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Nonna Goes Crazy
Mariana Valle Lima

A avó enlouqueceu e abriu um restaurante de massa fresca

Apareceu no primeiro ano da pandemia quando sair para comer não era bem uma opção. A Nonna Goes Crazy é agora um restaurante com uma agradável esplanada.

Cláudia Lima Carvalho
Escrito por
Cláudia Lima Carvalho
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A avó não está louca, até porque sabe o que é bom. Tem os segredos da cozinha, mas nem por isso está de volta dos tachos. Ela é, na verdade, quase uma figura mitológica que inspira o caminho de Matteo, um italiano a viver em Portugal e que de um dia para o outro, em Outubro de 2020, criou a Nonna Goes Crazy. A ideia era entregar massa fresca e pronta em casa e o sucesso foi tal que a ambição já não cabia apenas no Instagram, onde tudo parece acontecer. A Nonna Goes Crazy é agora um pequeno restaurante, quase escondido, entre a Avenida da Liberdade e o Príncipe Real.

Nonna Goes Crazy
Mariana Valle Lima

Há um cliché do qual os italianos parecem não conseguir fugir, pelo menos aos olhos dos outros: se vêm de Itália sabem com toda a certeza fazer uma boa pasta – como se todos os portugueses soubessem também fazer um bom bacalhau à Brás. Ora, Matteo nunca se viu numa cozinha. “Estou a estudar Engenharia e Gestão da Inovação e Empreendedorismo no Técnico e no primeiro dia uma professora disse-nos: ‘Como vão ser empreendedores no futuro, vamos ver o que conseguem fazer. Têm 20€ de budget e têm uma semana para maximizar esse dinheiro. O que fazem?'”

O italiano não precisou de pensar muito: usou o cliché a seu favor, ligou à avó e pediu uma receita de pasta. O teste fez-se entre colegas, depois de uma noitada, quando a comida parece saber melhor. Foi um sucesso. “Depois disso, foi um boom. Todo o mundo queria e pensei, porque não?”, diz-nos num português carregado de sotaque. “Abri uma página no Instagram que destacasse esse contraste entre tradição e uma coisa mais moderna.” Daí a figura da nonna (avó em italiano) que perdeu a cabeça.

Nonna Goes Crazy
Mariana Valle Lima

No Instagram começou por usar fotos do ícone de moda Iris Apfel. “Ela é extravagante e eu tinha uma boa resposta. Depois encontrei a Angelica, que já tinha o desejo de criar uma actividade na restauração.”

Angelica, também de Milão, vive em Portugal há sete anos, e conhecia a Nonna Goes Crazy do Instagram. “Sempre tive dificuldade aqui em Lisboa em comer uma boa massa. Sempre achei que tem muita pizza, mas não tem massa. E na Itália temos muito esse conceito de pasta bar”, começa por nos explicar a italiana, contando que partiu de si a ideia de abrir um espaço como este. E Matteo admite: “Eu precisava de alguém que me puxasse mais. Para mim era bom seguir na direcção de criar uma empresa. Eu não sou focado nisso e ela ajudou-me muito, juntos este é o nosso bebé”. 

E o bebé é um restaurante com poucos lugares sentados, mas com uma agradável esplanada que se estende tantas vezes à escadaria mesmo à frente da porta. Para comer, a escolha é simples. “A ideia é ter seis/sete receitas, não mais. Neste momento temos quatro, mais duas focaccias e tiramisu. Queremos um cardápio simples com poucas ofertas e manter sempre a qualidade muito alta”, explica Matteo. 

Nonna Goes Crazy
Mariana Valle LimaFunky beet pesto

Por agora, há uma pasta de tomate-cereja, burrata, pistácio cremoso e crocante (11,90€), outra com tártaro de gambas vermelhas temperadas com soja e lima e burrata (12,90€), mais uma de pesto de beterraba, com burrata, amêndoas tostadas e azeite de manjericão (10,90€) e ainda a inusitada “carbobora” – uma representação da carbonara –  com abóbora, pancetta crocante, burrata e nozes torradas (11,90€). 

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Mariana Valle LimaIconic pomodoro

As focaccias (6€), uma com pesto de beterraba e outra com pistácio crocante, burrata e pesto, são uma óptima forma de começar a refeição. Já para terminar, há o tiramisu da Tiramisusi, a marca que tem feito furor nas redes sociais e que aos sábados está habitualmente no Mercado de Produtores da Comida Independente. 

Há também vinho italiano e cerveja artesanal, também vinda de Itália. “Queremos ter produtos italianos além da massa para elevar a experiência italiana em Lisboa”, aponta Matteo.

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Mariana Valle LimaTiramisusi

A avó entretanto ganhou forma. Continua a não estar na cozinha, mas tem nestes italianos uns netos. “É a avó Fernanda”, diz Angelica. Veio do projecto A Avó Veio Trabalhar, fez sessões de fotos e adoptou a casa como sua. “Ela sempre fala para as amigas: ‘Eu sou a avó da massa italiana'."

Rua de Santo António da Glória 6B. 933 677 400. Ter-Dom 12.30-15.00/19.30-22.30

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