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Fotografia: Inês FélixEspaço Entre a Palavra e a Cor

Memorial em azulejo faz homenagem a Sophia de Mello Breyner

Em Belém, foi erguida uma homenagem em azulejo a Sophia de Mello Breyner, poeta, e Menez, artista plástica. Um memorial à espera do futuro.

Renata Lima Lobo
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Renata Lima Lobo
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Sophia de Mello Breyner Andresen nasceu no Porto em 1919. E no ano passado o país desdobrou-se em homenagens que comemoraram o centenário do seu nascimento, um ciclo que terminaria com a inauguração a 18 de Dezembro, em Belém, de um memorial em azulejo projectado pela Galeria Ratton a partir de um projecto da artista plástica Menez (nome artístico de Maria Inês da Silva Carmona, 1926-1995) com poemas de Sophia no exterior. Um casamento artístico que ao mesmo tempo recorda a amizade entre a poeta (Sophia não gostava da palavra poetisa) e a pintora e um encontro entre a imagem e a poesia que não é coisa inédita no passado da galeria.

Só que a depressão Elsa, seguida de um Fabien igualmente depressivo, adiaram o “cortar da fita” e ainda não há uma data fechada para abrir as hostes deste que será também um espaço de cultura (é provável que aconteça no Dia Mundial da Poesia, a 21 de Março). Mas a obra está lá, no espaço verde que separa o Terreiro das Missas da Estação Fluvial de Belém, e não há prolongamento que evite falar sobre ela.

O memorial chama-se Espaço Entre a Palavra e a Cor e, mais do que uma homenagem, pretende-se que a obra em azulejo com poemas de Sophia (seleccionados pela filha Maria Andresen de Sousa Tavares), e imagens de Menez seja igualmente um espaço de cultura, no centro de duas meias luas separadas por 16 metros. Tiago Montepegado, arquitecto e sócio da Galeria Ratton, explica que a configuração do espaço propicia o acolher de iniciativas “que ponham em confronto as artes”, da música à poesia. Ana Maria Viegas, galerista fundadora da Ratton que conheceu Sophia através de Menez, acrescenta: “Este memorial não é para ficar aqui morto, é para ser utilizado”. “Na inauguração, escolhendo uma data, que aconteça alguma coisa que possa dar o mote para o que possa acontecer lá”, explica o arquitecto que foi responsável pela expansão de um projecto de Menez feito em 1989 a convite da Ratton que nunca saiu da gaveta e que faz parte do acervo da galeria. “Era um projecto para ser integrado numa estrutura. Estava tudo pronto para produção, quando o dono da obra achou que o trabalho era bom demais para ir para ali e queria que fosse para outro local mas reduzido”, conta Tiago que ao projectar o memorial preocupou-se em “construir um diálogo entre o trabalho de Menez e os poemas”, pontuados com azulejos de Xavier Andresen Sousa Tavares, também colaborador da Ratton.

galeria ratton
Fotografia: Inês Félix

A ligação de Menez à Galeria Ratton remonta aos anos 80: foi uma dos artistas (a par de Lourdes Castro, João Vieira, Bartolomeu Cid dos Santos e Paula Rego) que participaram na exposição inaugural da galeria em 1987, chamada “Azulejos para a aquitectura”. Nessa altura, pretendia-se voltar a olhar para o azulejo como veículo de expressão artística, como tinha acontecido no século XVIII, missão que a Ratton tem cumprido até hoje. Uma das intervenções de referência no espaço urbano com assinatura de Menez e produção da Galeria Ratton é “Dança” (1990), um painel na Rua Marcos Portugal. Mais conhecida é a série de personagens e episódios de vida do Marquês pintadas a azul sobre fundo de azulejos brancos (1995) na Estação do Marquês de Pombal.

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