Um casal de apaixonados que comunica através de smartphone; outro casal que deita contas à vida e à sua relação na sala de estar, com a televisão em fundo. Não são os típicos enredos que costumam ver e ouvir-se nos teatros de ópera, mas o OperaFest, cuja primeira edição decorre entre 21 de Agosto e 11 de Setembro, não é um típico festival de ópera, talvez por surgir em contra-corrente com o ambiente macambúzio e rarefeito imposto à vida musical pela pandemia de covid-19. O OperaFest pretende chegar a públicos muito diversos, pelo que combina óperas favoritas com estreias e complementa a apresentação de ópera em palco com conferências e debates que reflectem sobre este arrebatador género musical.
O repertório nos teatros de ópera pelo mundo fora é esmagadoramente dominado por compositores mortos há muitos anos, mas não tem de ser assim, e o OperaFest irá estrear oito óperas – mini-óperas, a sermos rigorosos – de compositores portugueses do nosso tempo. Se muitas das óperas consagradas têm libretos inspirados na mitologia clássica que hoje podem parecer caducos, algumas das óperas em estreia também remetem para este universo, mas reinterpretando-o à luz do nosso tempo – é o caso de Esta Ítaca que não Encontro, que alude à história de Ulisses, e de Eco-Arquipélago, que alude ao mito de Eco e Narciso.