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Fernando Marques

A Serenada: vinhos e descanso

Ficar n’A Serenada, enoturismo na Serra de Grândola, é uma terapia sonora. Melhora-se a audição, aprende-se sobre vinho e chamam-se nomes às cidades e ao seu frenesim.

Escrito por
Miguel Branco
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A Serenada é um mimo. A sério. Quer dizer não um mimo de profissão, mas um miminho em plena Serra de Grandôla, aquele género de lugar que costumamos dizer situar-se "no meio do nada". Mas há rede wi-fi, uma vista maravilhosa, passeios pedestres para fazer pela herdade, vinho do bom. E aqui chegamos ao ponto fulcral, vir para A Serenada é passar o fim-de-semana a beber vinho feito aqui, cujas vinhas podemos tocar. A piscina é o outro ponto central da unidade: dá para dar umas braçadas e é daquelas que se perdem sobre o infinito, sabe? Tudo o que se quer. 

Chegar tarde e tarde beber. O dito popular que nos perdoe, mas há motivos de força maior que determinam a sua subversão. É que sair de Lisboa a uma sexta-feira à hora de jantar já se sabe que não vai ser o mais rápido dos eventos. Mas lá saímos e lá chegámos. Depois de uma sequência de estradas secundárias, damos com A Serenada, unidade de enoturismo situada nas Sobreiras Altas, Serra de Grândola, onde nos recebem com uma garrafa feita nas vinhas que envolvem a casa com seis quartos. Melhor não podíamos pedir, sobretudo quando nos dizem: “Estão à vontade, se quiserem continuar a meter lenha, façam favor”. E aí quase pensamos que isto é tudo nosso. 

Mas não é. É de Jacinta Sobral da Silva, enóloga que concretizou o sonho do pai, que em 1961 plantou a primeira vinha, que viria a dar origem a esta região vinícola chamada Serras de Grândola, inscrita na Península de Setúbal. E embora não sejamos peritos em vinhos, a verdade é que o Serras de Grândola (marca associada à produção feita n’A Serenada) tem prémios internacionais e na semana em que aqui passámos tinham acabado de ser premiados com a medalha de ouro na entrega de prémios da CVRSP (Comissão Vitivinícola Regional da Península de Setúbal) para o vinho Cepas Cinquentenárias Branco de 2016. Portanto, não somos só nós a dizer que este vinho é de qualidade, há gente entendida que o faz. 

 

Ricardo Palma Veiga

Na manhã seguinte, uma garrafa depois, abrimos as cortinas para ver o que a noite anterior não havia permitido. Ficámos num quarto panorâmico, com vista para a piscina e para a Serra de Grândola, de onde também se pode adivinhar a silhueta da Arrábida e a baía de Setúbal. A Serenada tem aquele ambiente de paredes brancas alentejano, uma acalmia em forma de turismo rural, pura descontração, uma espécie de termas sonoras, dado o silêncio constante. 

A terapia é vagamente interrompida pelo som das loiças no pequeno-almoço, que por sinal é simpático o suficiente para já só querermos almoçar a horas de lanchar. Compotas e iogurtes caseiros, um belo fornecedor de pão, ovos mexidos feitos ao momento, presunto do bom – a fazermos alguma sugestão seria introduzirem o vinho logo ali, embora pudesse ser problemático para aproveitar o resto do dia. 

De barriga cheia, decidimos seguir uma das sugestões da casa, um trilho indicado por placas de madeira em torno das vinhas. São 2,5 km de terreno acidentado e inclinado, mas que se fazem sempre na companhia do melhor guia, o Max, cão d’A Serenada que pelos vistos nunca abdica de acompanhar os hóspedes. 

