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BEEF
Andrew Cooper/Netflix Ali Wong and Steven Yeun in ‘Beef’

‘Rixa’, muita palha e pouco conflito

Se existe série recente que não justifica todo o hype levantado em seu redor, é esta produção da A24 para a Netflix.

Escrito por
Eurico de Barros
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★★☆☆☆

Em 2002, o inglês Roger Michel rodou nos EUA um filme intitulado Manobra Perigosa. Ben Affleck e Samuel L. Jackson interpretam dois homens de meios sociais muito diferentes que se envolvem num acidente de automóvel em Nova Iorque. Ambos estão sob grande pressão profissional e familiar, e em vez de chegarem a um acordo civilizado, começam a perseguir-se um ao outro, procurando causar o máximo de dano mútuo possível. Um comportamento que acaba por ter muita repercussão nas vidas de cada um, e dos que lhes são mais próximos. A série Rixa (Netflix), uma produção da A24, o estúdio mais na moda nos EUA hoje, de onde saiu, entre muitos outros, o oscarizado Tudo em Todo o Lado ao Mesmo Tempo, passa-se em Los Angeles entre americanos de origem sul-coreana, um homem, Danny (Steven Yuen) e uma mulher, Amy (Ali Wong) mas a história é exactamente a mesma de Manobra Perigosa.

E o seu grande problema é que o homem que a criou, Lee Sung Jin, leva 10 episódios a contar o que podia ter perfeitamente feito em cinco ou seis. Não é só o cinema que está a sofrer de falta de poder de síntese. Rixa pode ter bons intérpretes, personagens bem caracterizadas e desenvolvidas, um temperozinho de sátira social aos californianos afluentes e vácuos (ver a personagem de Maria Bello) e um punhado de momentos altos e intensos. Mas é prolixa, banhuda, tagarela, cheia de tempos mortos e distracções laterais, e bastante chata (depois de um começo forte, arrasta-se penosamente até ao quarto episódio), e o conflito anunciado pelo episódio de “raiva rodoviária” que pega fogo ao rastilho da narrativa torna-se escasso e intermitente.

De tal forma que o espectador dá por ele a pensar onde cortava no enredo para que a história ande mais depressa, ganhe estaleca dramática e haja mais progressão e agitação (como sucede – finalmente! – no nono episódio, em que Lee Sung Jin parece querer compensar-nos por tudo o que faltou nos anteriores). Há também uma coincidência envolvendo Amy e o irmão de Danny, que é fulcral para fazer progredir a intriga, mas colossalmente inverosímil – e aquele fim em “conciliação” fofinha não colhe de forma nenhuma. Se existe série recente que não justifica todo o hype levantado em seu redor, é Rixa. (E porquê aqueles títulos pretensiosíssimos para cada episódio?). 

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