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Fado Bicha
©Clara RosadoFado Bicha

Fado Bicha: "Elza Soares disse-nos que estava muito emocionada"

Os Fado Bicha terminam a sua campanha de crowdfunding para a gravação de um disco esta sexta-feira, com um concerto no Finalmente.

Escrito por
Clara Silva
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Lila Fadista e João Caçador têm andado ocupados. O projecto de fado queer que mantêm desde 2017 ultrapassou a marca dos 200 concertos e já os fez receber elogios da cantora Elza Soares. Pelo meio, fizeram uma canção para a campanha do Livre e receberam já este ano um Prémio Arco-Íris da ILGA. Nesta entrevista, feita por escrito, respondem colectivamente.

Como foi 2019 para Fado Bicha?

Riquíssimo. Fizemos coisas que não imaginávamos, como participar como actores num filme e num musical no São Luiz, com o Teatro Praga. Demos concertos fantásticos, conhecemos tantas pessoas, gravámos quatro videoclipes, ui... Mesmo cheio e significativo.

Algum momento mais marcante?

Talvez recebermos uma mensagem áudio da Elza Soares a dizer que estava muito emocionada com a nossa homenagem, a versão que fizemos da música dela, “Mulher do Fim do Mundo”. Foi um momento de arrepiar até ao coração.

Também participaram na campanha da Joacine. Como foi?

Ficámos na dúvida se devíamos aceitar a proposta, não por ser para o Livre ou para a Joacine, mas por subentender um posicionamento directo com um partido. Depois decidimos que seria uma eleição histórica. Tínhamos muito respeito pela Joacine e quisemos avançar. Foi muito estimulante trabalhar com o André [Teodósio] e o Xinobi. Escrever a letra foi superdesafiante, depois de uma conversa longuíssima com a Joacine. As pessoas envolvidas estavam todas muito entusiasmadas, foi bom viver isso.

Qual tem sido a reacção do público a Fado Bicha?

Muito boa. Em dois anos e meio já demos mais de 200 concertos. A única música de intervenção que há em Portugal nas últimas décadas é o rap. Achamos que as pessoas se emocionam com o nosso lado de intervenção. Sabem e sentem que ele vem de um lugar de vulnerabilidade e sofrimento, empatizam porque é a história de muitas delas.

Como se conheceram e como surgiu este projecto de fado queer?

Conhecemo-nos porque o João viu, meio que aleatoriamente, um vídeo da Lila a cantar no FavelaLx [bar de Alfama que entretanto fechou], nas noites de Fado Bicha. Identificou-se com aquele lugar de liberdade e perguntou se queria um guitarrista. A primeira actuação foi a 11 de Maio de 2017.

Estavam à espera que tivesse esta repercussão?

Sim e não. Por um lado, sabíamos que isto fazia falta, que também seria entusiasmante para nós enquanto espectadores. Por outro, não sabíamos quanto o fado apelaria a pessoas sensíveis à cultura queer e também tínhamos muitas dúvidas em relação à nossa capacidade. Por isso, toda esta evolução tem sido surpreendente também para nós.

Este concerto marca o fim da vossa campanha de crowdfunding. Em que consistiu?

Iniciámos a campanha em Outubro e terminou em Dezembro e destinava-se a ajudar-nos com as despesas de gravação, edição e promoção do álbum em que já estamos a trabalhar, com o Moullinex como produtor. Incluía outros objectivos, também, como a gravação de três videoclipes e, no geral, permitir-nos subsistir nos próximos meses, enquanto trabalhamos nisto tudo.

Conseguiram os objectivos?

Houve mais de 300 pessoas a apoiar-nos na campanha e estamos muitos gratos a todas elas. Não conseguimos atingir o objectivo e vamos ter de reajustar a forma como distribuiremos o dinheiro doado. A prioridade será sempre gravar o álbum.

O que podemos esperar do disco?

Encontrámos no Moullinex um produtor muito sensível, que nos entende, respeita e desafia. É a melhor mistura possível. O álbum vai ter várias canções originais e reinterpretações de algumas das músicas que já cantamos, como a “Lila Fadista”, de uma forma que a nova produção nos permite explorar.

E o que podemos esperar deste concerto no Finalmente?

Ah, vai ser um regresso às origens. Já não cantamos em Lisboa desde Setembro do ano passado e só cantámos no Finas uma vez e pouquinho tempo. Vai ser óptimo para rever amigos e seguidores e fazer uma festinha bem íntima.

LGBT+

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Ary e Isaac criaram um canal no YouTube, T Guys Cuddle Too, onde ajudam outras pessoas trans e tiram dúvidas sobre várias questões queer. Verdadeiro serviço público. O que é ser cisgénero ou transgénero? Em que consiste a mastectomia? Quais as diferenças entre trans, transexual, transgénero e travesti? A transição completa existe? Que casa de banho deve uma pessoa trans usar? Ary Zara Pinto e Isaac Santos esclarecem todas as dúvidas.

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Os primeiros bares gays em na cidade começaram a espreitar pela fresta do armário nos anos 60. Hoje, os dedos de duas mãos não chegam para os contar. Este é só um sinal de que a cidade está cada vez mais arejada e pronta para acolher toda a gente. De quartos escuros a bares fetichistas, sem esquecer discotecas onde se dança nu e terminando nos melhores sítios para beber um copo ao fim do dia. 

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