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Sza in concert
Photograph:Shutterstock

SZA, Lana Del Rey e mais concertos a não perder no Primavera Sound

Apesar do nome e da altura em que se realiza, entre 6 e 8 de Junho, o Primavera Sound Porto inaugura o calendário dos festivais de Verão. Estes são os concertos a não perder.

Luís Filipe Rodrigues
Escrito por
Luís Filipe Rodrigues
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Pode chamar-se Primavera Sound (Porto de apelido) e realizar-se na estação homónima, contudo, para a maioria e apesar da chuva que cai, é o primeiro grande festival de Verão nacional. E para o contingente indie costuma ser o melhor da época. É verdade que o cartaz português não tem o mesmo rasgo, nem a vontade de arriscar e educar os públicos que tornou o original de Barcelona especial. Todos os anos, há escolhas e lapsos que não se entendem – e as desculpas das “datas disponíveis” e dos cachês dos artistas não resistem ao escrutínio atento de quem conhece o meio. Ainda assim, não há outro festival como este em Portugal. SZA, American Football, Lana Del Rey e Joanna Sternberg são alguns dos artistas que fazemos mesmo questão de ver este ano.

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Dez concertos a não perder no Primavera Sound Porto

SZA

A actuação de SZA tem tudo para ser um dos pontos altos desta edição. Traz consigo SOS, registo de r&b expansivo e ambicioso, com as emoções à flor da pele e melodias imaculadas. Foi editado na segunda semana de Dezembro de 2022, quando as votações para os melhores discos desse ano em muitas publicações já tinham fechado. Mas não ficou esquecido e, no ano passado, títulos como a Pitchfork e a Rolling Stone consideraram-no o melhor álbum de 2023.

6 Jun (Qui)

PJ Harvey

Desde o início da década de 1990 que a cantora e compositora Polly Jean Harvey fascina e exerce a sua influência sobre o rock e a música de guitarras britânica mais desalinhada. Depois de muitos anos e discos editados com o selo da Island/Univeral, recuperou a sua independência no ano passado, quando lançou o álbum I Inside the Old Year Dying pela Partisan Records.

6 Jun (Qui)

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American Football

O mais icónico dos projectos pós-Cap’n Jazz do cantor e compositor Mike Kinsella (com os Steves Holmes e Lamos) precisou de lançar apenas um EP e um LP, ambos sem título, entre 1998 e 1999, para deixar uma marca indelével na memória de duas ou três gerações de rapazes tristes e eternizar o som emo do midwest americano. Separou-se logo depois. Nos anos seguintes, as 12 canções gravadas pela banda foram elevadas a objectos de culto. E o mito foi crescendo. Até que, em 2014, o trio se reuniu e chamou para junto de si Nate Kinsella, primo e velho colaborador de Mike. Desde então, lançaram mais um par de álbuns sem nome que – pasmem-se – reforçaram o seu legado. É bom que calcem umas botas, porque a 6 de Junho não vai ser preciso chover para a plateia ficar alagada – as lágrimas vão ser mais do que suficientes.

6 Jun (Qui)

Blonde Redhead

Juntos desde o início dos 90s, Kazu Makino e os irmãos Amedeo e Simone Pace são um raro caso de consistência e coerência no indie rock nova-iorquino, com carreira feita sobretudo nas veneráveis editoras Touch and Go e 4AD. Os seus Blonde Redhead estavam calados desde a edição de Barragán, em 2014, mas voltaram à carga no ano passado com Sit Down for Dinner

6 Jun (Qui)

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Lana Del Rey

É uma das grandes vozes e estilistas pop deste século. As suas músicas são labirintos referenciais que dobram o tempo e o espaço, dialogando frequentemente com capítulos anteriores da sua biografia e discografia, mas com outros artistas e símbolos populares também. Espera editar um novo disco em Setembro, e talvez mostre algumas das novas canções em Portugal, se bem que o motivo oficial desta nova visita ao país seja a apresentação do anterior Did You Know That There's a Tunnel Under Ocean Blvd (2023).

