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A Paixão de Van Gogh
A Paixão de Van Gogh

Os vencedores dos Prémios Europeus de Cinema 2017

Ao fim de 30 edições, os Prémios Europeus de Cinema não têm o charme nem a exposição dos Óscares ou dos Globos de Ouro. Quer dizer: poucos lhes ligam. Porém é grande a qualidade apresentada e premiada, como se vê pela lista de vencedores.

Escrito por
Rui Monteiro
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Sem ser um grande espectáculo, que não é, esta edição dos Prémios Europeus de Cinema não foi de todo desprovida de acção… política, e vários foram os galardoados que abordaram temas como a falta de liberdade de expressão ou o assédio sexual. O centro da acção, esse, permaneceu no cinema e na particularmente boa colheita do ano.

Os vencedores dos Prémios Europeus de Cinema 2017

O Quadrado

Com a Palma de Ouro do Festival de Cannes já no bolso, o filme de Ruben Östlund saiu de Berlim ainda mais prestigiado com a carrada de prémios que acumulou. Primeiro, O Quadrado foi, até aqui, a única película a vencer os dois principais prémios, Melhor Filme e Melhor Comédia. E, como se isso não bastasse, Östlund ainda arrecadou os galardões para Melhor Realização e Melhor Argumento. O Melhor Actor, entregue a Claes Bang, e o prémio para o Melhor Desenho de Produção, ganho por Josefin Åsberg, foram as outras razões que fazem desta película sueca, sátira ao mundo da arte contemporânea, um inesperado e curioso e estimulante triunfador.

Corpo e Alma

A quantidade de prémios recolhida pelo candidato da Suécia ao Óscar de Melhor Filme Estrangeiro deixou poucas sobras para o resto da concorrência. Isso, no entanto, não foi impedimento para Corpo e Alma, do realizador húngaro Ildikó Enyedi, ver reconhecida a categoria da interpretação da actriz Alexandra Borbély nesta história de amor, serenamente peculiar, passada num matadouro nos arredores de Budapeste, onde contracena com Géza Morcsányi.

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A Paixão de Van Gogh

Era mais ou menos inevitável, dada a qualidade da obra e a ausência de concorrência à altura, que o filme de Dorota Kobiela e Hugh Welchman, mais a sua tese alternativa à explicação oficial de morte por suicídio do pintor Vincent Van Gogh, saísse de Berlim com o prémio para o Melhor Filme de Animação. Pois saiu e, pois, foi merecido, porque além da qualidade da animação, os seus dois realizadores acrescentaram um argumento envolvente para melhor apresentar a possibilidade da morte do pintor holandês ser homicídio involuntário. Teoria que, aliás, conforme Eurico de Barros referiu, aqui mesmo, na Time Out, na sua crítica à obra, vem da biografia, publicada em 2011, por Steven Naifeh e Gregory White Smith, VanGogh: The Life.

Stefan Zweig: Adeus, Europa

O Prémio do Público, outro dos mais importantes galardões em disputa, coube, nesta edição, a Stefan Zweig: Adeus, Europa, dirigido por Maria Schrader, que também assina o argumento, com Jan Schomburg, e conta no elenco com as preciosas colaborações de Tómas Lemarquis, Barbara Sukowa e Nahuel Pérez Biscayart. O filme remete a acção para 1936, quando o então já ilustre escritor Stefan Zweig deixa a Áustria rumo à América do Sul em fuga da perseguição nazi aos judeus na Europa.

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120 Batidas por Minuto

Quem esperava do júri europeu maior atenção para o empolgante 120 Batidas por Minuto saiu decerto desiludido, pois o filme de Robin Campillo (argumentista em A Turma, de Laurent Cantet, e realizador do raro filme fantástico francês Les Revenants) apenas recolheu o prémio Melhor Edição, entregue ao realizador, a Stephanie Leger e a Anita Roth. Centrado no movimento Act-Up Paris, no início dos anos de 1990, Campillo elabora uma politicamente consciente viagem ao tempo em que os doentes de Sida, como grande parte dos militantes daquele movimento, se sentiam isolados e desprezados e discriminados pelo governo francês, decidindo passar à acção sem hesitarem a recorrer aos métodos mais radicais de acção política.

Loveless

Da Rússia sem amor, bem se pode dizer deste filme vencedor do prémio para Melhor Fotografia entregue a Mikhail Krichman. Realizado por Andrey Zvyagintsev, com argumento de Oleg Negin e Andrey Zvyagintsev, e interpretação de Maryana Spivak, Aleksey Rozin e Varvara Shmykova, a obra mostra a conflituosa relação entre um casal divorciado, contudo obrigado a viver no mesmo apartamento por necessidade económica e dificuldade em achar alojamento decente em Moscovo. Claro, o apartamento, até por ambos terem encontrado já novas companhias sentimentais, torna-se um campo de batalha, apenas apaziguado quando o ex-casal, ao fim de dois dias, repara no desaparecimento do filho de ambos.

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Lady Macbeth

Quem pode ficar satisfeito, embora arredado dos prémios principais, é o realizador William Oldroyd, eleito, pelo seu trabalho em Lady Macbeth, Descoberta Europeia de 2017. A partir da ópera Lady Macbeth of the Mtsensk District, do compositor russo Dimitri Shostakovich, com a colaboração dos argumentistas Nikolai Leskov e Alice Birch, e, entre outros, dos actores Florence Pugh, Cosmo Jarvis e Paul Hilton, Oldroyd situa o filme na Inglaterra rural em meados do século XIX. Aí encontramos Katherine, a bem dizer, prisioneira de um casamento sem amor com um homem muito mais velho, que, está bem de ver, se envolve com um jovem trabalhador da quinta libertando em si forças que desconhecia.

Outros prémios de cinema

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