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Ozark
Photograph: Netflix

Um casamento depois de muitos funerais: “Ozark” vira-se para dentro

Hugo Torres
Escrito por
Hugo Torres
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À terceira temporada, Ozark mostra como o plano para lavar narcodólares através de um casino flutuante redefine a família Byrde. O poder feminino vai impor-se nos dez episódios que chegam nesta sexta-feira à Netflix.

Jason Bateman tem os fãs de Breaking Bad pelo beicinho. O actor, produtor executivo e realizador ocasional de Ozark conseguiu montar um universo de pesadelo para uma família de classe média, forçada a lavar dinheiro aos milhões e milhões de dólares, só para se manter à tona. Sobreviver. Não ser degolada nem desfeita em ácido pelos operacionais do “segundo maior cartel do México”. Uma família obrigada a mudar-se do conforto de Chicago para a costa de um vasto lago artificial no Missouri, os Ozarks, onde rednecks e hillbillies estão longe de ser cordeirinhos bem mandados, mesmo se o termo de comparação são os implacáveis narcotraficantes do outro lado da fronteira.

As duas primeiras temporadas foram de construção: como é que um torturado e nada confrontacional pai de família, habituado a cometer crimes financeiros através do rato do computador, seria capaz de manobrar a contabilidade de pequenos negócios sazonais na América rural de modo a fazer deles fábricas de branqueamento de capitais? Fazendo as contas, testemunhando acontecimentos traumáticos suficientes para muitas vidas, e encontrando um ovo de Colombo. O enigma resolveu-se unindo traficantes mexicanos e locais, os inefáveis Snell, e construindo um casino flutuante. O jogo é a mais perfeita das actividades para lavar dinheiro. Muito dinheiro. Portanto, caso resolvido. O que há mais para contar?

Os efeitos do dinheiro. Os 3% que a família Byrde recolhe de toda a operação. A acumulação de capital é o mais viciante de todos os actos de coleccionismo, e para Marty e Wendy (Jason Bateman e Laura Linney) não será diferente. Ele quer manter o status quo, ela quer expandir o negócio (e tem o apoio do cartel). A luta pelo poder passa de fora para dentro da família – onde Ruth Langmore (Julia Garner, vencedora de um Emmy para melhor actriz secundária numa série dramática, deixando de mãos vazias quatro actrizes nomeadas por A Guerra dos Tronos), cada vez mais relevante no esquema, quer estar. Quem entra mesmo no lar dos Byrde é o irmão de Wendy, que se intuía sofrer de problemas psiquiátricos, e vem contribuir para a desestabilização. Narcodólares? Façamos um intervalo para assistir às cenas deste casamento.

“A terceira temporada é sobre o que nos mantém em segurança, se é escondermo-nos ou continuar ao ataque”, disse o argumentista e produtor executivo Chris Mundy, em Abril passado, numa sessão de charme para os Emmys (bem sucedida: além do prémio para Garner, também Bateman ganhou um Emmy para melhor realizador de uma série dramática, pelo episódio de abertura da segunda temporada). “Entre a primeira e a segunda temporada, deixamos muito enredo por resolver, o que intencionalmente não fizemos para a terceira. Esta será mais emotiva, interior. Contamos tudo através do casamento. Estamos completamente focados no casamento.” O convite está feito: espreitemos pela fechadura.

Netflix. Sex (estreia T3).

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