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Peter Brook
unknownPeter Brook: um dos homenageados do LEFFEST

LEFFEST – Lisbon & Sintra Film Festival: Peter Brook no cinema

Homenageado pelo Lisbon & Sintra Film Festival, Peter Brook tem um programa completo por sua conta. A apresentação de nova peça e a conversa com o público do Teatro Nacional são o prato de substância. Mas o cinema não fica atrás.

Escrito por
Rui Monteiro
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Peter Brook é um encenador, dos maiores do século XX, um daqueles insatisfeitos para quem a provocação foi uma arte e com a qual o teatro muito ganhou. A sua obra fílmica é mais modesta, mas apenas em quantidade, pois a qualidade e o sentido de ruptura com a convenção são da mesma radicalidade – como se pode ver por estes sete filmes.

LEFFEST – Lisbon & Sintra Film Festival: Peter Brook no cinema

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Há uma década que Peter Brook acumulava o seu, digamos, emprego diurno, como encenador, já conhecido por quebrar regras atrás umas das outras, com a variante cinematográfica do seu trabalho. Mas foi com esta adaptação do romance de William Golding (publicado em 1954 e em grande parte responsável pelo Nobel da Literatura que o escritor recebeu quase 30 anos depois) que Brook, em 1963, afirmou de forma clara a sua diferente abordagem estética também no cinema, aliás já perceptível desde a sua primeira película e, com o tempo e as circunstâncias, sossegadamente desenvolvida. Filmando de maneira crua aquele grupo de crianças à solta e por sua própria conta numa ilha deserta depois da queda do avião em que viajavam, o realizador, sem trair o original mas também sem lhe obedecer cegamente, constrói o filme como um vórtice de autoritarismo e violência, bem aproveitando os jovens talentos de James Aubrey, Tom Chapin, Hugh Edwards, Roger Elwin e Tom Gaman.

Medeia Monumental, Sala 3, Sexta, 17, 21.45; Olga Cadaval (Sintra), Segunda, 20, 16.00.

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Quem acha o curto romance de Marguerite Duras complexo não é estrangeiro à sensação deixada pela amarga adaptação cinematográfica de Peter Brook desta viagem pelo cérebro de uma mulher. Tal e qual o original, esta versão (para a qual a autora contribuiu) começa com o testemunho de um assassinato. A mulher que a ele assiste, casada com um industrial de província, fica muito abalada com o acontecimento e, negligenciada pelo marido, acaba por criar e manter uma relação com outro homem, também ele testemunha do mesmo homicídio. Depois, enfim, é como um carrossel de emoções em que as extraordinárias interpretações de Jeanne Moreau e Jean-Paul Belmondo revelam segredos e mágoas antigas e profundas.

Medeia Monumental, Sala 1, Domingo, 19, 14.00.

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Como se sabe, chegado à velhice, Lear, rei da Bretanha, divide o reino pelas filhas em troca de bonitas palavras, que uma delas não está disposta a pronunciar, o que leva as outras a aproveitarem para tomar o poder e o controlo do reino. A tragédia escrita por William Shakespeare que Brook filma, em 1971, é como uma revisão da sua própria encenação e, nesse sentido, talvez a mais convencionalmente teatral das suas películas. Claro que o termo convencional é, aqui, usado entre muitas aspas, e o filme, interpretado por Paul Scofield, Anne-Lise Gabold, Susan Engel, Irene Worth, Ian Hogg e Tom Fleming, permanece uma das mais ousadas e estimulantes visões cinematográficas de King Lear.

Medeia Monumental, Sala 3, Domingo, 19, 19.15.

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Fica já o aviso: é preciso tirar o dia. E mesmo que pareça bizarro, com este sol que está e parece querer ficar, passar um dia no escuro de uma sala de cinema pode ser muito estimulante. É, decerto, e não apenas para os pequenos e médios intelectuais que em 1990 perderam a estreia da mini-série na televisão, quando a razão porque carregam farnel para o cinema é Mahabharata. Quer dizer: a obra-prima que Peter Brook assinou, primeiro no teatro, em 1985, e, cinco anos mais tarde, nos três episódios (Game of Dice, Exile in the Forest e War) filmados para televisão com o fulgor ampliado pelos meios à disposição do realizador. O longo poema épico hindu, saga de duas famílias numa batalha entre o Bem e o Mal, onde deuses, mitos e magia influenciam a história da Humanidade (que na sessão lisboeta inclui uma conversa com o argumentista Jean-Claude Carrière) é um encantamento interpretado por dezenas de actores, entre eles Robert Langdon-Lloyd, Bruce Myers, Antonin Stahly-Viswanadhan, Sarmila Roy, Erika Alexander e Vittorio Mezzogiorn, que, com grande contribuição da direcção de fotografia de William Lubtchansky, fazem destas cinco horas e vinte um sortilégio.

