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The other side of the wind

Cannes Vs. Netflix

Eram para estar, mas já não estão na programação de Cannes os cincos filmes que a Netflix contava apresentar no festival. Porquê? Porque estas produções não têm distribuição em sala de cinema garantida.

Escrito por
Rui Monteiro
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Neste novo episódio da guerra entre a distribuição de filmes em streaming e a sua exibição em sala, a iniciativa, por agora, pertence à Netflix. Perante as declarações de Thierry Frémaux, delegado-geral do festival, sobre a presença em competição apenas de obras com distribuição comercial (leia-se: convencional) assegurada, a produtora e plataforma de distribuição resolveu, como se costuma dizer, tirar o cavalinho da chuva. Até para se poupar às pateadas que o ano passado brindaram o logótipo da empresa sempre que surgia no ecrã.

Desaparecidos em Combate

Com esta decisão, cinco filmes não serão vistos em Cannes. Entre os “desaparecidos em combate”, três dos quais ainda na fase de pós-produção, a falta mais sentida será decerto a porção destinada a Orson Welles.

Cannes Vs. Netflix

The Other Side of the Wind

Começado a rodar em 1970, The Other Side of the Wind foi filme que Orson Welles nunca chegou a terminar, como de costume por falta de financiamento e/ou diferenças criativas com os produtores.

Assim, a história do lendário realizador J.J. “Jake” Hannaford (interpretado por cineasta igualmente lendário, John Huston), de volta a Hollywood, depois de andar uns anos pela Europa (como aliás aconteceu ao próprio Welles), com a cabeça cheia de planos para concluir o seu muito inovador filme de regresso, nunca chegou a ser contada. Algumas cenas foram mostradas em festivais e em documentários sobre o autor, mas só há poucos anos Frank Marshall conseguiu reunir as imagens e as condições necessárias para proceder à montagem e restauro do filme.

E com este, e a ele relacionado, outro filme desaparece do cartaz do Festival de Cannes, precisamente They’ll Love Me When I’m Dead, o documentário dirigido por Morgan Neville sobre Orson Welles, a pretexto do trabalho da equipa de restauro e montagem dirigida por Frank Marshall na recuperação de The Other Side of the Wind.

Roma

Quem também fica de fora é Alfonso Cuarón, melhor, o seu filme Roma. Crónica de um ano na vida de uma família de classe média, na Cidade do México, no início da década de 1970. Obra obviamente autobiográfica, acrescentada pelo valor, digamos, sentimental, de Cuarón voltar a filmar no seu país, sobre o seu país.

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Hold the Dark

Outra história que não será contada em Cannes é a que Jeremy Saulnier (que, em anos anteriores, viu Blue Ruin e Green Room passarem na Quinzena dos Realizadores) dirigiu. Com argumento de Macon Blair, a partir do romance de William Giraldi, em Hold the Dark, Riley Keough, Alexander Skarsgård e Jeffrey Wright dão vida a um thriller de mistério espoletado pelo desaparecimento de três crianças, no Alasca, eventualmente alimento de lobos.

Norway

De fora fica ainda o novo filme de Paul Greengrass, realizador da trilogia de Bourne, desta vez encarregado de filmar o terrorismo. A partir da tragédia cometida na Noruega, em 22 de Julho de 2011, quando Anders Behring Breivik assassinou 77 pessoas que participavam num acampamento do Partido Trabalhista na ilha de Utøya, Greengrass apresenta um relato em três partes. Assim, com Anders Danielsen Lie, Jon Øigarden e Lars Arentz-Hansen, o realizador acompanha os sobreviventes do ataque, a acção do governo e o trabalho dos advogados envolvidos no julgamento do terrorista de extrema-direita.

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