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Crash Bandicoot 4: It's About Time
DRCrash Bandicoot 4: It's About Time

Crash Bandicoot voltou a saltar como nos anos 90

‘Crash Bandicoot 4: It's About Time’ é a continuação directa da trilogia de Crash Bandicoot dos anos 90. Para o bem e para o mal.

Luís Filipe Rodrigues
Escrito por
Luís Filipe Rodrigues
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★★☆☆☆

Na segunda metade dos anos 90, poucas séries de plataformas eram tão populares como Crash Bandicoot. O marsupial homónimo era a mascote da PlayStation, e um concorrente directo de Mario e Sonic. No início do século XXI, porém, Crash deixou de ser exclusivo da PlayStation, saltou também para as consolas da Microsoft e da Nintendo, e a franquia começou a perder o fulgor até desaparecer completamente. Quando em 2017 a Activision remasterizou os três primeiros jogos para a PlayStation 4, em Crash Bandicoot N. Sane Trilogy, o pobre bicho não saltava há quase dez anos. Até que o sucesso dessa compilação convenceu a editora a dar uma nova chance à velha mascote. 

Crash Bandicoot 4: It's About Time, editado em Outubro, é essa nova chance. Foi desenvolvido pelos estúdios Toys For Bob da Activision, responsáveis pela compilação e remasterização das aventuras de outra antiga mascote da PlayStation, em Spyro Reignited Trilogy (2018), e parece ignorar a existência de todos os jogos de Crash Bandicoot à excepção da bem-amada trilogia original, que tenta replicar. O número quatro no título pretende reforçar essa linhagem, e é feita pelo menos uma piada sobre o assunto dentro do próprio jogo, cuja história anda à volta de viagens no tempo e dimensões alternativas.

As intenções da Toys For Bob foram as melhores. Olharam para os clássicos dos anos 90, feitos pelos estúdios Naughty Dog (hoje conhecidos por Uncharted e The Last of Us), e tentaram capturar o que os tornou tão especiais, mantendo-se fiéis ao espírito da trilogia original, ao mesmo tempo que actualizaram os gráficos e outros aspectos técnicos. O resultado é um jogo de plataformas colorido e com muito bom ar, que lembra um desenho animado por computador e cujos níveis carregam instantaneamente – o que é importante quando a maior parte do tempo é passado a morrer e a recomeçar os níveis.

No entanto, a experiência de jogo, que se resume a uma sucessão de provas de obstáculos lineares e cada vez mais difíceis, deixa muito a desejar. Apesar da aparência pueril e inofensiva, já na década de 90 a morte e a frustração eram constantes nas aventuras de Crash Bandicoot. Na altura, estes picos de dificuldade e momentos de frustração eram normais e bem aceites. Hoje são apenas... frustrantes. E anacrónicos. O problema nem é tanto a dificuldade e o facto de se estar constantemente a morrer e a recomeçar o jogo desde o último checkpoint, mas a arbitrariedade e aleatoriedade dos sucessivos fracassos. 

Há jogos conhecidos pela sua dificuldade em que parece ganhar-se algo com o fracasso. Cada morte tem uma lição valiosa para nos ensinar, e todos os desafios acabam por ser superados por quem tem tempo e vontade de aprender com os seus erros – olá Dark Souls. Crash Bandicoot 4: It's About Time não é um desses jogos. As derrotas e as vitórias são vazias, porque dependem muitas vezes da sorte, e só da sorte. O falhanço deve-se não só à incompetência dos jogadores como ao aparente desleixo, ou talvez sadismo, dos programadores. 

Por um lado, quando finalmente se ultrapassa uma sequência particularmente difícil, ao fim de dezenas de tentativas, não se sente que se conquistou algo, apenas que não se perdeu. E quando se volta a tentar completar a mesma sequência, passados dez minutos, volta a perder-se dezenas de vezes. Por outro lado, quando o número de mortes na mesma sequência estúpida ultrapassa a centena, sente-se apenas frustração. E raiva. E para isso – para nos sentirmos frustrados e enraivecidos – já basta a vida. Sobretudo em 2020.

Disponível para PlayStation 4 e Xbox One.

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