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A escadaria que faltava na Infante Santo

Renata Lima Lobo
Escrito por
Renata Lima Lobo
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O novo trabalho do artista urbano Add Fuel é inaugurado esta quarta-feira na Avenida Infante Santo. E veio para ficar.

Em 1959, a Câmara Municipal de Lisboa instalou em quatro escadarias da Avenida Infante Santo painéis de azulejos de Maria Keil, Alice Jorge e Júlio Pomar, Rolando Sá Nogueira e de Carlos Botelho. Em 1994 chega o painel cerâmico de Eduardo Nery, encomendado para Lisboa Capital Europeia da Cultura. Mas há cinco escadarias da avenida e faltava decorar a que dá acesso à Rua Joaquim Casimiro. E havia uma escolha artística mais ou menos óbvia. Desta vez o convite partiu da Junta de Freguesia da Estrela e chegou ao ilustrador e artista urbano Add Fuel (Diogo Machado), conhecido por reinterpretar o design tradicional dos azulejos portugueses.

Mas antes de este painel se transformar num verdadeiro painel de cerâmica, a ideia inicial passou por ser uma pintura. “Houve aqui uma evolução de situações. No início era para ser uma pintura e depois começámos a pensar numa coisa mais permanente. E porque não fechar a rota de cerâmica naquela avenida?”, conta Diogo Machado. “E tudo ganhou uma dimensão maior do que aquilo que estava à espera”.

Num painel de 200m2, ele vai homenagear os artistas da azulejaria de padrão e aos restantes trabalhos da Infante Santo. "Concretamente para este projecto o tributo será feito aos artistas em si e aos seus trabalhos presentes na Avenida Infante Santo. Algo ao estilo do culminar de várias décadas da presença azulejar naquele espaço. Embora eu tenha vindo a desenvolver um trabalho que visa chamar a atenção para a nossa cultura e herança artística, é importante para mim esta questão de como podemos olhar para o nosso passado e o podemos transpor, traduzir numa linguagem contemporânea, actual e acessível", explicou à Time Out Lisboa, não escondendo que é "extremamente gratificante poder deixar um pouco do meu trabalho como uma obra permanente numa das principais avenidas de Lisboa". Este painel torna-se assim num “projecto de validação” para o artista que afirma que este novo projecto “é uma ponte entre o trabalho contemporâneo que desenvolve e a cerâmica que já existe no local”.

A iniciativa junta em parceria a Mistaker Maker, Museu do Azulejo, a Revigres, a Freguesia da Estrela e, claro, Diogo Machado.

"O azulejo é inegavelmente um elemento identitário português, pela sua história, pelo ofício, pela tradição que encerra em si. Creio que somente este aspecto é suficientemente interessante, importante e inspirador para que os artistas de todas as gerações, se debrucem sobre ele", conta Lara Seixo Rodrigues, da Mistaker Maker, plataforma co-produtora e responsável pela curadoria do projeto. "Creio que estas novas formas de aplicação, trabalho ou produção do azulejo se podem encarar como o dar uma nova vida ao azulejo". 

A inauguração está marcada para esta quarta-feira às 18.00.

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