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Vila Galé Douro Vineyards
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Um refúgio entre as águas do Douro e Tedo

Entre vinhas, passámos três dias a relaxar, a comer e a provar vinho no local onde o rio Douro e o rio Tedo se encontram

Escrito por
Margarida Ribeiro
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Regra geral, a parte mais chata de ir de férias são as deslocações, mas quando o destino é o Vila Galé Douro Vineyards a conversa é outra. Também conhecido como Quinta do Val Moreira, o alojamento fica em Armamar, Viseu, e a melhor forma de lá chegar é pela N222, a estrada que já foi considerada a mais bonita do mundo. Sendo assim já custa menos estar dentro do carro e até é bem provável que, quando começar a ver as paisagens de cortar a respiração, queira prolongar a viagem.

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Muito pouco se sabe sobre a história desta propriedade, apenas que no mapa do Barão de Forrester (século XIX) aparece assinalada como Quinta do Val Moreira. Suspeita-se que o nome tenha surgido porque o Visconde de Valmor tinha uma casa muito perto dali (ainda a consegue ver, mas está em ruínas). Nas proximidades, está um dos marcos mandados construir pelo Marquês de Pombal em 1757. Está classificado como imóvel de interesse público e servia para demarcar a zona dos vinhos generosos do Douro. Algo que à época estava sob jurisdição da Companhia Geral da Agricultura das Vinhas Douro.

Lições de história à parte, o Vila Galé Douro Vineyards está aberto desde Abril do ano passado e, além de funcionar como um alojamento local, também é onde o vinho de marca própria é feito. A Val Moreira aproveitou 27 dos 40 hectares disponíveis para plantar vinhas e oliveiras – também são produtores de azeite. Isto significa que todas as fases de produção, desde a colheita das uvas ao envelhecimento do vinho, são feitas aqui. O catálogo inclui vinho branco, tinto e do Porto, e só está disponível para beber e comprar aqui.

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O Douro Vinhateiro é o cenário idílico para quem quer beber vinho, claro, e fugir da confusão da cidade. Com apenas sete quartos (com as tipologias standard, suíte, suíte duplex e suíte deluxe), este Vila Galé é o sítio certo para relaxar e descansar. É calmo, silencioso e muito privado. Em breve, o número de quartos vai aumentar para 49, mas o objectivo é manter o ambiente. Ficam todos na zona mais alta do terreno e têm vista para as colinas.

Levar o carro não é uma necessidade, mas pode dar-lhe jeito, não só para passear como para circular dentro da propriedade. É que existe uma pequena estrada, com cerca de 500 metros, que separa a recepção e o local onde ficam os quartos. No entanto, se não tiver transporte, está disponível uma carrinha para levar os hóspedes.

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Quando a fome apertar, significa que está na hora de descer até ao edifício que se divide em recepção, restaurante, bar e terraço. Com grandes janelões e muita luz natural, é no restaurante que pode fazer todas as suas refeições com vista panorâmica para o local onde o rio Douro e o rio Tedo se encontram. Mas o pano de fundo não é o único destaque a fazer: a comida também tem muito que se lhe diga. Ao leme da cozinha está o chef Miguel Santos e o menu foi pensado para privilegiar a cozinha tradicional e os ingredientes locais. À hora do almoço, há um menu (28€) com entrada, sobremesa e prato principal – há apenas um por dia. Se lá estiver numa segunda-feira só poderá pedir pastéis de massa tenra com arroz de feijão manteiga. Se for num sábado, come truta do rio Cávado com presunto e batata cozida.

Quando o sol se põe, as regras mudam e há um menu recheado de coisas boas para provar, como creme de espargos com crocante de salpicão e cebolinho, ou pataniscas de bacalhau com compota de cebola roxa e salada de lombardo. Entre os pratos principais vai encontrar um que recebeu o diploma de bronze no concurso A Revolta do Bacalhau, os medalhões de bacalhau com esmagada de batata, grelos salteados, ovo escalfado e molho de vinho branco. Também há cachaço de porco bísaro, batatas novas, pak choi e uvas em vinho do Porto. Folhado de maçã de Armamar com leite de amêndoa e gelado de nata ou leite-creme de mel com morangos assados são apostas para a sobremesa.

Mas não deixe de abrir com o couvert. Inclui uma selecção de pães (feitos no local em forno a lenha), bola de Lamego e azeite Val Moreira (é de produção própria e perfeito para molhar o pão). Tudo isto pode ser acompanhado com um copo (ou vários) de vinho da Val Moreira.

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Depois de ter a barriga cheia, durante a sua estadia aproveite a biblioteca, onde pode ler os livros de Miguel Torga, um autor muito querido pela região, onde passou muito tempo. Quem fica hospedado neste Vila Galé, em dias de bom tempo, tem que aproveitar para dar uns mergulhos na piscina exterior e se esticar nas espreguiçadeiras.

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Ninguém consegue é voltar para casa sem participar numa prova de vinhos. Há uma todos os dias, às 17.00, para hóspedes. A actividade acontece na Adega Val Moreira e começa com uma visita em que lhe vão explicar a história da marca. A seguir ainda vai conhecer o sítio onde o vinho passa pelos processos de fermentação e estágio. Quando terminar regressa à entrada para fazer uma prova acompanhada dos três tipos de vinho da marca. Aproveite também para apreciar a obra de arte que aqui está exposta: uma representação do mapa do Barão de Forrester feita com rolhas de cortiça. O seu autor é o artista albanês Samir Strati.

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Apesar de não faltarem coisas para fazer, não precisa de passar os dias no hotel. Há muito para visitar nas redondezas e mais vinho para provar em quintas como a Crasto, a Vallado e a Pacheca. Pegue no carro e visite o miradouro de Casal dos Loivos e o de São Leonardo da Galafura, local muito frequentado por Miguel Torga. Só vai precisar de estar lá cinco minutos para perceber por que é que aquela vista tanto inspirou o escritor.

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