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Raízes Negras
Ilustração de Gilda BarrosRaízes Negras, de Lúcia Vicente e Gilda Barros

Dez livros infanto-juvenis que nos chamaram a atenção em 2021

Lemos muito no último ano. Feitas as contas, estes foram os livros infanto-juvenis que nos marcaram.

Raquel Dias da Silva
Escrito por
Raquel Dias da Silva
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Estão catalogados como sendo para os mais novos, mas são bons em qualquer idade. Editados em 2021, quase todos assinados por portugueses, estes são os livros infanto-juvenis que mais nos marcaram ao longo do ano. Com páginas cheias de ilustrações e histórias de encher o olho e os sentidos, alguns são também autênticas obras de arte, dignas de coleccionador. Era uma vez (e muitas outras serão), de Johanna Schaible, Mudar, de Ana Ventura, e Pardalita, de Joana Estrela, ficam bem em qualquer estante. Mas não são os únicos. Ora, confirme lá.

Recomendado: Dez livros infanto-juvenis que nos chamaram à atenção em 2020

Best of 2021: os melhores livros infanto-juvenis

Para soltar a língua
Lilliput

1. Para soltar a língua

Pergunte aos miúdos aí de casa se andam a apanhar bonés ou se preferem enfiar a carapuça. Se eles ficarem confusos, dê-lhes o novo livro de Ana Markl para as mãos. Em 2021, a conhecida radialista, que acorda com as galinhas para fazer as Manhãs das 3, estreou-se na literatura infanto-juvenil com Onde Moram os Teus Macaquinhos?, um álbum ilustrado sobre essas frases misteriosas a que chamamos expressões idiomáticas. Considerando expressões “mais ou menos corriqueiras”, mas bastante visuais, que ganham ainda mais vida com as ilustrações coloridas de Christina Casnellie, Ana dá-nos a conhecer Manu, um menino prestes a aprender, com a ajuda da sua amiga Sofia, que nem sempre aquilo que dizemos é aquilo que queremos mesmo dizer.

Lilliput. 2021. 48 pp. 13,99€

Para enfrentar o desconhecido
Editorial Caminho

2. Para enfrentar o desconhecido

Editado pela Caminhado, Há um Monstro Em Cima da Cama / Há um Monstro Debaixo da Cama é um livro reversível, para ser lido pela ordem que nos apetecer. A pensar “na criança que há dentro de nós e no adulto que há dentro das crianças”, Luís Leal Miranda reflecte, com muito sentido do humor, sobre como o receio do que não conhecemos nos leva a imaginar os piores cenários. Com ilustrações de Christina Casnellie, que conseguiu a proeza de desenhar “monstros super curtidões”, as duas histórias de – que são, na verdade, duas perspectivas para a mesma coisa – dialogam entre si, encontrando-se num final em comum (no meio do livro), que por estar em aberto convida os leitores, pequenos e grandes, a imaginar o que poderá acontecer quando decidimos enfrentar o desconhecido.

Caminho. 2021. 48 pp. 12,90€

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Para superar a vergonha
O Monstro da Vergonha, de Tânia Carneiro e Ana Oliveira

3. Para superar a vergonha

A Benedita tem sete anos e, como muitas outras crianças, já experienciou episódios de timidez extrema. Para a ajudar, a mãe decidiu contar-lhe uma história de coragem sobre uma menina, muito parecida com ela, que vive com uma espécie de gigante terrível, que faz malvadezas como roubar palavras e pensamentos. Assim nasceu O Monstro da Vergonha, o primeiro livro da psicoterapeuta Tânia Carneiro, que ensina os mais novos a lidar com sentimentos como o embaraço e o medo. Com ilustrações de Ana Oliveira, este novo livro infanto-juvenil, para crianças a partir dos quatro anos, mostra-nos como a vergonha não é apenas uma emoção, mas uma mistura de sentimentos, entre receio, tensão e apreensão. E faz mais: lembra-nos como, em diferentes alturas da vida, todos nos sentimos frustrados, tristes ou ansiosos perante situações de maior exposição.

Para combater o racismo
Raízes Negras, de Lúcia Vicente e Gilda Barros

4. Para combater o racismo

Nelson Mandela, Grada Kilomba, Naide Gomes, Basquiat. Apesar da invisibilidade sistémica e de muitas outras adversidades, a história está repleta de personalidades admiráveis que têm contrariado preconceitos antigos e contribuído, incansavelmente, para um futuro melhor. Foi por isso – não para dar voz, mas para confirmar que as vozes sempre estiveram lá – que Lúcia Vicente decidiu pôr a descoberto as Raízes Negras do mundo. Como escreveu a activista e deputada Beatriz Gomes Dias no prefácio do livro, é fulcral reconhecer o papel que gerações de pessoas negras “protagonizaram em várias geografias e tempos históricos”. Mas não só. Numa sociedade estruturalmente racista, é preciso também promover a sua representação visual, neste caso com ilustrações da muralista cabo-verdiana Gilda Barros. Além dos cerca de 53 exemplos de coragem, perseverança e liderança, há ainda um glossário no final do livro.