Medeia Monumental, Sala 4, Terça 21, 14.15, 16.15, 19.15; Olga Cadaval (Sintra), Sábado, 25, 14.30, 17.00, 19.30.

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O primeiro filme de Brook partiu da ópera escrita por John Gay em 1728, que, a bem dizer, toda a gente, desde Bertolt Brecht e Kurt Weill a Chico Buarque, para ficar pelos bons exemplos, fez uma versão a que chamou outra coisa qualquer. Peter Brook, em 1953, também não resistiu a esta comédia moral sobre um bandido que, na prisão, conta aos outros prisioneiros as suas aventuras. E, com Laurence Olivier chefiando o elenco onde também se encontram Hugh Griffith, John Baker e Margot Grahame, criou um filme exuberantemente romântico com o argumento de Christopher Fry e Denis Cannan, e a fotografia de Guy Green.

Medeia Monumental, Sala 2, Terça, 21, 19.00.

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O título da peça de Peter Weiss aqui adaptado diz tudo: A Perseguição e o Assassinato de Jean-Paul Marat Desempenhados pelos Loucos do Asilo de Charenton sob a Direção do Marquês de Sade. E é isso mesmo, uma ficção contemporânea sobre um episódio, que talvez seja verdadeiro, passado durante a prisão do Marquês de Sade num manicómio francês, onde a produção – como dizer? – ganha vida própria e pelo seu desenvolvimento natural cria o caos entre doentes e sãos e à revolta dos presos interpretados por Glenda Jackson, Patrick McGee, Ian Richardson, Clifford Rose e Susan Williamson.

Medeia Monumental,  Sala 1, Quarta, 22, 16.30.

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A Guerra do Vietname mexeu com tudo e ninguém ficou indiferente, tornando-se, aliás, parte importante da consciencialização política da contra-cultura que, durante os anos de 1960, se atirou que nem gato ao bofe às instituições políticas e não deixou em bom estado as instituições culturais. Apesar do seu aparente desdém pelo mundo, Brook é um criador atento e, embora não muito dado a levantar bandeiras por dá cá aquela palha, em 1968 criou esta película (com Mark Jones, Pauline Munro, Eric Allan, Mary Allen e o inevitável Robert Langdon Lloyd), tão imbuída do espírito incendiariamente renovador da época que foi retirada da programação do Festival de Cannes “pelo seu conteúdo inflamatório”.

Medeia Monumental, Sala 2, Domingo, 26, 21.30.

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As principais estreias de cinema em Novembro
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Sally Potter regressa a preto e branco. Hercule Poirot volta a investigar Um Crime no Expresso do Oriente. Zack Snyder reúne finalmente a Liga da Justiça. Elizabeth Moss brilha no vencedor da Palma de Ouro de Cannes 2017. Julie Delpy faz um viúvo alegre. Acontece tudo isto (e não só) nos filmes que se estreiam nos cinemas portugueses em Novembro. Não se pode pedir muito mais.

LEFFEST – Lisbon & Sintra Film Festival: um filme por dia…
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Com esta são oito as edições do LEFFEST – Lisbon & Sintra Film Festival, e, mais umavez, o evento trás o seu desfile único de estrelas do cinema alternativo. Melhor, oprograma, entre competição, antestreias, homenagens e retrospectivas, fornece, ao longode 10 dias, uma larga panorâmica do cinema contemporâneo.

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Um Crime no Expresso do Oriente
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Dos vários actores que já interpretaram Hercule Poirot 
no cinema e na televisão, é geralmente consensual que David Suchet, na série Poirot, é aquele que, da aparência física à personalidade e aos tiques e manias, faz melhor e mais perfeita justiça à imortal figura do detective particular belga criado por Agatha Christie. 

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