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Para a noite, o melhor, um jantar vínico onde provámos quase todos os vinhos de Jacinta: Cepas Cinquentenárias branco e tinto; Branco Verdelho, Gouveio e Arinto; Edição Especial tinto e branco; Touriga Nacional tinto monocasta. Ora, depois disto e de umas migas com espargos feitas com carinho, mais uma tábua de enchidos – e não, nenhum dos vinhos acabou na cuspideira – o caminho para o quarto, dois lances de escadas, fica difícil de cumprir. Max, bem que podias dar uma ajuda.

 

Como chegar

Na A2, tome a saída 9 para IP8/Sines/N259/Grândola e apanhe a estrada nacional 261-1 em direcção à Comporta. Depois, fique atento às placas para Sobreiras Altas.

Preços

Quarto duplo a partir de 115€ 

 

 

Para comer:

Pode optar por comer n’A Serenada. Ainda que não tenha um restaurante aberto para clientes, a unidade hoteleira serve jantares para hóspedes, que tem de marcar no dia anterior  (22€/pessoa) e refeições ligeiras das 12.00 às 18.00. Mas em Grândola, cidade mais perto d’A Serenada, há restaurantes a experimentar: A Espiga é um restaurante tipicamente alentejano, com um quintal e mesas corridas sempre cheias em dias quentes. As migas de espargos e o arroz (quer de lingueirão, quer de amêijoa) merecem a sua visita (Rua Doutor José Pereira Barradas, 4, 96 116 4930)Também A Talha do Azeite é um dos restaurantes a não perder na Vila Morena. Onde antes havia um lagar de azeite há agora um restaurante com pratos da terra, as açordas são para provar obrigatoriamente. Tal como a sericaia (Rua Dom Nuno Álvares Pereira, 269 086 942)

 

 

Para fazer:

Bom, para começar, faça como nós e percorra os trilhos d’A Serenada, onde vai poder ver as vinhas (nova e velha) ao detalhe. Mas perto, há mais: a Praia da Aberta Nova fica a 20 minutos de carro pela Nacional 261-1; e o Cais Palifítico da Carrasqueira, inscrito na Reserva Natural do Estuário do Sado, que é uma estrutura de madeira erguida nos anos 60 que serve de embarcadouro aos pescadores locais. Ao pôr-do-sol é um local deslumbrante, entre o decadente e o natural. 

 

Planos de fuga

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Ovar

Em Ovar o Carnaval é uma espécie de Queimas das Fitas em ácidos. Muito além dos tradicionais desfiles de máscaras, dos cortejos sénior e infantil, é no Espaço Folião que a festa verdadeiramente acontece. Espectáculos de Samba, Pagode, Axê, Dj Sets até de madrugada, Nelson Freitas e Quim Barreiros são algumas das propostas musicais que animam a semana mais louca da cidade. O rei do Carnaval já foi apresentado a 16 de Fevereiro e promete voltar no dia 1 de Março aquando da abertura oficial das festas e depois outra vez durante os Grandes Corsos Carnavalescos de 3 e 5 de Março, aos quais se juntam na Avenida Sá Carneiro dois mil figurantes, 14 grupos de foliões e respectivos carros alegóricos. Embora haja muita coisa a acontecer na rua, este é um Carnaval organizado e mais ou menos à porta fechada, o que implica a compra de bilhetes para cada uma das actividades do programa. O desfile nocturno das escolas de Samba e o baile de máscaras ficam por 5€; um lugar de bancada para o Grande Corso de domingo por 13€ e a pulseira de acesso livre ao Espaço Folião por 10€.

