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10 temas de jazz das Arábias

O jazz é omnívoro e começou cedo a absorver as mais variadas influências. O Médio Oriente e o mundo árabe, quer pela sua música quer pelo seu imaginário, foram uma fonte de fascínio para os jazzmen

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De Duke Ellington a Sidney Bechet, apure os ouvidos para esta viagem às Arábias.

10 temas de jazz das Arábias

“Caravan”, por Duke Ellington

Ano: 1937

A composição data de 1936 e é de Duke Ellington e Juan Tizol, o trombonista da sua orquestra. A primeira gravação, nesse mesmo ano, foi realizada por um septeto de músicos da orquestra de Ellington, sob o nome de Barney Bigard and his Jazzopaters. Cinco meses depois, a 14 de Maio de 1937, voltaria a ser gravada por Ellington, agora com a orquestra completa e em seu nome. Ellington voltaria repetidamente a “Caravan” ao longo da sua carreira –nomeadamente com Ella Fitzgerald, em 1957 – e muitos outros músicos de jazz fariam as suas versões deste tema.

[Versão de 1937]

“Casbah”, por Tadd Dameron & Fats Navarro

Ano: 1949

A brevidade da vida de Fats Navarro (1923-1950) não lhe permitiu deixar muitas gravações, mas foram suficientes para marcar a história da trompete. Esta gravação provém de uma sessão a 18 de Janeiro de 1949, co-liderada pelo pianista Tadd Dameron, que é também o autor da composição “Casbah”. Os outros músicos são Kai Winding (trombone), Sahib Shihab (saxofone alto), Dexter Gordon (saxofone tenor), Cecil Payne (saxofone barítono), Curley Russell (contrabaixo), Kenny Clarke (bateria), Diego Ibarra e Vidal Bolado (percussão) e Rae Pearl (voz) e foi compilada em The Complete Blue Note & Capitol Recordings of Fats Navarro & Tadd Dameron (Blue Note).

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“Casbah: Song of the Medina”, por Sidney Bechet

Ano: 1949

O clarinetista e saxofonista soprano Sidney Bechet (1897-1959) foi uma das figuras de proa do jazz das décadas de 1930 e 1940, mas a falta de reconhecimento nos seus EUA natais levaram-no a ficar residência em França em 1950. Este outro “Casbah”, composto por Bechet, provém de uma sessão de gravação em Nova Iorque, a 31 de Janeiro de 1949, com Albert Snaer (trompete), Wilbur DeParis (trombone), Buster Bailey (clarinete), James Oliver (piano), Walter Page (contrabaixo) e George Wettling (bateria), em que Bechet toca saxofone soprano.

“El Haris”, por Ahmed Abdul-Malik

Ano: 1958

Ahmed Abdul-Malik (1927-1993) é uma figura pouco conhecida no jazz dos anos 50 e 60, mas desempenhou um papel pioneiro, ao introduzir no jazz o oud (o alaúde árabe) e influências de música árabe e tal papel não é beliscado pelo facto de ter inventado para si mesmo uma origem sudanesa, quando na verdade nasceu em Nova Iorque de um casal de imigrantes de St. Vincent, nas Caraíbas. A maioria dos jazzófilos conhecerão o nome de Abdul-Malik pela sua participação no histórico Live! At the Village Vanguard (1961), de John Coltrane, mas Abdul-Malik (que tocava também contrabaixo) também gravou discos em nome próprio, o primeiro dos quais foi Jazz Sahara (1958, Riverside), que inclui a composição “El Haris” e tem a participação de Johnny Griffin (saxofone), Naim Karacand (violino), Al Harewood (bateria) e Bilal Abdurrahman, Jack Ganaim e Mike Hernway (percussão).

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“A Night in Tunisia”, por Art Blakey & The Jazz Messengers

Ano: 1960

O tema foi composto por Dizzy Gillespie em 1941-42, quando fazia parte da banda de Benny Carter, e foi rapidamente adoptado por outros músicos de jazz. Tornou-se num tema emblemático de Art Blakey, a ponto de o baterista ter baptizado dois álbuns dos Jazz Messengers com esse título. A versão de 1957, gravada para a Vik, tem os seus méritos, mas não atinge a temperatura escaldante da versão de 1960 para a Blue Note, com Lee Morgan (trompete), Wayne Shorter (saxofone), Bobby Timmons (piano) e Jymie Merritt (contrabaixo). Esta é seguramente daquelas noites em que o calor não deixa pregar olho. A canção costuma ser co-creditada a um certo Frank Paparelli que parece nela não ter metido prego nem estopa.

