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queers on wheels
Fotografia: Manuel Manso

Dykes on Bikes à alfacinha

Chamam-se Queers on Wheels e vão abrir a Marcha do Orgulho LGBT da cidade. Apresentamos-lhe o novo grupo que junta motas e miúdas. Os próximos passeios calham a 14 de Maio e 3 de Junho

Escrito por
Clara Silva
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“Sim, somos fufas. Sim, andamos de mota. Sim, estamos aqui para andar com a mota por cima de ti se for preciso.” Cátia Figueiredo, uma das fundadoras do grupo Queers On Wheels Lisboa, diz que “é OK” assumir o estereótipo de rapariga que anda de mota. “Associas muito motas a mulheres butches [mais masculinas] e há preconceitos para mulheres masculinas, há preconceitos para mulheres lésbicas, há preconceitos para mulheres que andam de mota”, continua. Há preconceitos para tudo, mas não é isso que vai afastar estas miúdas das motas. Pelo contrário. O grupo Queers on Wheels foi criado em Janeiro deste ano por um grupo de “amigas e pessoas que se conheciam e partilhavam os mesmos gostos”, adianta Sónia, outra das raparigas do grupo. “Conhecia a Cátia e a Susana através da rede ex-aequo [uma associação LGBT+]”, explica Ana Costa, outra das fundadoras.

“Sempre andei de mota, elas compraram mota e então juntámo-nos e o grupo começou como uma ideia tonta de ir a Madrid, ao World Pride.” É provável que não consigam fazer a viagem, até porque, com profissões tão diferentes, é impossível conciliarem folgas. Uma é bióloga, outra gere uma guesthouse na Ericeira, outra é investigadora, há quem trabalhe num banco e até num laboratório... Só aos fins-de-semana há algum tempo livre e é nessa altura que se costumam encontrar. O grupo já organizou três passeios de mota – ao Cabo da Roca, ao Carnaval de Torres Vedras e à Arrábida – e cada mês há um destino novo. Para participar não é preciso ter uma mota específica, dizem elas. “Chopper ou scooter, Café Racer ou de pista, Vespa ou Harley, se partilhas esta paixão tens lugar neste grupo”, escrevem no site.

Quem não tem mota também é bem-vindo, até porque há sempre lugares vagos nos passeios e em breve pode até haver uma parceria com uma empresa de aluguer de motas. Apesar de o grupo ser formado na maioria por mulheres, não há qualquer discriminação: “Homens, mulheres, pessoas que não se identificam com nenhum destes géneros, trans,... Aceitamos toda a gente”, sublinham.

Um dos principais objectivos do Queers on Wheels vai ser cumprido a 17 de Junho, na altura da Marcha do Orgulho LGBT de Lisboa. O grupo espera nessa altura ter pelo menos 15 motas para “abrir ou fechar”, ainda não decidiram, a Marcha do Orgulho LGBT pelas ruas da cidade e já faz parte da comissão organizadora. “Um bocadinho ao estilo Dykes on Bikes”, diz Cátia. As Dykes on Bikes (famoso grupo fundado em Chicago em 1976 e que já se expandiu para várias partes do mundo, da Austrália à Grécia) serviram, aliás, de inspiração para o grupo queer alfacinha, que pode estender-se a outras zonas do país e até organizar um encontro nacional sem preconceitos. “Não ia a uma concentração em Faro, por exemplo”, diz Ana, que até está a modificar a sua própria mota numa garagem na Ericeira. “Este grupo surgiu para ser uma coisa mais segura, de passeio. Para aproveitar e poder andar de mota sem haver demasiada masculinidade.”

Lisboa gay

  • Noite

Os primeiros bares gays em Lisboa começaram a espreitar pela fresta do armário nos anos 60. Hoje, os dedos de duas mãos não chegam para os contar. Este é só um sinal de que a cidade está cada vez mais arejada e pronta para acolher toda a gente. 

  • Gay

All-male gay urban resort. O rótulo aparece logo assim que abrimos o site da The Late Birds, a desencorajar casais hetero ou mulheres de marcarem aqui a sua escapadela romântica em Lisboa. “Quer dizer, não discriminamos ninguém, mas queremos deixar o nosso target bem claro”, diz Carlos Sanches Ruivo, de 48 anos, um dos dois sócios (ao lado de Sónia Santiago) da guest house no Bairro Alto.  

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