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Frank Sinatra
©William P. Gottlieb Collection (Library of Congress)Frank Sinatra

Oito temas jazz para o Verão

O Verão tem sido frequente fonte de inspiração para compositores e intérpretes.

Escrito por
José Carlos Fernandes
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Quando se menciona “jazz” e “Verão” na mesma frase, a associação com “Summertime” é instantânea. Dessa canção de embalar que abre a ópera Porgy and Bess, de George Gershwin, e se tornou numa favorita dos músicos de jazz (e não só) já se sugeriram aqui algumas leituras históricas, mas o Verão tem sido frequente fonte de inspiração para compositores, jazzmen e jazzwomen e há outras criações que merecem ser mais conhecidas. Ora oiçam.

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Oito temas jazz para o Verão

“Summer Sketch”

Autor: Russ Freeman
Álbum: Russ Freeman/Chet Baker Quartet (Pacific Jazz), pelo Freeman/Baker Quartet
Ano de gravação: 1956
Intérpretes: Chet Baker (trompete), Russ Freeman (piano), Leroy Vinegar (contrabaixo), Shelly Manne (bateria)

Em 1953, após a dissolução do quarteto de Chet Baker com Gerry Mulligan, o trompetista estabeleceu uma produtiva sociedade com o pianista Russ Freeman, que durou três anos e registou para a Pacific Jazz, uma série álbuns de que este Russ Freeman/Chet Baker Quartet foi o derradeiro.

“Lost in a Summer Night”

Autor: música de André Previn, letra de Milton Raskin
Álbum: Gone for the Day (Capitol), de Julie London
Ano de gravação: 1957
Intérpretes: June Christy e orquestra arranjada por Pete Rugolo

June Christy nasceu como Shirley Luster em Springfield, Illinois, e, em 1945, com apenas 20 anos, começou a ganhar notoriedade como vocalista da orquestra de Stan Kenton. Em 195e deixou Kenton para iniciar carreira em nome próprio, que teve início com o EP Something Cool, lançado em 1954 (e reeditado no ano seguinte em versão expandida), um título que alude à sua vinculação ao lado “cool” do jazz e à sua voz controlada e suave. Gone for the Day foi o seu 4.º álbum para a Capitol.

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“Summer Song”

Autor: Dave Brubeck
Álbum: Jazz Impressions of the USA (Columbia), pelo Dave Brubeck Quartet
Ano de gravação: 1957
Intérpretes: Paul Desmond (saxofone alto), Dave Brubeck (piano), Norman Bates (contrabaixo), Joe Morello (bateria)

O quarteto de Brubeck só assumiria a sua formação mais conhecida (e duradoura) com a entrada do contrabaixista Eugene Wright, em 1958, e o álbum Time Out, que catapultaria Brubeck para o estrelato (e para a capa da revista Time) só seria gravado em 1959. Estamos em 1957 e Jazz Impressions pretende ser um passeio descontraído pelos EUA, começando com “Ode to a Cowboy” e terminando com “Home at Last”.

“Once Upon a Summertime”

Autor: Música de Eddie Barclay e Michel Legrand, letra de Eddy Marnay, versão inglesa por Johnny Mercer
Álbum: Once Upon a Summertime (Verve), de Blossom Dearie
Ano de gravação: 1958
Intérpretes: Blossom Dearie (voz e piano), Mundel Lowe (guitarra), Ray Brown (contrabaixo) e Ed Thigpen (bateria)

Blossom Dearie tinha-se estreado a gravar em 1952, em Nova Iorque, mas nesse mesmo ano rumou a Paris, onde formou, com Christiane Legrand, irmã do compositor Michel Legrand, o grupo vocal Blue Stars (que mais tarde, já sem Dearie, daria origem aos famosos The Swingle Singers). Em 1957, Dearie regressou aos EUA e registou meia dúzia de álbuns para a Verve, num contexto intimista que assenta na perfeição ao seu frágil registo vocal, e que representam o seu melhor momento em disco. Once Upon a Summertime foi o terceiro dessa série e a canção que lhe dá título é uma adaptação por Johnny Mercer da canção francesa “La Valse des Lilas”.

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“A Summer Afternoon”

Autor: Eddie Sauter
Álbum: Focus (Verve), de Stan Getz
Ano de gravação: 1961
Intérpretes: Stan Getz (saxofone tenor), Alan Martin, Norman Carr e Geral Tarack (violinos), Jacob Glick (viola) e Bruce Rogers (violoncelo), com arranjos de Eddie Sauter e direcção de Hershy Kay

Focus antecedeu em alguns meses um ponto de viragem na carreira de Stan Getz. Em 1961, o saxofonista tinha já formidável discografia, iniciada no final dos anos 40 e que incluía um rosário de obras-primas registadas para as editoras de Norman Granz (primeiro a Norgran e depois a Verve), com parceiros de alto coturno, como Dizzy Gillespie, Oscar Peterson, Gerry Mulligan, Chet Baker, Harry Edison ou J.J. Johnson. Em 1961, Getz quis gravar um álbum “orquestral”, mas que não se conformasse à corriqueira leitura de standards acolchoada por cordas, e encomendou uma mão cheia de composições a Eddie Sauter. O resultado, Focus, seria considerado pelo próprio Getz como o seu disco favorito. Mas não é o mais famoso, já que em 1962 Getz se associou a Charlie Byrd para gravar Jazz Samba, encetando a “fase bossa nova” da sua carreira, que o tornaria conhecido bem para lá do público do jazz.

