Época e local: surgiu nos primeiros anos da década de 1990, em Bristol, alastrou vertiginosamente, atingiu o seu cume de popularidade em 1996 e declinou rapidamente no início do novo século.
Origem do nome: a partir de “hip hop” e “trip”, no sentido de viagem mental alimentada por substâncias psicotrópicas. Primeira ocorrência registada em 1994. Sinónimos: “downtempo”, “Bristol sound”.
Se a associação do grunge a Seattle não reflectia a dispersão geográfica das bandas que o praticavam, os primeiros anos do trip hop tiveram o seu epicentro claramente localizado em Bristol, antes de o género ganhar cultores no resto da Inglaterra e de atravessar o Canal da Mancha (com os belgas Hooverphonic) e o Atlântico (com o primeiro disco das Cibo Matto, um duo de japonesas radicadas em Nova Iorque).
Uma prova de que a designação trip hop está longe de ser pacífica é o facto de a banda tida como fundadora do género, os Massive Attack, a rejeitar.
Características: Como acontece com qualquer outro género do pop-rock, os requisitos para que uma banda ou uma canção seja catalogada no trip hop são vagos e subjectivos. Entre os ingredientes mais frequentes estão um groove gerado por máquinas de ritmos ou outras programações e aparentado com o hip hop e drum’n’bass, mas desacelerado para um balanço hipnótico (por vezes a roçar a letargia); uma voz (quase sempre feminina) que tanto pode ser etérea e como dar expressão a mágoas profundas e irremediáveis e que está quase sempre envolta numa aura onírica; influências de soul, funk e dub; recurso abundante a electrónica, loops e samples (por vezes complementados por uma opulenta secção de cordas), de forma a criar um tapeçaria densa e envolvente; é também usual o recurso a ritmos quebrados e a experimentação com electrónica e efeitos de estúdio. O protagonismo individual dos instrumentos e da voz é preterido em favor da criação uma atmosfera global enfeitiçante, quase sempre sombria e opressiva – esta é, senão uma “bad trip”, pelo menos um viagem por paragens inquietantes.
Não assumindo os instrumentos individuais papel determinante – e sendo amiúde substituídos por electrónica e samples – não é de estranhar que os discos de trip hop sejam filhos do estúdio de gravação e não da sala de ensaios e que as bandas de trip hop se resumam na maior parte das vezes ao duo voz + produtor/multi-instrumentista, que recorre a músicos de estúdio para intervenções pontuais e espectáculos ao vivo.
Tricky, 27 de Fevereiro no Lisboa ao Vivo. 25€