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Os Melt-Banana derretem fronteiras

No activo há 25 anos, os Melt-Banana são um nome crucial do noise rock japonês. Falámos com eles antes do concerto em Lisboa

Luís Filipe Rodrigues
Escrito por
Luís Filipe Rodrigues
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Yasuko Onuki e Ichirou Agata são os Melt-Banana, nome inigualável do rock pesado e experimental japonês, em estreia nacional. Falámos antes do concerto de sexta-feira, na Zé dos Bois, sobre música, páginas alojadas no Geocities e mudanças de residência. Mas sobretudo sobre música.

 

Tenho ideia que vocês são maiores nos Estados Unidos do que no vosso país natal, o Japão. É verdade?

Agata: Acho que sim. Normalmente temos mais pessoas nos nos nossos concertos nos EUA e no Reino Unido.

Como é que explicam isso?

Yasuko: Não sei bem. Talvez a nossa música seja mais bem distribuída nesses países.

A: Também acho que é porque a cena musical alternativa é maior nos Estados Unidos e no Reino Unido do que Japão.

Vocês ainda vivem em Tóquio? Calculo que não seja barato. Nunca pensaram em mudar-se para os Estados Unidos, por exemplo?

A: Ainda vivemos os dois em Tóquio. É muito caro, mas calculo que seja igual se viveres numa grande cidade como Nova Iorque ou Los Angeles.

Y: Nunca tinha pensado em mudar-me para os Estados Unidos. Desde que nasci que nunca vivi noutro lugar senão Tóquio, por isso talvez fosse interessante mudar-me para outro lado, por exemplo à beira-mar ou numa montanha isolada. De resto, Tóquio parece-me bem.

O que é que vocês fazem em Tóquio quando não estão em digressão ou a gravar música?

Y: Vejo anime e jogo videojogos.

A: Eu também jogo sempre que tenho tempo.

Vocês tiveram um site de Geocities até há relativamente pouco tempo, e mesmo agora continua a parecer muito rudimentar. É uma escolha consciente, ou melhor, uma opção estética? Ou é só falta de vontade de perder tempo a fazer um site mais moderno?

A: De facto já não usamos o Geocities. Com muita pena nossa. Nós gostamos de sites que sejam rápidos e simples, que não sejam lentos e complexos. Por isso estamos contentes com o nosso site.

Muitas bandas japonesas de rock (vocês, os Shonen Knife, Boredoms, Acid Mothers Temple) e pop estranha (Pizzicato Five, Cibo Matto) deram que falar no Ocidente nos anos 90, mas esse burburinho parece ter acalmado. Como é a cena rock japonesa por estes dias?

A: A bem da verdade, não mudou grande coisa no Japão. A maior parte das bandas a que te referes continua a tocar.

Y: E ainda vemos muitas bandas novas, de gente jovem.

Estão longe de ser uma banda de noise convencional. Ainda assim, diriam que foram inspirados por bandas e artistas da cena noise japonesa como Merzbow, Hijokaidan ou os Boredoms?

A: Sim. Fomos mais ou menos influenciados por essas bandas de noise. Até já colaborámos com Merzbow – tocámos alguns concertos há uns anos como MerzBanana.

Y: Aquilo a que as pessoas se referem como noise ou noise rock já existia quando começámos a tocar, tal como o punk ou o rock, por isso usar elementos do noise na nossa música sempre foi algo natural para nós.

Bambi’s Dilemma, o vosso disco de 2007, era mais acessível do que os vossos discos anteriores, mas voltaram a um som mais ruidoso e arrojado no vosso mais recente disco, o Fetch, de 2013. Porquê?

Y: Não sei. Era o que queríamos fazer.

A: Limitámo-nos a fazer o que nos passou pela cabeça, enquanto escrevíamos as canções de Fetch. Foi um processo muito natural.

No Fetch gravaram como um duo pela primeira vez. Porque decidiram mudar ao fim de tantos anos?

A: Fizemos várias digressões como um quarteto, e estava a tornar-se cada vez mais difícil encontrar músicos que nos conseguissem acompanhar. Além disso, devido aos avanços da tecnologia informática, hoje temos mais opções ao nível daquilo que podemos programar, por isso quisemos experimentar tocar um computador nessas funções.

Foi uma grande mudança para vocês?

A: Em termos de composição não mudou grande coisa, porque sempre fomos eu e a Yako que escrevemos as músicas. A maior diferença foi tocar ao vivo com um computador.

Y: No fundo, dantes contratávamos músicos para tocarem baixo e bateria e agora é um computador que faz isso.

Isso quer dizer que continuam a tocar só os dois?

A: Sim. Somos um duo há cinco anos.

Estão a trabalhar num novo disco? Para quando?

Y: Estamos agora a começar a pensar no novo álbum.

A: Para dizer a verdade já temos algumas ideias, mas vai demorar algum tempo até se tornarem música completamente estruturada.

Y: Sim. O próximo álbum ainda vai demorar.

Do Japão, com amor

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  • Rock e indie

Nunca os jovens ocidentais estiveram tão fascinados pela cultura pop japonesa como hoje, mas o interesse concentra-se no manga, no anime, nos jogo de computador, no cosplay, no karaoke e na ParaPara Dance, e a música pop made in Japan é quase invisível, se exceptuarmos a que está associada a bandas sonoras de anime populares, e que tende a ser plastificada e estridente.

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