. “Não podíamos ignorar tanto espaço, por isso decidimos agarrar no resto para outras pessoas como nós também terem um espaço de trabalho.”

Com um grande pé direito – como dantes ditavam os armazéns daquela envergadura – a House of Hopes and Dreams mantém-se ampla, mesmo depois da intervenção. Aquele aspecto industrial e quase inacabado está bem visível no chão, todo em betão, e nas próprias paredes, algumas delas marteladas – de uma até as tubagens saltam à vista, pintadas da mesma cor das cortinas. São essas longas cortinas, em veludo, que dividem as três vertentes da casa: o espaço de trabalho, o lounge para eventos e a cozinha.

Antes de chegarem aqui, Gonçalo e a equipa passaram por vários coworks que, diz-nos, “funcionam em teoria, mas na prática as sinergias e troca de ideias perdem-se completamente”. É pela “falta de curadoria de quem trabalha nos coworks”, refere, que não existe essa entreajuda, uma vez que quem por lá trabalha, pouco se relaciona nas áreas de actividade alheias. “Uma das regras aqui é que tens de estar disponível para dar o teu input e ajudar a pessoa ao teu lado o melhor que souberes”, explica. O espaço de cowork da The House of Hope and Dreams é completamente gratuito e pode ser usado entre períodos de três semanas a três meses, mas para entrar é preciso passar por um processo de selecção que pede “gente colaborativa, community-driven, ou seja, que pensem além do espaço delas e contribuam para a comunidade.”

“Quero ajudar pessoas que tenham projectos bonitos e ajudar a encaixá-los no mercado. Quero dar não só o espaço, mas também todo o ambiente que se gera à volta dele e o nosso mentorship”, continua Gonçalo. Por lá constam já projectos como o I Was Told There Would Be Cake, cuja máxima é “Bolos. Sem bullshit”; ou o Kitchenette, uma montra para novas marcas de comida.

O lounge, logo ao lado, é completamente mutável e ajustável ao evento em questão – pode ser alugado para lançamentos de marcas, conversas, exposições, concertos ou workshops, não há limites. “É aqui que assenta a sustentabilidade do projecto. Não queremos fazer muitos eventos, apenas os suficientes para sustentar o espaço e podermos continuar”.

The House of Hope and Dreams

©Duarte Drago

E, ao fundo da serralharia, está a zona de refeições com uma longa mesa e uma cozinha bem apetrechada. Por lá vão surgir pop-ups gastronómicos – ou não fosse Gonçalo uma pessoa ligada a estas lides –, já com vários chefs na calha. Rui Santos, o chef residente, lidera um lunch club privado, mas na agenda está já marcada a celebração do 3.º aniversário do restaurante portuense Euskalduna, de Vasco Coelho Santos, umas das mesas dos país onde é mais difícil arranjar lugar. É em Dezembro, mas mais virão.

Para o futuro: o calendário de eventos vai engordando, mas para já está previsto um workshop de fotografia de comida com Maria Midões, fotógrafa portuguesa a viver e trabalhar em Brooklyn; e outro a cargo do arqueólogo Pedro Cura, que ensina técnicas ligadas às formas de comer e utensílios do Neolítico. Até 8 de Setembro há ainda uma exposição com retratos da primeira edição do Chefs on Fire, que serão leiloadas (o valor angariado será doado aos Bombeiros do Estoril). A 2.ª edição deste festival acontece a 14 de Setembro, mês em que o The Presidential fará também outra viagem. Para 2020, está planeada uma festa do pijama na noite dos Óscares e outra para celebrar o Super Bowl.

A última edição do The Presidential também será no próximo ano, mas sobre carris está outro sonho que tem vindo a ganhar forma – o The Vintage, um comboio-hotel, “muito semelhante ao Expresso do Oriente”, com sete carruagens e suítes para 20 pessoas. “É um dos projectos de luxo mais arrojados que o país já viu”, garante.

Rua Alexandre de Sá Pinto, 109 (Ajuda). www.thehouseofhopeanddreams.com

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