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Joaquin Phoenix
Mathew Brazier

Joaquin Phoenix: “Os clichés dos filmes de acção deixam-me nervoso”

O elusivo Joaquin Phoenix falou sobre o seu novo filme, ‘Nunca Estiveste Aqui’, e de algumas coisas que o irritam

Escrito por
Alex Godfrey
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Joaquin Phoenix ainda mal acordou quando abre a janela e começa a fumar. É sábado de manhã em Londres, muito cedo, mais ainda mais para ele, meio abananado pelo jet lag – um homem no seu próprio fuso horário. Na verdade, ele parece estar assim desde que o vimos em Lar, Doce Lar... às Vezes (1989), de Ron Howard, quando tinha apenas 14 anos. É uma anti-estrela de cinema que faz as coisas à sua maneira, sempre um pouco desalinhado e com o mundo a girar à sua volta.

Gladiador (2000), de Ridley Scott, fez dele uma estrela, e Walk The Line (2005), de James Mangold, uma super-estrela. Mas desde então tem passado ao lado das grandes produções e do mainstream. No seu lugar, encontrou realizadores – Spike Jonze, Paul Thomas Anderson, James Gray – que encorajaram alguns dos seus papéis mais livres e angulosos.

Lynne Ramsay (Temos de Falar sobre o Kevin), que o dirige em Nunca Estiveste Aqui, é o mais recente nome a juntar-se a esta lista de realizadores. O filme gira em torno de Joe, um ex-fuzileiro, traumatizado, que trabalha como assassino a soldo e gosta de despachar as vítimas com um martelo. Com uma grande barriga, Phoenix é uma presença poderosa que parece estar prestes a perder a sua alma. Em pessoa, é tão reflexivo e intrigante como sempre: “Às vezes leio as entrevistas de outros actores e realizadores e parece que toda a gente sabe sempre o que deve e tem de fazer”, diz. “Nunca foi o meu caso.”

De que forma é que moldaste a tua personagem depois de ficares com o papel?

Era suposto eu ter levado um tiro na perna. E, para ser honesto, não gostava disso. Não queria passar três quartos do filme, cinco semanas da minha vida, a fazer de coxo. Odeio isso. Por isso sugeri que o personagem levasse o tiro noutro sítio.

Esta história parte de uma premissa típica de um filme de acção, mas subverte essa ideia.

Sim, os clichés do género deixam-me nervoso. Decidimos, logo nas primeiras conversas, que queríamos que fosse mais autêntico. Não queríamos que o Joe usasse violência para salvar a rapariga da violência. Tentámos afastar-nos da ideia do homem heróico que salva a mulher desamparada. Acho isso repugnante.

Foi por isso que ganhaste peso? Ele não é o típico herói de acção musculado.

Sim. Há para aí 10 anos que virtualmente todos os personagens nestas coisas são completamente secos e musculados. Quem já fez esses papéis sabe que para ter esse corpo é preciso de fazer muito exercício e dietas malucas para remover a gordura. Este gajo, o meu personagem, costumava fazer isso, mas já foi há algum tempo. Agora não podia ter um corpo assim.

Vês os filmes de acção que fazem as coisas que este se recusa a fazer – os Bonds e os Bournes da vida?

Vi alguns. Eu não vejo só Truffaut e assim. Acho que esses filmes até podem ser engraçados se tiverem um bom realizador. Por exemplo, o Paul Greengrass, que fez alguns dos filmes do Bourne, é um belo realizador. E se queres apenas entreter--te não há nada de errado com esse tipo de filmes, mas já vai sendo altura de variarmos um pouco.

O Bret Easton Ellis referiu recentemente que estás a ter aulas de karaté.

Isso é completamente falso. O que eu faço, e deixei isso muito claro, é yoga num estúdio de karaté em que usas um gi [uniforme] tradicional.

E que tal?

É horrível. Não tiro qualquer prazer daquilo. Eu até consigo suportar a dor quando sinto que tenho algum controlo sobre a situação e se for apenas por alguns instantes, mas a ideia de ficar parado na mesma posição deixa-me desconfortável.

Fizeste de Jesus no Maria Madalena, de Garth Davis. O que é que achaste?

Eu não sabia o que pensar. Não sei mesmo. O filma foca mais a Maria. Eu só ando de roupão e vou dizendo umas coisas [risos].

Conversa filmada

  • Filmes

Intérprete de filmes como Fargo, Zodiac ou O Fundador, e de séries como American Horror Story, John Carroll Lynch é um dos mais conhecidos actores de composição americanos. E coube-lhe trabalhar com Harry Dean Stanton no seu primeiro filme atrás das câmaras, o derradeiro do seu grande e falecido colega.

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