“Soft Summer Breeze”

Autor: Eddie Heywood e Judy Spencer
Álbum: The Wonderful World of Julie London (Liberty), de Julie London
Ano de gravação: 1963
Intérpretes: Julie London e orquestra arranjada e dirigida por Ernie Freeman

The Wonderful World of Julie London foi, para a cantora americana Julie London, o 20.º álbum da carreira iniciada em 1955 e o derradeiro a entrar nos tops de vendas (chegou ao lugar 136). O jazz vocal tinha começado a perder atracção para o público, enfeitiçado pelo fenómeno do rock’n’roll e, uns meses depois, em Fevereiro de 1964, a primeira tournée americana dos Beatles iria assinalar o fim de uma era e o começo de outra. London continuaria a gravar discos – sempre na Liberty – até 1969, alguns deles fazendo a concessão de contemplar êxitos do Beatles, Doors e Bob Dylan.

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“Summer Wind”

Autor: música de Heinz Meier e letra de Hans Bradtke, versão inglesa por JohnnyMercer
Álbum: Strangers in the Night (Reprise), de Frank Sinatra
Ano de gravação: 1966
Intérpretes: Frank Sinatra e orquestra arranjada e dirigida por Nelson Riddle

Strangers in the Night foi a derradeira colaboração entre Frank Sinatra e Nelson Riddle, parceria que representa, para muitos, os mais felizes momentos da carreira do cantor. “Summer Wind” é a adaptação para a língua inglesa, pela mão de Johnny Mercer, da até então ignota canção “Der Sommerwind” e faz parte do álbum Strangers in the Night, o primeiro de Sinatra onde figurou a canção homónima a que ficaria indelevelmente associado. O álbum foi distinguido com dois Grammys, o single “Strangers in the Night” vendeu um milhão de exemplares só nos EUA e “Summer Wind” foi resgatado à obscuridade e apropriado por numerosos cantores. A letra usa o vento como metáfora da passagem do tempo: “O vento de Verão soprava do mar/ Quedou-se por ali, brincando com o teu cabelo, caminhando comigo/ Ao longo do Verão, cantámos a canção e passeámos pela areia dourada/ Dois apaixonados no vento de Verão”.

“Summer Night”

Autor: música de Harry Warren, letra de Al Dubin
Álbum: Songlines/Night & Blue (Tuk Music), do Paolo Fresu 5tet
Ano de gravação: 2008
Intérpretes: Paolo Fresu (fliscorne), Tino Tracanna (saxofone), Roberto Cipelli (piano), Attilio Zanchi (contrabaixo) e Ettore Fioravanti (bateria).

Uma releitura recente, mas com sabor clássico, de uma canção de 1936, incluída num álbum do prolífico trompetista italiano Paolo Fresu, que combina um disco 1 com material composto pelos membros do quinteto e um disco 2 com standards subordinados à temática “noite” e “azul”.

Verão em Lisboa

  • Coisas para fazer

A Associação Bandeira Azul da Europa volta a ultrapassar as três centenas e meia de praias premiadas em Portugal, com um aumento de uma Bandeira Azul em relação a 2023. Continua a haver vários areais onde pode estender a toalha com a certeza de que está num lugar em boas condições. Isto porque, para conseguir este título, que é atribuído anualmente, é preciso que as praias se candidatem e cumpram um conjunto de critérios de natureza ambiental, segurança e conforto, além de informação e sensibilização ambiental. Em 2023, são 394 as praias premiadas, 83 das quais banhadas pelas águas do rio Tejo, e nós dizemos-lhe 26 onde pode mergulhar perto de Lisboa.

  • Filmes

Os dias estão mais quentes e as noites tendem a ficar agradáveis demais para serem passadas em frente à televisão. Aproveite e vá arejar para um cinema ao ar livre em Lisboa, com vista para as estrelas no ecrã e no céu – é um programa perfeito quer esteja sozinho ou acompanhado, mesmo que às vezes seja aconselhável uma manta. Por isso, não hesite: arranje o melhor lugar e vista um casaco se a noite ficar fresquinha. Vale sempre a pena trocar o escurinho do cinema pelo céu estrelado para assistir a grandes filmes ao ar livre.

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  • Coisas para fazer

Se é verdade que Lisboa tem mais de 230 dias de sol por ano, é igualmente verdade que o verbo esplanadar (inventado por nós há muito tempo) se conjuga melhor nesta época do ano. Não por acaso, há muitas e boas novidades. Seja para comer ou apenas para beber um copo, estas são as novas esplanadas em Lisboa que prometem animar o Verão. Tome nota porque a vida é demasiado curta para os desperdiçar numa esplanada má.

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