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Gal Costa

Os loucos 50 anos de Gal Costa

Uma Gal Costa rejuvenescida regressa a Lisboa. Falámos com a cantora antes dos concertos no Campo Pequeno, onde celebra meio século de carreira.

Escrito por
Ana Patrícia Silva
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Guerrilheira, índia, tigresa, roqueira, psicadélica, bossa-novista e dama da canção. Gal Costa já fez de tudo, mas ainda há mais para fazer. Enfrentou uma ditadura e tomou o poder da música para a libertação sexual, foi estrela da tropicália nos 60s, musa da contracultura nos 70s, rainha pop nos 80s e diva da mpb a partir dos 90s. Em 2011, um novo ciclo de renovação sonora com Recanto, prosseguido em Estratosférica, disco lançado em 2015 com canções escritas por nomes da nova geração como Céu, Mallu Magalhães e Marcelo Camelo. Regressa a Lisboa, entre sexta e sábado, com a digressão “Espelho d’Água”, que atravessa os mais de 50 anos de carreira e celebra as suas várias fases. Gal Costa será a protagonista do concerto – a sua voz, a sua vida e o seu trono de cantora maior do Brasil. A seu lado terá apenas Guilherme Monteiro no violão/guitarra.

Espelho d'Agua, Gal Costa - Campo Pequeno, Sex e Sáb 22.00. 35-70€. 

Entrevista a Gal Costa

A digressão que traz a Portugal começou em 2014. Como evoluiu o alinhamento até hoje? Podemos esperar músicas novas?

Não, é o mesmo show. Um concerto de guitarra, voz e violão, uma revisão da minha história musical. A ideia é, também, chegar a um público mais jovem com canções do último disco [Estratosférica, editado em 2015].

Como é que escolheu as músicas da digressão?

[O jornalista e produtor] Marcus Preto e eu pensámos nas canções que tinham a ver com o show. Mas muitas tiveram que ficar de fora. Meu repertório é vasto. Começámos do zero, com o Guilherme [Monteiro], que é um excelente músico, e a partir daí pensámos nas músicas. O nome do show é de uma música inédita de Thiago e Marcelo Camelo, feita especialmente para mim.

Como foi voltar a cantar músicas que há muito não cantava, regressar ao passado com a sabedoria do presente?

É muito prazeroso revisitar o passado e ter um pé no futuro. Descobrimos sempre coisas novas sobre nós. Todos os dias nos reinventamos e amadurecemos. Revisitar estas minhas canções com uma nova roupagem faz-me sentir que são novas… É como se fosse a primeira vez que as canto.

Teve um papel importante a mudar mentalidades e a representar a libertação sexual feminina. Tinha consciência do seu poder?

Eu acho que quando vivemos o momento nunca temos a consciência plena do que está se dando. Nos envolvemos nas causas que defendemos, nos movimentos com os quais nos identificamos, e ficamos felizes quando conseguimos ajudar a mudança, influenciar positivamente. Mas não medimos as coisas dessa forma.

Como é que se lida com a passagem do tempo quando se está tanto tempo debaixo dos holofotes?

Envelhecer tem seu lado bom que se chama maturidade. Eu não me sinto velha de alma. Sinto-me jovem e rejuvenescida. A maternidade é uma das responsáveis por isso e também o trabalho. Tenho muita energia e vontade de fazer coisas novas.

Ser mãe influenciou a sua vida artística?

Sim. Sem dúvida que sim. Me deixou mais apaixonada pela vida, mais emocional, mais capaz de entender as emoções e de cantar com o meu coração. Quando se canta com o coração é mais fácil chegar ao próximo.

Quem foram as mulheres que mais a inspiraram para ser a mulher e a artista que é hoje?

Minha mãe. Seguramente ela, acima de todas. Sempre foi uma grande inspiração para mim.

Que inspiração encontra no Brasil de hoje para a sua arte?

A nossa música é muito rica e, mesmo com essas mutações, nada se perde. Há sempre coisas novas, motivos novos e movimentos novos que nos inspiram. Por exemplo, agora estou num projecto novo com Gilberto Gil e Nando Reis chamado Trinca de Ases. Coisa mais linda. Quem sabe se viremos a Portugal em breve?

Os sons de Novembro

  • Música

Em Novembro ponha tudo a secar que pode o sol não voltar, como se dizia antigamente. Outro bom conselho: cave fundo em Novembro, para plantar em Janeiro. Quando tiver completado estas tarefas cruciais, veja um concerto em Lisboa. Miguel Araújo no Coliseu dos Recreios é um dos destaques do mês. UB40 e Shakira na MEO Arena são outros. Numa onda completamente diferente, há Father John Misty no Coliseu dos Recreios. E mais coisas boas.

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