Em Belém, foi erguido no início de 2020 um memorial em azulejo projectado pela Galeria Ratton a partir de um projecto da artista plástica Menez (nome artístico de Maria Inês da Silva Carmona, 1926-1995) com poemas de Sophia de Mello Breyner no exterior. Um casamento artístico que ao mesmo tempo recorda a amizade entre a poeta (Sophia não gostava da palavra poetisa) e a pintora e um encontro entre a imagem e a poesia que não é coisa inédita no passado da galeria. O memorial chama-se Espaço Entre a Palavra e a Cor e, mais do que uma homenagem, pretende-se que a obra em azulejo com poemas de Sophia (seleccionados pela filha Maria Andresen de Sousa Tavares), e imagens de Menez seja igualmente um espaço de cultura, no centro de duas meias luas separadas por 16 metros.
Fotografia: Inês Félix
A ligação de Menez à Galeria Ratton remonta aos anos 80: foi uma dos artistas (a par de Lourdes Castro, João Vieira, Bartolomeu Cid dos Santos e Paula Rego) que participaram na exposição inaugural da galeria em 1987, chamada “Azulejos para a arquitectura”. Nessa altura, pretendia-se voltar a olhar para o azulejo como veículo de expressão artística, como tinha acontecido no século XVIII, missão que a Ratton tem cumprido até hoje. Uma das intervenções de referência no espaço urbano com assinatura de Menez e produção da Galeria Ratton é “Dança” (1990), um painel na Rua Marcos Portugal. Mais conhecida é a série de personagens e episódios de vida do Marquês pintadas a azul sobre fundo de azulejos brancos (1995) na Estação do Marquês de Pombal.