Nuvem de Tinta. 2021. 144 pp. 16,90€

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Para aprender a gerir recursos
Os Peixes Que Fugiram da História, de de Maria João Freitas e Mariana Rio

5. Para aprender a gerir recursos

Criado em parceria com a Iglo, como parte de uma campanha de sensibilização para o problema da pesca excessiva e para a importância do consumo responsável, Os Peixes Que Fugiram da História, com texto de Maria João Freitas e ilustrações de Mariana Rio, transporta-nos para uma pequena vila piscatória portuguesa. Em A-Ver-o-Mar, a falta de peixe no mar leva João, Rita e André à procura de respostas. Para os apoiar, contam com o avô paterno de João, que é um verdadeiro lobo do mar; o tio da Rita, que é pescador; e o pai do André, chefe de cozinha do restaurante Neptuno. Todos sofrem as consequências do que se está a passar, mas quem serão os culpados? É o que nos ensina este livro dedicado aos mais novos, que deveria ser de leitura obrigatória para os mais velhos.

Pato Lógico. 2021. 64 pp. 14,50€

Para projectar o futuro
Planeta Tangerina

6. Para projectar o futuro

Num diálogo entre a palavra, a imagem e até a expressão plástica, Era uma vez (e muitas outras serão) convida-nos a uma reflexão para todas as idades sobre a passagem do tempo: o que já aconteceu, “o aqui e agora”, e sobretudo o que queremos, a partir deste instante, construir para o futuro. Além de recorrer a um esquema cromático de pinceladas largas e cores fortes, capaz de encher os sentidos de leitores de todas as idades, Schaible surpreende-nos ainda com o tamanho de cada uma das páginas, que diminui ou aumenta à medida que nos afastamos ou aproximamos do presente. No meio deste álbum ilustrado, filosófico e irreverente, encontramos a página mais pequena de todas, com uma ilustração que simboliza a mudança constante e a esperança de realizarmos todos os nossos desejos.

Planeta Tangerina. 2021. 54 pp. 18,90€

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Para descobrir a poesia
Felizmente as árvores são grandes, de Maria Judite Carvalho

7. Para descobrir a poesia

Uma das vozes mais importantes do séc XX, Maria Judite Carvalho distinguiu-se pela qualidade e profundiade da sua obra. Além de contos, crónicas, romances, poesia e teatro, a autora também escreveu, sob pseudónimo, poemas pensados especialmente para os mais pequenos. São essas três dezenas de poemas, a maioria inéditos, que se recuperam em Felizmente as árvores são grandes. Ilustrada em tons chuvosos por Cátia Vidinhas, esta edição da Minotauro inclui a digitalização dos textos originais. Um livro para se ir desvendando página a página.

Minotauro. 2021. 40 pp. 12,90€

Para treinar a imaginação
Inventor de Vendavais, de Hélia Correia

8. Para treinar a imaginação

Da autoria de Hélia Correia, que tem vindo a ser laureada ao longo da sua carreira, o Inventor de Vendavais é uma história inventada “aos poucochinhos”, para ser lida em voz alta, com ou sem acompanhamento. Começa num casarão de pedra, onde viviam quatro crianças com segredos espantosos. A mãe não estava, por isso às vezes sentiam-se sós. Para gastarem as energias, davam uso à imaginação fértil e passavam o dia a inventar, às vezes até sentadinhos à volta de uma mesa. Assim são convidados os leitores também a estar: sentadinhos, onde lhes aprouver, mas a dar asas à criatividade.

Relógio D’Água. 2021. 80 pp. 12,50€.

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Para abraçar a mudança
Pato Lógico

9. Para abraçar a mudança

Fazer a mala e partir pode ser um desafio. Sobretudo para quem parte por necessidade, como acontece com a personagem que protagoniza Mudar, de Ana Ventura, que integra agora a colecção Imagens Que Contam. Nesta narrativa visual, onde as palavras não entram, fala-se sobre o que se perde e o que se pode ganhar quando a única solução é rumar ao desconhecido. O resto fica ao critério dos leitores, dos pequeninos e dos grandes, que não se importarem de traduzir as imagens para palavras e queiram contar mais histórias a partir delas.

Pato Lógico. 2021. 40 pp. 13,50€

Para vencer a “idade do armário”
Pardalista, de Joana Estrela

10. Para vencer a “idade do armário”

Esta é uma sugestão para leitores mais crescidos, mas ainda capazes de fazer os adultos trepar pelas paredes – sim, estamos a falar dos adolescentes. Como Raquel, a protagonista desta novela gráfica de Joana Estrela, que nos traz uma perspectiva inclusiva de um tema universal. Integrada na colecção 2 Saltos e 1 Passo, esta história começa já Pardalita, que dá nome ao título, entrou na vida de Raquel. Não de rompante, mas lenta e subtilmente, primeiro nos corredores da escola, depois nos ensaios do teatro. E, um dia, sem se dar conta, Raquel começa a perguntar-se qual é a distância a que se pode estar de alguém sem dar a entender que, para dizer a verdade, não se quer distância nenhuma. De repente, a adolescente está a questionar a sua orientação sexual e a redescobrir a sua identidade.

Planeta Tangerina. 2021. 216 pp. 18,90€

Sugestões de leitura para todas as idades

  • Restaurantes

Trata-se de um segmento do mercado editorial que se tem mantido em crescimento nos últimos anos e que nem a pandemia conseguiu abrandar. Sejam livros de receitas, sejam trabalhos assinados por chefs, sejam outros mais factuais, esta colheita de livros de cozinha, saídos para as bancas nos últimos meses, tem um pouco de tudo.

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  • Miúdos

Medo do escuro, das alturas, de ser esquecido na escola, de dormir sozinho, de esquecer as falas da peça de teatro, dos pais se divorciarem, do monstro debaixo da cama, de barulhos e ruídos estranhos. Se tem crianças em casa, sabe perfeitamente como o medo é um tema recorrente. Para ajudar, reunimos uma lista de livros com monstros para ajudar os miúdos a sentirem-se um bocadinho mais corajosos.

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