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Funchal

Pensar no Carnaval da Madeira é ter imediatamente na cabeça a imagem de Alberto João Jardim de fraque de lantejoulas púrpuras e verdes a tocar tambor no meio da multidão. O antigo presidente do governo regional da Madeira já não preside às festas mas a festa continua com a euforia do costume. Ele é carros alegóricos, escolas de samba, porta-bandeiras, arruadas, bailes de máscaras e actividades tradicionais que recriam os antigos assaltos em que grupos de mascarados entravam pela casa dos amigos à espera de comida e bebida para dar início à noite. No fundo é uma espécie de Páscoa na aldeia sem a vertente religiosa. A 5 de Março, dia de Carnaval, o cortejo tem um carácter universal e está aberto a quem se quiser juntar desde que devidamente vestido a rigor. Na escolha do disfarce vale tudo, o importante é participar. Por ser tipicamente uma festa de rua, as actividades relacionadas com o Carnaval do Funchal são de acesso gratuito. Começam oficialmente dia 1 de Março e prolongam-se até ao fogo de artifício de encerramento no dia 10.

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  • Grande Lisboa

À excepção do clima radicalmente diferente, o Carnaval de Torres (Vedras) não fica nada atrás do do país irmão em qualidade ou empenho. Tal é que mesmo sendo uma efeméride com data marcada no calendário, em Torres o Carnaval acontece quando tem de ser e este ano decidiu-se que seria a 9 de Fevereiro com a inauguração de uma estátua em homenagem... ora adivinhe!... isso mesmo, ao Carnaval. Festa rija só mesmo a partir de 1 de Março, dia dos primeiros desfiles e bailes de máscaras, da entronização dos reis e do primeiro bailarico. Depois a partir daí e até dia 6 o disco vai girando e tocando mais ou menos o mesmo – com o hino oficial, o Samba da Matrafona, em loop infinito. A parte boa da festa acontece na rua mas para ter acesso ao recinto dos corsos o bilhete geral fica por 12€ e o passe diário por 6€.

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Sesimbra

O Carnaval de Sesimbra está para Portugal como a Marquês de Sapucaí para o Brasil. Desde Janeiro que as escolas de samba e axê andam na rua a acertar os passos para o grande dia, o que faz com que seja perfeitamente normal a pessoa ir na sua vida de todos os dias e dar de cara com meia dúzia de bailarinas com penas na cabeça bamboleando- -se a um ritmo frenético e alheias aquempassa. É só no dia 5 de Março que tomam conta da Avenida 25 de Abril mas até lá tem de estar tudo bem ensaiado e o material bem testado. O Carnaval em Sesimbra é sagrado e quem não fizer parte do grupo de foliões que troca o disfarce todos os dias (nem que seja só para ir ao café) está fora do jogo. Então e se chover? Não muda nada. O frio é um estado de espírito e não há memória de alguma vez ter impedido uma festa de acontecer. A diferença é que em Sesimbra, faça chuva ou faça sol, as ruas enchem-se de gente, muita vinda de fora, a dizer adeus, a mandar beijinhos e a tentar segurar os miúdos para não os perder entre os ursos e as Elsas e os piratas, e é bonito de ver. Mas para perceber o espírito terá de se juntar à festa e partilhar da euforia geral, condição que apenas exige que se divirta como se não houvesse amanhã, até de manhã e durante uma semana seguida. Parece fácil. Não é. Mas vale a pena tentar.

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Odeia o Carnaval?

Calma. Se para si o Carnaval só funciona lá longe a uma distância de segurança que garante a ausência de balões, confétis, serpentinas e foliões, a nossa sugestão é que se afaste o mais possível das cidades costeiras e que fuja para o interior do país. E já que é para ser, suba até à Serra da Estrela e dirija-se à Casa das Penhas Douradas Hotel Design & Spa. A 1200 metros de altitude é pouco provável que tenha de se cruzar com a euforia do Entrudo, mais não seja porque a neve não oferece grandes condições para festas ao ar livre. Aproveite a piscina interior panorâmica, as mantas de burel queaquecemassalaseosquartos,o lanchinho que todos os dias é servido na sala de jantar e a lareira que se acende ao fim do dia para acompanhar um copo de vinho ou um gin. Para jantar não tem de se mexer, basta dirigir-se à recepção, consultar a ementa do dia e escolher uma das modalidades de menu de autor desenhadas pelo chef Luís Baena.

 

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