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Isabelle Huppert, Phaedra(s)
Isabelle Huppert

LEFFEST – Lisbon & Sintra Film Festival: as muitas faces de Isabelle Huppert

Há uma exposição, "Huppert: Woman of Many Faces", mas o que realmente interessa na homenageada pelo Lisbon & Sintra Film Festival, Isabelle Huppert, é o seu trabalho de actriz versátil e dedicada. Como, por exemplo, neste sete filmes.

Escrito por
Rui Monteiro
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Isabelle Huppert, em cena desde 1971, é uma actriz única. Vivendo cada representação de maneira própria, seja no teatro, seja no cinema, os seus papéis são escolhidos como quem procura audácia e densidade no mesmo pacote. Daí, e dos realizadores com quem trabalha, sem dúvida, a quase permanente e encantatória ousadia do seu trabalho.

LEFFEST – Lisbon & Sintra Film Festival: as muitas faces de Isabelle Huppert

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Erika Kohut é professora de piano no Conservatório de Viena, na Áustria. Tem 40 anos. Vive com a mãe. Para fugir ao seu controlo e ter, por assim dizer, uma vida, frequenta em segredo cinemas porno e “peep-shows”. A sua sexualidade resume-se simplesmente: voyeurismo e auto-mutilação. No filme de Michael Haneke, no qual Huppert contracena com Benoît Magimel e Annie Girardot, a sua Erika vive fora desta mundo. Um dia, porém, um aluno atira-se a ela e ela deixa-se seduzir. E se a sua vida estava entre o complicado e o esquisito, agora passa a um bizarro emaranhado de sentimentos e sensações.

Espaço Nimas, Sexta, 17, 22.00; Olga Cadaval, Domingo, 19, 21.30.

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Para não ir mais longe, como se costuma dizer, esta invulgar história de triângulo amoroso passa-se em Viena. Capital austríaca onde uma mulher, que partilha apartamento com um homem chamado Malina (Mathieu Carrière), conhece outro cavalheiro, Ivan (Can Togay), por quem se apaixona. O argumento da prémio Nobel da Literatura Elfriede Jelinek, adaptação do romance de Ingeborg Bachmann, é filmado por Werner Schroeter com a descarada intenção de realçar a solidão da mulher (sempre referida por Die Frau), pois esta dedica uma tal devoção ao seu amante que ele é incapaz de compreender e corresponder, tanto como ela de o esclarecer. Esclarecimento de que talvez possa beneficiar quem assistir à conversa com Isabelle Huppert que encerra esta sessão.

Medeia Monumental, Sala 4, Sábado, 18, 15h30.

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O cinema de Maurice Pialat sempre teve inclinação para morder os calcanhares da hipocrisia moral da classe média (à qual, quando ele começou a filmar, no tempo em que ainda existiam classes sociais, se chamava burguesia). Daí que nesta película de 1980 Huppert seja uma destravada que põe em causa a moral. Pois Nelly, mais por atracção e impulso do que por amor, abandona o burguês marido e passa a viver os prazeres da boémia ao lado de Loulou (Gérard Depardieu), um fura-vidas femeeiro e pouca dado à honestidade. E fá-lo intensamente, como quem existe para habitar um mundo de sexualidade sem freio num quebra-cabeças emocional.

Olga Cadaval (Sintra), Sábado, 18, 18.00; Medeia Monumental, Sala 1, Quinta, 23, 14.00

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Michèle é o que costuma chamar um osso duro de roer. Directora de grande companhia de videojogos, a personagem interpretada por Isabelle Huppert neste filme de Paul Verhoeven é do tipo implacável. E tanto faz que sejam negócios ou amor, Michèle corta a direito. Até ao dia em que é atacada por um tipo que lhe assaltava a casa. A vida muda. A mulher não se torna medrosa ou dócil, pelo contrário, persegue o bandido e quando o encontra ajusta contas como quem mexe as peças de um jogo de sedução e martírio que acabou de inventar e do qual não conhece regras ou final.

Nos Amoreiras, Sala VIP 3, Terça, 21, 19.30.

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Hong Sangsoo teve uma estreia fulgurante com a sua primeira longa-metragem, Daijiga Umule Pajinnal (O Dia em que o Porco Caiu no Poço, foi o título no Brasil), em 1996. E depois continuou, nem sempre correspondendo à promessa, porém, filme a filme, construindo uma arquitectura cinematográfica própria, uma ordenada e complexa urdidura plástica preenchida por personagens só aparentemente vulgares. Neste filme de 2012, o realizador coreano encontrou em Isabelle Huppert não só a intérprete ideal para o seu triplo papel, como, melhor, a cúmplice necessária para acrescentar complexidade e tensão dramática a uma obra desdobrada em três histórias vulgares.

Medeia Monumental, Sala 3, Quarta, 22, 14.00.

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Festival sem um filme de Jean-Luc Godard, enfim, não é festival não é nada. Pelo que o LEFFEST não se esqueceu deste pormenor e, com o pretexto de apresentar uma mostra panorâmica da obra cinematográfica de Isabelle Huppert, inclui esta longa-metragem de 1980. Resumindo, tudo parece – direi – normal neste argumento de Anne-Marie Miéville e Jean-Claude Carrière (onde a actriz contracena com Jacques Dutronc, Nathalie Baye, Roland Amstutz e Cécile Tanner), que envolve um realizador de televisão, a sua amante e uma pega sob contrato. Mas, como se disse antes, é uma película de Jean-Luc Godard…

Medeia Monumental, Sala 3, Sexta, 24, 16.45.

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Dorante é um rapazola sem cheta contratado para mordomo na casa de Araminte, uma viúva pela qual se apaixona o mais secretamente que pode, enquanto outro criado planeia uma artimanha que faça a viúva cair de amores pelo rapaz. Isto, quem conhece a comédia de Marivaux, já sabe. O que não sabe (e muito provavelmente se espantará) é como Luc Bondy e a sua co-realizadora, Marie-Louise Bischofberger, adaptaram a obra, primeiro ao teatro, e, o ano passado, ao cinema, nem quão fulgurante Isabelle Huppert vai nesta película onde contracena com Louis Garrel e Bulle Ogier.

Nos Amoreiras, Sala VIP 3, Sábado, 25, 19.30.

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Peter Brook é um encenador, dos maiores do século XX, um daqueles insatisfeitos para quem a provocação foi uma arte e com a qual o teatro muito ganhou. A sua obra fílmica é mais modesta, mas apenas em quantidade, pois a qualidade e o sentido de ruptura com a convenção são da mesma radicalidade – como se pode ver por estes sete filmes.

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