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MIL - Lisbon International Music Network
©Ana ViottiMIL - Lisbon International Music Network

Os concertos a não perder no MIL, um festival sem cabeças de cartaz

O MIL está de volta ao Cais do Sodré, apesar de manter um pé no Hub Criativo do Beato. E há dez concertos a não perder na convenção que à noite se transforma em festival.

Luís Filipe Rodrigues
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Luís Filipe Rodrigues
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O MIL este ano prolonga-se até sexta-feira, com conferências no Hub Criativo do Beato durante o dia, e concertos e DJ sets no Cais do Sodré pela noite dentro. É o regresso ao Cais de partida, depois da atípica edição de 2021, quando a convenção que à noite vira festival se reinventou no Hub Criativo do Beato, com máscaras, lugares sentados, assentos vazios, mas a música e a energia de sempre.

“Foi uma edição de resistência”, assume Pedro Azevedo, o programador do MIL e do Musicbox. E continua a sê-lo, “porque, apesar de a pandemia ter acabado, continua a haver muitos constrangimentos para realizar um festival desta natureza – sem headliners; com um funding limitado; com um conceito que não é fácil de se entender... Ou melhor, que é muito simples, mas não é habitual. O desafio é conseguir que a convenção não seja um sítio onde só se fala da indústria, mas que se possa ter aqui temas que são urgentes ou pertinentes para a sociedade em geral discutir”, considera. “A dificuldade passa por transformar uma coisa de nicho, que é altamente profissionalizante, num espaço educacional e democrático, aberto a toda a gente.”

Mas é a música ao vivo, e em particular a oportunidade de descobrir o próximo hype antes de quase todo o mundo, que leva a maioria ao MIL. Este ano, os concertos e DJ sets estão distribuídos por duas noites e seis salas – o Musicbox, claro, mas também o Auditório ETIC, o B.Leza, o Lounge, o Roterdão e o Titanic Sur Mer. De entre os cerca de 50 artistas convidados, Pedro Azevedo começa por destacar cinco estrangeiros: Rosie Alena (“acredito mesmo que ela vai ser grande”); Lewis OfMan (“file under Moullinex e Discotexas”); Mainline Magic Orchestra (“a banda do ano em Espanha”); Avalanche Kaito (“uma cena de rock movidona, com um griot africano”); e Reinel Bakole (“as comparações com Erykah Badu são óbvias”). E podia perfeitamente destacar muitos mais. Estrangeiros e portugueses.

Recomendado: O MIL e músicos de todo o mundo voltam ao Cais do Sodré este ano

Dez concertos a não perder no MIL

MÍLIAN

A DJ e artista brasileira anteriormente conhecida como Mílian Dolla mudou-se há uns meses para Portugal, encurtou o nome e decidiu tentar a sorte como compositora e intérprete de uma música omnívora, onde se escutam ecos do baile funk e de outras músicas latinas, mas também de hip-hop e r&b norte-americanos.

Titanic Sur Mer. Sex 21.30

Soluna

Cantora, compositora e produtora afro-latina radicada em Lisboa, que tem vindo a chamar a atenção dos mais atentos à música que brota das periferias. Lançou recentemente Gano, fusão futurista de tarraxo e reggaeton, com produções de Seiji, Dotorado Pro e Toty Sa’Med.

Roterdão. Sex 21.45

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Rosie Alena

Enfeitiçante cantora e compositora folk londrina. Após uma série de concertos e singles bem recebidos, lançou este ano o primeiro EP, Pixelated Images. O programador Pedro Azevedo trouxe-a em Maio ao festival Aleste, no Funchal, e gostámos tanto que quis repetir a dose.

Titanic Sur Mer. Sex 22.45

Lil Ella

Gravou o primeiro e até agora único EP, Caprichoso, com Karma C em 2019, mas tem passado os últimos tempos a largar novos singles e colaborações. É provável que tenha novas canções para mostrar durante o MIL.

