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O Mecanismo não é a história de uma investigação policial, é a história do Brasil. E é por isso que incomoda. A segunda temporada chega esta esta sexta-feira.
Não passou assim tanto tempo para nos termos esquecido: ao mesmo tempo que a Operação Lava-Jato apanhava os primeiros grandes nomes do maior esquema de corrupção do Brasil, na arena política começavam as negociações de bastidores que levariam ao impeachment de Dilma Roussef. E é neste cenário que arrancam os novos episódios de O Mecanismo, a série brasileira de José Padilha (Tropa de Elite, Narcos).
Mas se a primeira temporada, que se estreou no ano passado, gerou ondas de indignação e pedidos de boicote no Brasil, com Dilma e Lula da Silva a encabeçar os protestos, esta segunda leva de episódios promete continuar a agitar a opinião pública.
Ainda sem se ter estreado, já há quem aponte o dedo a Padilha e à Netflix por causa da música do novo genérico, “Reunião de Bacana”, do grupo Os Originais do Samba, aqui interpretado por Antonio Pinto. “Se gritar pega ladrão/Não fica um, meu irmão/Se gritar pega ladrão/”, ouve-se ao mesmo tempo que passam imagens de políticos, empresários e empreiteiros, com os olhos pixelizados mas que ainda assim permitem a identificação – só o ex-presidente Michel Temer aparece de olhos visíveis.
E assim Padilha mostra ao que vai. Estamos em 2014 e a equipa de Verena (Caroline Abras) deteve já 12 dos 13 maiores empreiteiros do Brasil. Falta o poderoso Ricardo Brecht, mas a investigação continua e, apesar de já não estar ligado à polícia, Rufo (Selton Mello) não descansa enquanto não puser fim a este mecanismo que continua a contaminar a história do Brasil. À semelhança, da primeira temporada.
Netflix. Sex (estreia T2).