Queerentena, Valsa, Dia Nacional da Visibilidade Lésbica
©DRQueerentena no Valsa
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Uma Queerentena em cheio

O Clube Safo criou em Abril a plataforma Queerentena, com sugestões de filmes, livros e actividades online. Tudo grátis e muito lésbico

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No passado domingo, 26 de Abril, assinalou-se o Dia Nacional da Visibilidade Lésbica, a primeira letra da sigla LGBT, mas uma das que tem vindo a perder mais visibilidade. Quem o diz é Alexa Santos, uma das actuais responsáveis pelo Clube Safo, fundado em Aveiro em 1996 e a mais antiga associação de luta pelos direitos das lésbicas em Portugal.

“No ano passado, no Dia da Visibilidade Lésbica, não vi nenhuma associação LGBTI a fazer nada, nem uma mesa redonda, nem um post no Facebook, zero”, começa Alexa. “O cúmulo da invisibilidade.” Foi aí que lhe surgiu a ideia de dar uma nova vida ao histórico clube, que tinha entrado num “hiato” em 2012.

O Safo, responsável em tempos pela revista Zona Livre, há muito que estava inactivo. Alexa, familiarizada com o activismo, já tinha criado o Queering Style, uma espécie de blog onde tratava temas queer, e decidiu falar com a antiga direcção. Em Novembro começaram a reunir-se.

O que prometia ser um ano promissor para os novos encontros do Clube Safo por todo o país, acabou por ficar em stand-by com a pandemia. “Como estávamos em modo ansiedade pura, decidimos fazer uma plataforma com conteúdos digitais para ajudar as pessoas que estão como nós”, conta Alexa. A Queerentena surgiu mesmo a tempo do “mês da visibilidade lésbica”, como o Clube decidiu decretar Abril, e é agora um dos sites mais completos com sugestões de entretenimento queer para a quarentena.

“A plataforma serve para a disseminação de conteúdos numa época em que a única forma de nos entretermos é em casa e online”, explica Alexa. “Muitas vezes achamos que há uma falta de recursos e a plataforma serve exactamente para juntá-los a todos.”

De filmes e séries disponíveis online gratuitamente – “já basta não termos dinheiro para pagar a renda e a alimentação porque fomos despedidas”, acrescenta – a livros e cursos, passando por aulas de exercício físico ou sugestões para crianças, aqui há de tudo. “[São] conteúdos feitos por mulheres, feministas, anti-racistas e lésbicos. São também queer e LGBTI, mas já existem essas associações. O trabalho que queremos fazer tem em vista esse público alvo: lésbicas.”

A Queerentena tem, por exemplo, sugestões de visitas virtuais a museus, mas também sugestões de podcasts (o norte-americano Dyking Out é um deles, o brasileiro Outras Mamas outro). Tem também um grupo de WhatsApp e outro de Skype, onde ao domingo costuma acontecer um chá virtual e onde são comuns happy hours e “conversas de café”.

“As pessoas ficam assoberbadas com os conteúdos online e muitas vezes não existem sítios onde possam ir simplesmente para conversar, até de outra coisa que não seja a pandemia”, diz Alexa. “Queremos trazer a palavra lésbica de novo para o mapa”, remata Alexa. “Queremos que as lésbicas não tenham medo de dizer que são lésbicas.”

Descubra, abaixo, as melhores sugestões desta Queerentena.

Recomendado: Estas aulas vão mexer consigo

Quatro sugestões só para elas

1. Aulas com Blaya

Para quem já desistiu de yoga e pilates, as aulas de dança de Blaya, às terças e quintas, podem ser uma boa solução para queimar calorias. Os vídeos acontecem na sua conta de Instagram e num deles Blaya ensina fazer o passo do “quadradinho”, aparentemente um dos mais pedidos pelos fãs.

No Instagram @Blayacondios

2. LGBTFLIX

É uma espécie de Netflix só com filmes LGBT, mas gratuito e Made In Brasil. Pensado para o entretenimento em tempos de quarentena, o LGBTFLIX tem mais de 150 filmes brasileiros, grande parte curtas.

votelgbt.org/flix

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3. Making Gay History

O podcast norte-americano Making Gay History tem agora uma edição especial de quarentena, a revisitar o arquivo de episódios de mais de 60 figuras históricas e inspiradoras do movimento de luta pelos direitos LGBT.

makinggayhistory.com

4. Lesboteca

Um catálogo online de obras literárias de temática lésbica, a Lesboteca foi criada pela bibliotecária brasileira Débora Mestre e é uma boa maneira de encontrar livros para se entreter nos próximos tempos. De poesia a banda desenhada, de romances a revistas ou literatura infanto-juvenil, alguns estão disponíveis de graça.

lesboteca.com

Mais sugestões para esta quarentena

  • Filmes

Nas últimas décadas, o preconceito parece ter-se esbatido. Não é que a posição da indústria em relação ao assunto seja unânime, mas há cada vez mais espaço para grandes histórias que, numa outra altura, teriam ficado arquivadas na gaveta.

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