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24 Hour Party People
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As melhores comédias britânicas (com ou sem Brexit)

Há muitas e boas comédias britânicas. E estas dez já ninguém nos tira. Com ou sem Brexit

Escrito por
Editores da Time Out Lisboa
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Há quem ache o humor inglês parvo, malcriado, grosseiro, para não dizer apenas sem graça. E nalguns casos até terão razão. Mas isso não quer dizer que o Reino Unido não nos tenha dado muitas e boas comédias. Porque deu. Desde o clássico O Quinteto Era de Cordas, de Alexander Mackendrick, a exemplares mais recentes como Zombies Party – Uma Noite... de Morte e restantes filmes da chamada trilogia do Cornetto de Edgar Wright, passando pelos Monty Python e a sua farta descendência. Aqui estão dez das melhores comédias britânicas de sempre.

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As melhores comédias britânicas (com ou sem Brexit)

O Quinteto Era de Cordas (1955)

No centro da acção deste filme que Alexander Mackendrick dirigiu em jeito de comédia negra está uma velhota (Katie Johnson) conhecida por suspeitar de toda a gente à sua volta e de todos se queixar à polícia local. De quem ela nem suspeita é do gentil professor Marcus (Alec Guinness) que um dia lhe bate à porta. Precisa de um quarto para o seu quinteto ensaiar, diz. E ela aluga o dito sem perceber que os músicos são realmente uma quadrilha preparando o crime, e só dá por isso quanto já está involuntariamente envolvida no assalto.

Monty Python e o Cálice Sagrado (1975)

É difícil encontrar quem não goste da comédia estapafúrdia, revolucionária e absurda dos Monty Python, ou das suas transtornadas criações cinematográficas de que Monty Python e o Cálice Sagrado é, talvez, o maior expoente. A passagem ao cinema foi feita à maneira daquela trupe, partindo da lenda Arturiana e fazendo uma comédia anárquica (como as filmagens, aliás) em absoluta contracorrente das convenções e idêntico desprezo pela História. A película dirigida por Terry Gilliam e Terry Jones não foi bem recebida pela crítica e o público, por altura da estreia, mas o tempo tem-lhe feito justiça.

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A Vida de Brian (1979)

Versão marada dos últimos dias de Jesus, A Vida de Brian tornou-se o mais conhecido e apreciado dos filmes dos Monty Python, e sem dúvida a mais destrambelhada película dirigida por Terry Jones. O humor absurdo do grupo sobreviveu à anarquia das filmagens e, principalmente, à fúria dos católicos, que não gostaram desta caótica sátira político-religiosa e chegaram a impedir a sua apresentação na Irlanda e na Noruega. O que aliás forneceu à produção a sua melhor frase publicitária: "Um filme tão cómico que foi proibido na Noruega."

Withnail e Eu (1987)

As partes mais divertidas de Withnail e Eu encontram-se logo nas primeiras cenas, quando, arrastando-se por um apartamento de Camden parecido com o interior de um pulmão canceroso, Withnail e Marwood saem do torpor provocado por uma épica viagem de speed e álcool. São momentos delirantes de absurdo humor de drogado/ bêbado, que envolvem uma tentativa abortada de limpar a cozinha e uma visita do terrível traficante de droga interpretado por Ralph Brown. Mais tarde, no entanto, a tragédia cai-lhes em cima. O que é aproveitado para o desenvolvimento da película como uma variedade de tragicomédia, concluída com uma das mais tocantes cenas finais da história cinematográfica.

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Um Peixe Chamado Wanda (1988)

Por falar em Monty Phyton… Uma data de anos depois do fim do grupo, Jonh Cleese, amparado pela experiência de Charles Crichton, escreveu, realizou e interpretou uma das grandes comédias cinematográficas do final do século XX. Aqui, um elenco brilhante (Jamie Lee Curtis, Kevin Kline, que recebeu o Óscar para Melhor Actor Secundário, e Michael Palin) reúne-se com o criador de Fawlty Towers para o que será o assalto do século. O que de facto é uma comédia rocambolesca, temperado por sexo, traição, cobiça e até uma pitada de generosidade, que envolve uma bela quantidade de personagens caricatas entrando e saindo de situações ainda mais caricatas.