Roterdão. Sex 23.00

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Filipe Sambado

Desde o ano passado que Filipe Sambado está a trabalhar num novo disco com uma linguagem próxima da hyperpop de Sophie ou A. G. Cook, “mas também meio shoegazey”, com canções “bonitas e íntimas” – tudo palavras e referências suas. E continua a afinar e aperfeiçoar ao vivo as canções.

ETIC. Sex 23.15

João Não & Lil Noon

Terra-Mãe é pura excelência gondomarense. Um disco superlativo onde o drill se esbate na música romântica e popular portuguesa. João Não é a principal voz e quem dá mais nas vistas. Romântico e cândido, é o Daniel Johnston do trap tuga. Mas Lil Noon, o produtor e segunda voz, também sabe o que está a fazer – como provam os recentes singles a solo.

Roterdão. Sáb 21.45

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Sereias

Colectivo de geometria variável ao serviço da voz e dos poemas de António Pedro Ribeiro. Nas suas canções, sentimos o espírito do punk e seguimos o rasto do free-jazz, do rock industrial e do psicadelismo. Apresentam finalmente o álbum homónimo no Musicbox.

Musicbox. Sáb 22.15

Jacuzzi Gang

Parelha italiana a viver em Lisboa há cerca de um ano. Deram-se a conhecer em 2021 com o single “E.N.Y.A. (You Can't Say)” e passados uns meses saiu Is a One-Day-Old Baby a Sinner?, disco de hyperpop tão influenciado pela PC Music como pelo italo-techno.

Roterdão. Sáb 23.00

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Avalanche Kaito

Feliz (mas tenso) encontro entre um griot do Burkina Faso e um duo de belga de pós-punk ruidoso. O primeiro álbum nascido desta união foi partilhado com o público há uns meses. Estreiam-se em Portugal já com um par de concertos marcados para o país no próximo ano.

Musicbox. Sáb 23.30

Tomás Wallenstein

O cantor e compositor dos Capitão Fausto continua a sentar-se atrás do piano, sozinho, enquanto interpreta canções suas e de outros, mas sempre à maneira dele. Da última vez que se apresentou neste registo num festival lisboeta, o concerto acabou com membros da família, dos Capitão Fausto e de outras bandas da Cuca Monga em palco.

ETIC. Sáb 23.15

Conversa afinada

  • Música

Desde 2011 que acompanhamos, nestas páginas e fora delas, a carreira de Maria Reis. Vimo-la e ouvimo-la a crescer, a alargar horizontes, a apurar a lírica e a composição, a impor-se como uma das melhores escritoras de canções que este país já teve, independentemente do género. Benefício da Dúvida, o quarto registo a solo, entre mini-álbuns e EPs, é o mais recente marco de uma obra que se recusa a perder a relevância e inventividade.

  • Música

Pete Kember, mais conhecido por Sonic Boom, é um nome histórico do rock e da música experimental anglo-americana. Ainda não tínhamos falado com ele desde que veio viver para Portugal há meia dúzia de anos – a última conversa com a Time Out foi em 2014 – e aproveitámos uma actuação em Lisboa para dar dois dedos de conversa. Pete parece entusiasmado com um novo projecto, que define como uma espécie de clube social, e vai ocupar o espaço do Santo, um restaurante na Praia das Maçãs, duas vezes por mês.

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  • Música

Rui Carvalho, o músico que se auto-intitula Filho da Mãe, passou a última década a dedilhar uma guitarra acústica. Mas as suas escolas foram o rock, o punk, o hardcore, e a guitarra eléctrica foi o primeiro instrumento que o ouvimos tocar, em bandas como If Lucy Fell ou I Had Plans. No seu novo disco, Terra Dormente, além da guitarra clássica, voltou a pegar na eléctrica – e, simultaneamente, começou a segurar o mesmo instrumento em Linda Martini. Falámos sobre os “dois mundos” em que caminhou e gravou nos últimos dois anos.

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