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Branko e Rastronaut
Manuel Manso

Enchufada na Zona: festa rija para celebrar a Nova Lisboa

A história de Branko e Rastronaut confunde-se com a história da Enchufada, a editora que nos tem posto a dançar nos últimos anos. Sentámo-nos com os dois para antever a maior festa da editora até agora.

Cláudia Lima Carvalho
Escrito por
Cláudia Lima Carvalho
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Se em 2006 os Buraka Som Sistema carregavam a periferia no nome, em 2019 a editora que nasceu com a banda conseguiu desfazer fronteiras e derrubar preconceitos. João Barbosa, mais conhecido por Branko, é o principal responsável. Sem sobranceria, foi ele, com a Enchufada, que nos foi mostrando o caminho para a “Nova Lisboa”, a mesma que Dino d’Santiago exalta em Mundo Nôbu. Não por acaso, são os dois os cabeças de cartaz da Enchufada na Zona, a terceira e maior edição até agora, que acontece neste fim-de-semana no Capitólio.

“Em 2017 quando tivemos a ideia de fazer um evento que fosse uma bandeira daquilo que é o catálogo da editora, queríamos fazer uma festa e ter uma série de DJs que tivessem edições e que estivessem relacionados com tudo o que a Enchufada faz, e isso continua a ser exactamente a mesma coisa”, diz Branko. “O que terá crescido foram as relações com alguns dos artistas, tal como alguns dos artistas”, acrescenta. “A própria ideia desta música electrónica global também poderá ter crescido um bocadinho.”

A verdade é que de uma noite no Estúdio Time Out, em 2017, e outra dividida entre o Hard Club e o Maus Hábitos, no Porto em 2018, a Enchufada Na Zona acontece agora em duas noites. Os primeiros bilhetes esgotaram num ápice.

“Eu divido as coisas em duas fases”, aponta Branko. “A primeira foram os dez anos de Buraka Som Sistema, em que grande parte da estrutura estava muito focada nessa dinâmica. Com o fim da banda, conseguiu-se pôr em prática uma série de coisas que tínhamos aprendido e aplicá-las a uma vaga renovada de artistas”, explica o músico, ao lado de Rastronaut (João Silva), que é quem vai abrir a festa no Capitólio.

“Sinto que grande parte destes 12/13 anos de actividade da editora criaram as condições para que se valorizasse e se olhasse de forma diferente para estes sons que já existiam. O kuduro, a kizomba, fazem parte da matriz sonora e cultural de Lisboa”, acrescenta Rastronaut. “O que fizemos foi trazer isso para uma linguagem mais electrónica, que permite ser apreciado de outra forma.”

Para Branko, “às vezes essa roupagem podem ser artistas que dão um contexto ao som”. Dino d’Santiago “é um exemplo perfeito”. “Se calhar a novidade dessa ‘Nova Lisboa’ é que assumiu- -se que já faz parte da nossa personalidade musical. É oficial”, atira. “Já ninguém questiona”, completa Rastronaut.

“É muito bonito ver as pessoas a celebrarem a sua cidade, a sua periferia, a terem que assumir que o hip-hop de Lisboa se calhar tem um twist de kizomba e não faz sentido fugir disso”, continua Branko, o mestre de cerimónias que subirá ao palco no sábado com vários convidados. Ele que este ano lançou Nosso e se rodeou de nomes como Mallu Magalhães, Catalina García, PEDRO ou Dengue Dengue Dengue.

Resta saber quem aparece de surpresa na festa que Branko e Rastronaut encaram como o jantar de Natal da Enchufada. Pelo reencontro e pelo que aí vem: “Se 2019 foi o ano de solidificar os projectos bandeira da editora como foi o álbum do Branko, este próximo ano vai ser mais focado nos trabalhos de artistas mais emergentes”. Alguns para ouvir já no fim-de-semana.

Capitólio (Avenida). Sex-Sáb 21.00-01.00

Branko Apresenta

Dia 4

Dino d’Santiago
“É o cabeça de cartaz do seu dia e vem fechar o ciclo de Mundo Nôbu. Já se começam a ouvir algumas coisas de um EP que vem aí, de certeza que já as vai tocar.

Dengue Dengue Dengue
“Vai ser uma noite muito especial, além de apresentarem o disco que sai no mesmo dia, apresentam-se em espectáculo com dois percussionistas e uma vocalista.

Tash LC
“É uma DJ e radialista inglesa que tem estado a fazer um trabalho incrível de divulgação de todas estas sonoridades de electrónica global. Lançou uma editora há pouco tempo.

PEDRO
“Está neste momento a preparar um disco para o próximo ano. Fecha a primeira noite, quando já se têm ouvido alguns singles novos.

Dia 5

DJ Lag
“É, se calhar, a grande novidade da música electrónica a vir do continente africano. Tem vindo a crescer, desde a banda sonora do Black Panther até ao Rei Leão, onde produz um tema com a voz da Beyoncé.

Sansai
“São uma dupla do Rio de Janeiro, actuam um bocadinho dentro do universo do baile funk, com afro, com trap, tudo isso.

Progressivu
“É residente das noites Na Surra, o nosso ponta de lança. Está a par de tudo o que está a acontecer e conhece os miúdos todos, o que acaba por ser muito interessante.

Dotorado Pro
“Acabou de lançar um EP. É um artista com personalidade e identidade muito fortes. Acaba sempre por se superar."

Noite em Lisboa

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A noite lisboeta está cada vez mais composta, não faltam festas para todas as noites da semana. Seja pop, rock, house, música independente ou o que mais quiser. Há todas as sonoridades e ambientes, literalmente para todos os gostos — e às vezes para quase todos os dias. Todas as semanas damos-lhe sugestões de festas, de diferentes estilos, que não pode perder. 

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Instituições lendárias que já conheceram diferentes encarnações e formatos, em busca de um lugar ao sol (ou ao luar, para sermos mais rigorosos). Quando cai a noite na cidade, e a jornada nocturna se arrasta como manda o figurino, a peregrinação de foliões passa necessariamente por aqui. E é por isso que não o queremos por aí à deriva, inquieto sobre onde deve rumar. Do epicentro da agitação aos redutos em zonas mais periféricas da cidade, eis uma mão cheia de destinos cada vez mais centrais na agenda de qualquer alfacinha que só vai para a cama depois do sol romper.

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