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“Todos vivemos uma humanidade partilhada”. Saiba como ajudar mulheres afegãs em Portugal

A associação Corações Com Coroa aproveitou a passagem por Lisboa da activista afegã Zarifa Ghafari para dar mais visibilidade a crianças e mulheres refugiadas.

Renata Lima Lobo
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Renata Lima Lobo
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Esta quarta-feira, a sede da associação Corações Com Coroa recebeu Zarifa Ghafari, activista afegã actualmente refugiada na Alemanha, que passou por Lisboa a convite da Women in Tech, para participar na Leadership Summit, no Casino Estoril. O evento da Corações Com Coroa teve por objectivo reforçar a visibilidade de crianças e mulheres refugiadas do Afeganistão, após a tomada do país pelas forças talibãs. Catarina Furtado, presidente da associação e embaixadora do UNFPA (Fundo das Nações Unidas para a População), foi a anfitriã.

Aos 27 anos, Zarifa Ghafari viu-se obrigada a abandonar o seu país. A mulher que foi a primeira presidente de Câmara Municipal do Afeganistão, em Maidan Shar, localidade a 50km de Cabul, saiu do Afeganistão a 15 de Agosto com a mãe e irmãos, após a tomada de Cabul pelos talibãs, que assassinaram o seu pai e a ameaçaram de morte. Com ela, conta, levou apenas alguns bens essenciais e um punhado de areia que um dia espera voltar a devolver à sua terra. Zarifa é uma das muitas mulheres afegãs que temem pela sua vida, mulheres activistas, militares, jornalistas e tantas outras que estão a ser ameaçadas, conta Zarifa, e têm urgência em serem resgatadas do país e encontrarem, pelo menos para já, alguma paz longe de casa.

“Todos vivemos uma humanidade partilhada e, nesse sentido, não podemos, não devemos fingir que não nos chega a informação certa e suficiente. E que não temos nada a ver com o que se passa no outro lado do mundo, porque achamos que não podemos fazer nada. Porque podemos”, defende Catarina Furtado, para quem “os direitos humanos são todos os dias violados e não estão nunca garantidos.”

Zarifa Ghafari
©Pedro Araújo PinaZarifa Ghafari e Catarina Furtado

A Corações Com Coroa, reforçando a sua missão de desenvolver projectos dedicados ao empoderamento de raparigas e mulheres, juntou forças com a Cruz Vermelha Portuguesa para criar um fundo chamado Juntos Acolhemos e destinado a apoiar mulheres e crianças refugiadas. “50% da verba deste fundo será utilizada com mulheres e crianças de diferentes países e que estão em Portugal. E os outros 50% serão exclusivamente para mulheres e crianças afegãs”, explica a apresentadora.

Zafira conta que durante a queda de Cabul se encontrava na cidade onde então trabalhava para o Ministério da Defesa. Durante cerca de dois dias ficou em estado de choque, até que tomou a decisão final de abandonar o Afeganistão, principalmente para garantir a segurança da sua família. “Estou a viver um pesadelo”, desabafa a mulher que também deixa um alerta: “o que acontece a uma mulher pode acontecer a todas”. Zafira, que confessa ainda ter pesadelos, revela não ter medo dos talibãs e desafia-os a sentarem-se a conversar. “Se têm coragem para lhes bater, têm de ter coragem para falar com as mulheres”.

Mesmo longe, todas as comunidades do mundo podem ajudar. A partir de Portugal, é possível fazê-lo através do fundo Juntos Acolhemos até 31 de Dezembro. As instruções para os donativos podem ser encontradas no site oficial da Corações Com Coroa. “Este fundo irá colmatar com rapidez e eficácia necessidades específicas no âmbito da educação e saúde das mulheres e das crianças que se encontram em programas de acolhimento aqui no nosso país. São necessidades que não estão abrangidas pelos critérios estipulados nos habituais programas de recolocação de refugiados. Como por exemplo, cuidados de saúde especializados, apoio à integração no mercado de trabalho, literacia institucional, reforço da aprendizagem da língua portuguesa e apoio no acesso ao ensino superior”, explica Catarina Furtado.

Espreite também a petição lançada no site oficial de Zarifa que pede à União Europeia e comunidade internacional que garantam a protecção dos direitos humanos básicos de todas as mulheres no Afeganistão.

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