Ou Tudo ou Nada (1997)

E agora uma coisa completamente diferente…, poderá dizer-se desta película de Peter Cattaneo onde um grupo de desempregados literalmente mostra o rabo para ganhar a vida. Pois então é no cenário industrialista de Sheffield que, à maneira das comédias ligeiras e com bom fundo dos anos do pós-guerra, se encontra este bando de encalhados profissionais vivendo do subsídio de desemprego e do desenrasca. Com graça e delicadeza e uma boa dose de consciência social, ultrapassando diferenças e divergências, os seis, iludidos pela perspectiva de riqueza súbita, metem mãos à obra e montam um espectáculo… de striptease masculino.

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24 Hour Party People (2002)

Houve um tempo em que Manchester não era só conhecida pelo Manchester United, mas pela contagiante (e às vezes historicamente determinante) cena musical. A cidade era, aliás, entre o início da década de 1980 e meados da década seguinte, identificada como Madchester, em muito graças aos figurões reunidos em torno do apresentador de televisão Tony Wilson (Steve Coogan), da editora Factory e da inevitável discoteca La Hacienda, aqui representados como uma sátira patética. Com um sentido do cómico (facção absurdo descabelado) pouco praticado na sua obra anterior (e posterior), Michael Winterbottom apresenta aqui um divertido e trepidante fresco sobre a cidade aditivado por muitas drogas, álcool, bela música, sexo e carradas de disparates retirados directamente da realidade. 

Zombies Party – Uma Noite... de Morte (2004)

Shaun of the Dead (em Portugal traduzido como Zombies Party – Uma Noite... de Morte) foi o filme que consagrou Simon Pegg e Nick Frost, conferindo-lhes um estatuto próximo de semideuses da comédia britânica. Realizada por Edgar Wright, que já tinha dirigido a dupla na série Spaced, esta não é uma película sobre sobrevivência, mas antes uma obra sobre o respeito e a maneira de o alcançar, posta ao serviço da luta contra os mortos-vivos de Crouch End, Highgate e North Finchley. Com tanto heroísmo como compaixão. E muita piada.

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Em Inglês, S.F.F. (2009)

Esta sátira política de Armando Iannucci é o tipo de película que recompensa repetidos visionamentos, pois a cada um encontra-se mais uma das piadas que se perdeu enquanto nos ríamos da anterior. Partindo da série televisiva The Thick of It, Em Inglês, S.F.F. envia em viagem aos Estados Unidos o esbugalhado, desbocado e frenético manobrador político Malcolm Tucker, o despassarado ministro Simon Foster e os seus assessores. Correndo como galinhas tontas à procura de uma posição política coerente perante os americanos e para gáudio do público, esta equipa de representantes do governo britânico percorre Washington sem baixar o tom das trapalhadas em que se mete, ao mesmo tempo assinalando as contradições e a hipocrisia da classe política.

Quatro Leões (2010)

É difícil encontrar um filme mais a propósito desta época que este dirigido por Christopher Morris. Aqui, um grupo de radicais islamitas dados ao suicídio bombista (Riz Ahmed, Kayvan Novak, Adeel Akhtar, Arsher Ali e Nigel Lindsay, o ocidental convertido) prepara um ataque capaz de fazer esquecer aquele que instalou o pânico em Londres, em 2005. Estes terroristas, no entanto, têm as suas, digamos, idiossincrasias, e depois de porem de lado a ideia de rebentar com uma mesquita ou, em alternativa, uma loja da cadeia Boots, metem na cabeça uma ideia ainda pior, contudo fonte de farta e, a espaços, provocatória gargalhada. 

Entender o Brexit

Brexit: como entender os ingleses em sete filmes e duas séries
  • Filmes

Sentido da insularidade, desconfiança do estrangeiro e do continente, repressão dos sentimentos, atitude estóica e impassibilidade perante as pequenas e grandes adversidades, excesso de formalidade, consciência da divisão de classes, gosto pela excentricidade. São características tão vincadas do modo de ser inglês, que acabaram por se transformar em clichés (e em força motriz do Brexit, a saída do Reino Unido da União Europeia). Os próprios ingleses são os primeiros a reconhecê-las e a usá-las como matéria literária, no cinema, na televisão e na cultura popular em geral. Eis, entre os muitos que existem, sete filmes e duas séries de televisão que expressam, em vários registos, essa tão única e peculiar englishness. 

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