[Versão do álbum A Night in Tunisia (1960)]

“Blues for the Orient”, por Yusef Lateef

Ano: 1961

Yusef Lateef (1920-2013) é o músico cujo contributo “oriental” para o jazz dos anos 50 e 60 é mais visível. Não só muitas das suas composições têm influência oriental, como Lateef, além de tocar saxofone tenor, flauta, oboé e fagote, enriqueceu o seu instrumentário com a flauta de bambu, o shanai (oboé da Índia e Paquistão), o shofar (trompa judaica), o xun (flauta chinesa), o arghul (oboé egípcio) e o koto (instrumento de cordas japonês). O álbum Eastern Sounds (1961, Prestige/Moodsville), com Barry Harris (piano), Ernie Farrow (contrabaixo) e Lex Humphries (bateria), inclui a sua composição “Blues for the Orient”, em que Lateef toca oboé (conferindo-lhe uma sonoridade mais próxima dos sues congéneres orientais do que do oboé clássico) e em que a estrutura de blues se combina com sonoridades “exóticas”.

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“Arabia”, por Art Blakey & The Jazz Messengers

Ano: 1961

A composição é de Curtis Fuller e surge no álbum Mosaic (Blue Note). O ano de 1961 foi um dos mais prodigiosos na carreira dos Jazz Messengers, pela qualidade e quantidade dos discos que gravaram: The Freedom Rider, Roots & Herbs, The Witch Doctor e Mosaic para a Blue Note, e Impulse!!!! Art Blakey !!!! Jazz Messengers!!!! para a Impulse! A meio do ano os Jazz Messengers tinham passado de quinteto a sexteto, pela adição de Curtis Fuller (trombone), e Freddie Hubbard (trompete) tomara o lugar de Lee Morgan e Cedar Walton (piano) substituíra Bobby Timmons, mantendo-se Wayne Shorter (saxofone) e Jymie Merritt (contrabaixo).

“Isfahan”, por Duke Ellington

Ano: 1966

“Isfahan”, de Billy Strayhorn e Duke Ellington, foi composta pouco antes de uma extensa tournée pelo Médio Oriente e Índia realizada pela orquestra de Ellington em 1963, com o patrocínio do Departamento de Estado norte-americano e que acabou por ser encurtada devido ao assassinato do presidente Kennedy. As impressões recolhidas por Ellington e Strayhorn durante a tournée levaram à composição de mais temas de inspiração “oriental”, que viriam a ser gravados em The Far East Suite (1966, RCA/Bluebird), um dos mais inspirados álbuns da fase tardia de Ellington. “Isfahan” alude à cidade persa homónima, que fez parte da tournée de 1963, tal como Teerão – hoje nem o Departamento de Estado americano revela interesse em promover o jazz, nem os ayatollahs e os Guardas da Revolução permitiriam que músicos americanos actuassem em território iraniano. O solo de saxofone alto em “Isfahan”, de uma beleza arrepiante, é de Johnny Hodges.

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“Mount Harissa”, por Duke Ellington

Ano: 1966

O monte Harissa, no Líbano, alguns quilómetros a norte de Beirute (outro dos pontos de paragem na tournée de 1963), inspirou à dupla Billy Strayhorn & Duke Ellington esta composição relaxada e ondulante que também faz parte do álbum The Far East Suite (1966) e em que o saxofone tenor de Paul Gonsalves desempenha o papel principal. O Líbano é um país de encruzilhada, onde se cruzam diferentes religiões, etnias e culturas, e o Monte Harissa é encimado por uma estátua de Nossa Senhora do Líbano e é um importante santuário mariano.

“Isis and Osiris”, por Alice Coltrane

Ano: 1970

Em 1966, Alice Coltrane substituiu McCoy Tyner como pianista na banda do seu esposo, John Coltrane, e, após a morte deste, em 1967, iniciou carreira como líder dos seus próprios ensembles, marcadamente influenciados pela música e espiritualidade do Oriente. O seu quarto álbum, Journey in Satchidananda (1970, Impulse!) inclui a faixa “Isis and Osiris”, em que participam Pharoah Sanders (saxofone) e Rashied Ali (bateria), dois ex-parceiros de John Coltrane, Charlie Haden (contrabaixo) e Vishnu Wood (oud) e Tulsi (tanpura, um instrumento de cordas indiano) e em que Alice Coltrane toca harpa.

Mais banda sonora de luxo

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As primeiras gravações de John Coltrane não deixam adivinhar o que estava para vir: estávamos a 13 de Julho de 1946, o saxofonista tinha 21 anos, era marinheiro e estava destacado no Havai. Seriam precisos mais dez anos para que Coltrane inscrevesse o seu nome no livro de honra do jazz.

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