A digressão que traz a Portugal começou em 2014. Como evoluiu o alinhamento até hoje? Podemos esperar músicas novas?
Não, é o mesmo show. Um concerto de guitarra, voz e violão, uma revisão da minha história musical. A ideia é, também, chegar a um público mais jovem com canções do último disco [Estratosférica, editado em 2015].
Como é que escolheu as músicas da digressão?
[O jornalista e produtor] Marcus Preto e eu pensámos nas canções que tinham a ver com o show. Mas muitas tiveram que ficar de fora. Meu repertório é vasto. Começámos do zero, com o Guilherme [Monteiro], que é um excelente músico, e a partir daí pensámos nas músicas. O nome do show é de uma música inédita de Thiago e Marcelo Camelo, feita especialmente para mim.
Como foi voltar a cantar músicas que há muito não cantava, regressar ao passado com a sabedoria do presente?
É muito prazeroso revisitar o passado e ter um pé no futuro. Descobrimos sempre coisas novas sobre nós. Todos os dias nos reinventamos e amadurecemos. Revisitar estas minhas canções com uma nova roupagem faz-me sentir que são novas… É como se fosse a primeira vez que as canto.
Teve um papel importante a mudar mentalidades e a representar a libertação sexual feminina. Tinha consciência do seu poder?
Eu acho que quando vivemos o momento nunca temos a consciência plena do que está se dando. Nos envolvemos nas causas que defendemos, nos movimentos com os quais nos identificamos, e ficamos felizes quando conseguimos ajudar a mudança, influenciar positivamente. Mas não medimos as coisas dessa forma.
Como é que se lida com a passagem do tempo quando se está tanto tempo debaixo dos holofotes?
Envelhecer tem seu lado bom que se chama maturidade. Eu não me sinto velha de alma. Sinto-me jovem e rejuvenescida. A maternidade é uma das responsáveis por isso e também o trabalho. Tenho muita energia e vontade de fazer coisas novas.
Ser mãe influenciou a sua vida artística?
Sim. Sem dúvida que sim. Me deixou mais apaixonada pela vida, mais emocional, mais capaz de entender as emoções e de cantar com o meu coração. Quando se canta com o coração é mais fácil chegar ao próximo.
Quem foram as mulheres que mais a inspiraram para ser a mulher e a artista que é hoje?
Minha mãe. Seguramente ela, acima de todas. Sempre foi uma grande inspiração para mim.
Que inspiração encontra no Brasil de hoje para a sua arte?
A nossa música é muito rica e, mesmo com essas mutações, nada se perde. Há sempre coisas novas, motivos novos e movimentos novos que nos inspiram. Por exemplo, agora estou num projecto novo com Gilberto Gil e Nando Reis chamado Trinca de Ases. Coisa mais linda. Quem sabe se viremos a Portugal em breve?