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Photo: Guerin Blask

Awkwafina: “Não imaginamos o poder da representação até o sentirmos”

Do rap “My vag”, viral no Youtube, a “Asiáticos Doidos e Ricos”, Nora Lum e o seu famoso alter ego estão a caminho do topo. Falámos com a actriz a propósito de “A Despedida”.

Joshua Rothkopf
Escrito por
Joshua Rothkopf
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A Despedida marca a estreia de Awkwafina no drama. A cantora e actriz interpreta Billi, americana de origem chinesa, que viaja para a China quando sabe que a avó está a morrer. O desempenho valeu-lhe o primeiro Globo de Ouro alguma vez entregue a uma asiática, na categoria de actriz principal de comédia ou musical (embora o filme não seja nada disso). Antes, já tinha roubado a cena em Asiáticos Doidos e Ricos.

Consegue desligar a persona Awkwafina?
Há quem a trate pelo seu nome – Nora? Os meus amigos. Awkwafina é o que mostro ao mundo, Nora o que fica em casa.

É um mecanismo de defesa?
Sim. No meu primeiro vídeo, queria ser anónima. Foi estúpido porque acabei por ser despedida do meu emprego de qualquer forma. Awkwafina surgiu quando tinha 15, 16 anos. É parte de mim.

Foi estranho começar a ver o seu nome artístico em cartazes?
A primeira vez que foi usado em algo louco foi com o Ocean's 8. Estamos a ver os créditos e lá aparece o meu: que raio é aquilo? O Reddit ficou em chamas.

O rap que faz é sobre autenticidade?
É sempre sobre o que sei. Aposto que está a falar de “NYC Bitche$”, que escrevi em 20 minutos. Nova Iorque estava a mudar para mim. Estava a passar de ser uma adolescente que ia de comboio para o LaGuardia High School [escola de artes] todas as manhãs para ser uma jovem adulta que queria viver a sua vida mas sentia que a cidade não era dela.

Como é que era na escola?
Eu era a melhor trompetista da minha preparatória. Mas quando cheguei a LaGuardia, era a octogésima. Tive de encontrar o meu caminho na música.

As notas sofreram com esse despertar artístico?
Era tão má aluna... Um professor disse ao meu pai que, “para alguns, o melhor que alguma vez lhes acontecerá é entrar no LaGuardia”. Isso mexeu comigo.

Asiáticos Doidos e Ricos era sobre reivindicar território. Por que teve tanto sucesso?
Tivemos uma intuição. Via miúdos a sair a chorar das salas de cinema. Não imaginamos o poder da representação [mediática] até o sentirmos e sabermos que nos fazia falta.

Gostaria de ter visto um filme assim durante o seu crescimento?
Sim. Quero que os miúdos sejam estragados com representação e que se questionem por que Asiáticos Doidos e Ricos foi tão importante. Quero que tenham essa representação em tudo.

Pensava em fazer dramas indie como A Despedida?
Não era que quisesse uma incursão no drama. Foi o argumento [que me seduziu] – nunca tinha visto nada assim, tanto como actriz quanto como asiático-americana.

Tanto Asiáticos Doidos e Ricos como A Despedida têm ideias claras sobre as características das famílias asiáticas, que são universalmente reconhecíveis.
São filmes sobre famílias em crise. Mais do que isso, são de uma enorme reverência. Há uma expressão – piedade filial – que quase não se ouve fora do contexto dos Estudos Orientais. Tem a ver com a relação entre as gerações mais jovens, as mais velhas e os seus antepassados. Um respeito eterno.

A Despedida exige muito de si, em termos dramáticos. Achava-se capaz?
Não sabia se era capaz de chorar. Preocupava-me o mandarim. E o facto de estar a fazer drama pela primeira vez. Mas todas essas inseguranças desapareceram porque era tudo muito real. Tinha uma ligação real com a Billi, como se eu estivesse a viver aquilo. Talvez seja esse o segredo das interpretações dramáticas.

Crítica: “A Despedida”

★★★☆☆

A matriarca de uma família chinesa está a morrer de cancro e não sabe. Os parentes – como parece que é costume fazer-se na China – decidem ocultar-lhe o facto e apressam o casamento de um neto, para que toda a família possa estar junta com ela uma última vez. A única pessoa que estranha o facto é a neta Billi (Awkwafina), que vive nos EUA com os pais há 30 anos. Baseada num acontecimento da sua própria família, a sino-americana Lulu Wang assina aqui um melodrama contido e afectuoso, com vários momentos de comédia, sobre as diferenças geracionais, culturais e de identidade, e sobre a força da família, que tudo transcende e une. Eurico de Barros

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