Assim, à primeira vista, o Canadá é quem manda na nova edição da Monstra, entre esta quarta-feira e dia 31, nos cinemas S. Jorge, Ideal e City Alvalade, mas também na Cinemateca e no Museu Nacional de Etnologia. É só à primeira vista. Olhámos para cada item da programação, encontrámos pérolas por todo o lado, e escolhemos uma por dia.
Entre mais de 550 filmes, pode dizer-se, está o mundo do cinema de animação. Este ano o destaque vai para o Canadá, o que quer dizer principalmente para a obra do visionário experimentalista Norman McClaren. Mas também, entre as secções competitivas, realce é dado ao cinema do Japão, que aí está, em retrospectiva dedicada ao realizador Satoshi Kon. Mais, na secção A BD no Cinema de Animação encontra-se longas-metragens dedicadas a Corto Maltese e Tintim, e, um pouco à parte, uma sessão dedicada aos 90 anos do Rato Mickey. E falta o quê? Ora, falta enumerar os filmes Históricos, a DokAnim, destinada a documentários; mais o cinema de terror, na secção TerrorAnim, e, entre várias homenagens, o Cinema Experimental; ou, para apimentar a coisa, a Monstra Triple X, dizem eles: “uma selecção de filmes sensuais.”
Ser o cachorro mais mimado pela rainha de Inglaterra é, sem dúvida, uma vantagem, mas também um mundo fechado. Porém aberto que baste para Corgi imaginar a vida fora dos portões de Buckingham e dar uma escapadela até à vida real. No filme dirigido por Ben Stassen que abre o festival, o real canídeo tem umas aventuras e apaixona-se, ao mesmo tempo que descobre quem é numa espécie de epifania existencial.
Qua 20, 19.30, Cinema São Jorge. 4,50€.
Incluído na Retrospetiva Satoshi Kon, este filme de 1997 centra-se na vida de uma artista pop que deseja ser uma actriz, concretiza o seu sonho integrando o elenco de drama de mistério… E a sua vida torna-se sinistra.
Qui 21, 22.00, Cinema Ideal. 4,50€.
Um dos mais importantes mestres do cinema de animação, Norman McClaren foi um artista com uma visão, que, na sua concretização, revolucionou o género e influenciou cineastas por todo o mundo. Esta sessão, com uma dezena de curtas, é uma espécie de introdução à obra do realizador ou, se preferirem, o resumo de uma revolução.
Sex 22, 20.00, São Jorge. 4,50€.
Satoshi Kon é um realizador como nenhum outro, capaz, firmemente agarrado à sua raiz, de fazer progredir a tradição da animação nipónica como mais ninguém. O que é bem demonstrado nesta obra de 2001, no qual uma equipa de televisão acompanha uma antiga actriz através das memórias da sua carreira no meio de um enredo filiado no fantástico.
Sáb 23, 22.00, Cinema Ideal. 4,50€.
Homenagear Corto Maltese é homenagear Hugo Pratt, o seu criador, apesar de nenhum dos filmes sobre a personagem ter a sua assinatura. E isto porque o respeitinho é muito bonito e perfeita é a banda desenhada que Richard Danto e Liam Saury realizaram em 2002, onde, a bem dizer, apenas puseram as imagens em movimento para a obra continuar exemplar.
Dom 24, 22.00, Cinema Ideal. 4,50€.
Satoshi Kon, outra vez, porque o realizador japonês tem sabido inovar dentro da rica tradição da animação nipónica como nenhum outro, e porque este filme de 2003 é um exemplo entre harmonia estética e solidariedade humana com o seu enredo sobre três sem-abrigo e um bebé.
Seg 25, 22.00, Cinema City Alvalade. 4,50€.
“A experimentação não tem nada a ver com técnica nem nada a ver com abstracção.” As palavras são de Paul Bush, figura central do programa da secção Animação Experimental, que aproveita esta sessão para demonstrar o que diz apresentando mais de uma dúzia de filmes de autores contemporâneos, entre eles Martin Arnold, Phil Mulloy e Gianluigi Toccafondo.
Ter 26, 18.00, Cinema Ideal. 4,50€.
Comédia amalucada sobre amor secreto, que inclui um assassino psicótico e uma amizade posta à prova. Por tudo isto passa Terkel, aluno do 6º ano que a realização de Kresten Vestbjerg Andersen, Thorbjørn Christoffersen e Stefan Fjeldmark mostra como um tipo medroso, mas bom rapaz, que lá acaba por escapar com glória aos rufias.
Qua 27, 18.00, Cinema Ideal. 4,50€.
Mais uma viagem pelo Canadá, agora para mostrar parte do trabalho de Caroline Leaf, realizadora experimentalista que não só acompanhou Norman McClaren nas suas explorações como criou obra própria e notável.
Qui 28, 17.00, Cinema São Jorge. 4.50€.
Kid tem 15 anos, está num orfanato, não sabe quem é ou de onde vem. Um dia rouba um veleiro e parte com os seus colegas à procura do lendário tesouro do pirata Black Mor neste filme assinado por Jean-François Laguionie, fundador da produtora La Fabrique, em 2005.
Sex 29, 20.00, Cinema City Alvalade. 4,50€.
Se há um ícone do cinema de animação ele é com certeza o Rato Mickey. A brilhante criação de Walt Disney tem nesta homenagem da Monstra 10 filmes assinados por realizadores como Wilfred Jackson, David Hand, ou Clyde Geronimi.
Sáb 30, 16.00, Cinemateca. 3,20€.
Dominique Monféry, realiza este argumento de Anik Leray no qual o jovem Natanaël, aos sete anos, ainda não sabe ler. Nestes casos ajuda ter um tio excêntrico capaz de encaminhar o rapaz pelo caminho das letras e, depois, pelas delícias da leitura, apesar de alguns empecilhos mais ou menos maléficos plantados no caminho.
Dom 31, 14.00, Cinema City Alvalade. 4,50€.
Há pessoas que acham que os adultos não devem brincar. Que existe uma data de validade para a diversão e, terminado esse prazo, há que viver uma vida séria, empilhando responsabilidades, suportando maus empregos e péssimos casamentos. Felizmente, há cada vez mais adultos a escapar a essa armadilha – e a brincar pela vida fora. A diversão está descentralizada, democratizou-se, e a infância é um estado intermitente que nos visita de vez em quando.
Já lá vão os tempos em que o cinema de animação só aparecia nos cinemas por ocasião das festas: no Natal, pelo Carnaval e na Páscoa. Agora, temos filmes do género nas salas ao longo de todo o ano, e já não vêm apenas dos Estados Unidos na sua esmagadora maioria, como se pode ver pelos dez títulos que estão previstos estrearem-se nos próximos três meses, entre Março e Maio.
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