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“Uma Visão Diferente”: a televisão precisa destas mulheres

Cláudia Lima Carvalho
Escrito por
Cláudia Lima Carvalho
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Diz-se que de Espanha nem bons ventos, nem bons casamentos, mas garantimos que vale a pena abrir os olhos para o país vizinho. A televisão espanhola nunca esteve melhor.

Teve uma estreia discreta, mas conta coisas que é importante mostrar numa televisão pública, escrevia o El País em Abril do ano passado quando Uma Visão Diferente (La Otra Mirada, no original) passava na La 1, o equivalente à RTP1 em Espanha. Um ano depois, aconteceu praticamente a mesma coisa por cá. E por isso, a RTP2 volta a apostar nesta produção espanhola: depois de ter estreado a série em Fevereiro, o canal volta a passar os 13 episódios desta série de época passada em Sevilha na década de 1920.

O movimento #MeToo abanou a internet e mudou (um bocadinho) o mundo em 2017, mas a luta pela igualdade de direitos entre homens e mulheres tem barbas. Apesar de ficção, Uma Visão Diferente mostra-se como uma lição sobre feminismo. Uma série de época que se mantém actual. E não falamos apenas do enredo, mas também do facto de a produção ser toda ela protagonizada por mulheres, muitas ainda em início de carreira.

No início de tudo está um crime, o homicídio do embaixador espanhol em Lisboa. Teresa (Patricia López Arnaiz) parece estar envolvida, mas foge para Sevilha atrás de um nome que estará ligado ao caso: Roberta Luna, aluna da academia para raparigas da cidade. Para conseguir mais informações sobre a rapariga, Teresa engendra um plano para se infiltrar no colégio, onde acaba por conseguir um lugar como professora.

Uma vez lá dentro, o crime parece ficar para segundo plano, ao mesmo tempo que a mulher, moderna e progressista, decide lutar por mudar a mentalidade daquelas raparigas, sempre iguais e ensinadas até então a não questionar o seu lugar. Em vez de educar as suas alunas para serem boas esposas, Teresa ensina-lhes o poder da liberdade de expressão, da sexualidade e do amor. E do poder de decisão.

Mas não vai ser uma luta fácil. Se por usar calças e fumar, Teresa já incomodava alunas e professoras, a situação piora quando as ideias se começam a espalhar e a ganhar força.

Apesar da aposta feminina, Uma Visão Diferente saiu da cabeça de dois homens, Josep Cister Rubio e Jaime Vaca. Se Rubio não tem ainda muitas provas dadas, Vaca conta com uma carreira reconhecida em Espanha na área da televisão, tendo sido o argumentista principal da série juvenil Físico-Química, um dos maiores sucessos recentes da TV espanhola e que chegou a passar na Sic Radical. Os anos 20 também não lhe são uma época estranha, ou não fosse Jaime Vaca um dos argumentistas da série da Netflix As Telefonistas (Las Chicas del Cable no original).

À semelhança desta última série, Uma Visão Diferente também teve um bom investimento, embora os valores não sejam conhecidos, com Espanha a destacar-se na produção televisiva. São cada vez mais os títulos espanhóis a ganharem espaço na programação internacional e ainda nem mencionámos o maior fenómeno de todos, La Casa de Papel, que começou por ser uma produção para o canal espanhol privado Antena 3 e que explodiu quando meses mais tarde chegou à Netflix, que assinou mesmo um contrato de exclusividade com o criador Álex Pina.

RTP2. Sáb 20.15 (estreia)

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