7 Jun (Sex)

Tirzah

Nem três meses depois da sua passagem pelo CCB, durante o festival Belém Soundcheck, a compositora e intérprete britânica está de volta a Portugal. Ouvir as suas canções electrónicas claustrofóbicas e doridas é ser afogado por recordações de um futuro, de vários, que nunca chegaram a materializar-se. É música para um mundo em escombros, repetitiva, minimalista. Verdadeira.

7 Jun (Sex)

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Pulp

Primavera Sound já começa a ser sinónimo de grandes reuniões. Se em 2022 foram os decanos do indie rock norte-americano Pavement que se reuniram no festival, e no ano passado foi a vez dos britânicos Blur tirarem o pó às canções no Parque da Cidade, este ano é a vez de outra das constelações mais brilhantes do britpop se avistar no Porto: os Pulp. Jarvis Cocker e companhia voltaram a juntar-se em 2023 e continuam, desde essa altura, a tocar os clássicos dos discos His ‘n’ Hers (1994), Different Class (1995), This Is Hardcore (1998) e We Love Life (2001).

8 Jun (Sáb)

Ethel Cain

Cantora e compositora americana de uma música em carne viva e assombrada por espectros religiosos, onde electrónica ambiental, pop etérea e folk-rock se confundem. As suas letras, de teor gótico sulista, lidam com questões de género e de classe, com abuso e outros traumas. Depois de uma série de EPs, lançou o primeiro álbum, The Preacher’s Daughter, em 2022. Estamos ansiosos por ouvir o que vai fazer a seguir.

8 Jun (Sáb)

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Arca

Filha de um banqueiro venezuelano, mas hoje radicada em Barcelona, Alejandra Ghersi Rodríguez já trabalhou com estrelas como Kanye West, Björk, The Weekend ou Rosalía. Contudo, guarda para si as suas batidas e canções mais interessantes e aventureiras, enformadas pelo hip-hop, a electrónica experimental, a hyperpop e o reggaeton.

8 Jun (Sáb)

Joanna Sternberg

Intérprete ianque de uma folk embebida em blues e jazz, música sem truques e 100% honesta, na senda de Daniel Johnston. Devia ter apresentado o seu segundo álbum, I've Got Me, editado pela Fat Possum em 2023, em Novembro do ano passado, no festival Vale Perdido, em Lisboa, mas teve de cancelar o concerto por questões de saúde. Vingamo-nos no Porto.

8 Jun (Sáb)

Mais que ouvir

  • Música

A autorreferência é um mecanismo relativamente banal na arte. Por exemplo, poemas que se queixam de como as palavras não lhes bastam para dizerem tudo o que precisam dizer, é mato. Nos textos cantados é especialmente frequente encontrar esse tipo de truque estilístico, em particular em canções que se põem a falar sobre canções de amor para, de forma mais ou menos discreta, fingirem que não são elas próprias canções de amor, bajoujas e piegas como todas as canções de amor devem ser.

  • Música

A história da música popular está recheada de versões de canções que já tinham alcançado sucesso noutra vida. Genericamente, é disso que falamos quando falamos em covers. Mas a coisa torna-se bem mais surpreendente quando o factor sucesso sai da equação – ou, melhor ainda, quando ele está virado ao contrário e descobrimos versões que triunfaram sobre originais obscuros. A lista que se segue reúne uma dúzia de covers que eclipsaram por completo as versões primitivas, mesmo em casos onde elas tinham gozado já de relativo êxito. Mas foram estas interpretações que se impuseram na memória colectiva, a ponto de a maioria de nós as tomar hoje por originais.

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  • Música

No tempo em que não havia Internet e a globalização ainda se fazia ouvir com delay, era comum uma canção fazer sucesso numa língua, sem que a maioria do público alguma vez percebesse que estava a trautear uma toada estrangeira. O caso mais frequente, como se adivinha, é o de uma canção que se celebriza em inglês apesar de ter sido composta em italiano, francês ou outra língua que não gruda bem nos ouvidos americanos. Mas não só. Por exemplo, “Les Champs Élysées”, que foi popularizada por Joe Dassin, fez o percurso contrário.

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