Saoirse Ronan
Photograph: Ben Rayner
Photograph: Ben Rayner

Saoirse Ronan: "O amor é importante, mas não é tudo"

Entrevista a Saoirse Ronan, a protagonista e a melhor parte do filme 'Na Praia de Chesil', de Dominic Cooke

Isabelle Aron
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Saoirse Ronan ainda se lembra de quando levou a mãe aos Óscares e quase perderam o discurso de abertura. Era a segunda vez que Ronan estava na cerimónia, nomeada pela sua participação em Brooklyn, de John Crowley.

Enquanto a maior parte dos actores passam uma vida inteira sem cheirar um Óscar, ela foi nomeada pela primeira vez com 13 anos, pelo seu papel em Expiação, realizado por Joe Wright a partir de um romance de Ian McEwan. Agora com 24 anos, volta a entrar numa adaptação de um livro de McEwan: Na Praia de Chesil, dirigido por Dominic Cooke. Nos anos que separam os dois filmes, ela entrou em filmes como Grand Budapest Hotel, de Wes Anderson, ou Lady Bird, de Greta Gerwig (que lhe valeu a terceira nomeação para os prémios da Academia). E não duvidem que é uma questão de tempo até levar uma estatueta dourada para casa.

 

Neste filme interpretas uma recém-casada cuja relação se desmorona devido ao seu medo da intimidade sexual. Foi frustrante interpretar alguém assim?

Eles não conseguirem comunicar, naquela altura, era normal. Senti-me impaciente por eles, porque a história passa-se em 1962, um pouco antes de os jovens terem uma liberdade que nunca tinham experienciado. Estavam quase lá.

É óbvio que as coisas mudaram, mas achas que as pessoas ainda se vão rever no filme?

Sim. Ainda hoje há uma grande pressão sobre as mulheres para se comportarem de certa maneira. E acontece o mesmo com os homens. [O Edward, o marido] também não sabe o que está a fazer.

De certa forma, Na Praia de Chesil é um filme sobre a entrada na vida adulta. Qual é o teu favorito dentro do género?

O Dança Comigo [Dirty Dancing, no original]. O filme é claramente sobre ela e o personagem do Patrick Swayze, mas eu sempre gostei da relação dela com a Penny. Os filmes que eu adorava quando era mais nova tinham sempre uma grande amizade no centro da narrativa.

Pode-se dizer o mesmo do Lady Bird. Há um amor adolescente, mas o filme não é propriamente sobre isso.

Acho que a ideia é mesmo essa: o amor é importante, mas não é tudo. O arco narrativo das personagens femininas costuma centrar-se num aspecto muito particular das suas vidas. E é bom ver um filme em que isso não é o único que importa. As pessoas estavam a precisar disso.

Muitas pessoas viram a sua própria relação com a mãe reflectida nesse filme. Foi o teu caso?

Lembro-me de ver a cena em que elas vão ver casas e fingem que as vão comprar. Era algo que eu costumava fazer com a minha mãe e o meu pai. Ainda o fazemos, a bem da verdade.

Já trabalhaste com muitos nomes grandes do meio. Alguém foi uma espécie de mentor para ti?

Era uma grande fã da Greta Gerwig antes de trabalhar com ela no Lady Bird. Conhecê-la e saber que ela sabia quem eu era e queria falar comigo sobre o argumento foi muito entusiasmante. Ela tem-me apoiado muito.

O que é que aprendeste com ela?

Ela é tudo o que eu quero ser enquanto actriz e realizadora. Lembro-me de pensar que talvez um dia gostasse de realizar e depois de estar com ela, e vê-la trabalhar, percebi que queria mesmo muito fazer isso.

Ganhaste um Globo de Ouro este ano. Estavas à espera disso?

Não. E não estava preparada. Não escrevi um discurso porque isso me ia deixar ainda mais nervosa, e quando és chamada tudo acontece muito depressa. Ver pessoas como a Fran McDormand serem tão eloquentes naquele palco é impressionante, porque é mesmo muito difícil.

Como é que foi trabalhar com o Wes Anderson no Grand Budapest Hotel?

Ele presta muita atenção a todos os pormenores. Nunca tinha visto nada assim. Ele olha para cada par de meias que os actores vão usar para garantir que são do tom de verde certo.

O que é que vais fazer a seguir?

Vou passar a maior parte do ano a viajar, escrever um bocado e trabalhar com os meus amigos num projecto mais pequeno. Temos todos a mesma idade, o que não é habitual para mim, porque sempre fui a pessoa mais nova que trabalhava sozinha.

Conversa filmada

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Não há outro realizador como Wes Anderson. O mestre do estilo, o defensor do irrisório, o apreciador de paletas de cor muito específicas… Independentemente do gosto pessoal, os seus filmes são sempre espantosos. Ilha dos Cães é o mais recente, e o segundo de animação, após O Fantástico Senhor Raposo. Uma adorável aventura canina que se passa numa ilha perto do Japão para onde todos os canídeos do país foram banidos depois de um surto de “gripe canina”. Tem toda a riqueza visual que se espera de um filme de Wes Anderson, bem como uma mensagem altamente positiva sobre a importância da tolerância. Ah, e Harvey Keitel a uivar.

  • Filmes

Joaquin Phoenix ainda mal acordou quando abre a janela e começa a fumar. É sábado de manhã em Londres, muito cedo, mais ainda mais para ele, meio abananado pelo jet lag – um homem no seu próprio fuso horário. Na verdade, ele parece estar assim desde que o vimos em Lar, Doce Lar... às Vezes (1989), de Ron Howard, quando tinha apenas 14 anos. É uma anti-estrela de cinema que faz as coisas à sua maneira, sempre um pouco desalinhado e com o mundo a girar à sua volta.

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Todd Haynes: "Sempre gostei de ser estranho"
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Todd Haynes já anda nisto desde os anos 90, foi um pioneiro do new queer cinema, trabalhou com grandes actores e actrizes. O Museu das Maravilhas é o seu mais recente filme, uma história sobre duas crianças mudas em Nova Iorque, mas em tempos diferentes. Uma nos anos 20 e outra nos anos 70. O filme foi o ponto de partida para uma conversa com o realizador.  

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