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DJ Nigga Fox
©Marta PinaDJ Nigga Fox

A Flur faz 20 anos e é palco de seis concertos gratuitos no sábado

A icónica loja de discos, que se mudou de Santa Apolónia para o Mercado de Arroios há uns meses, vai ser uma grande sala de concertos a 4 de Dezembro. A entrada é livre.

Luís Filipe Rodrigues
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Luís Filipe Rodrigues
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Poucas lojas de discos marcaram tanto Lisboa ao longo das últimas duas décadas como a Flur. Inaugurada a 4 de Dezembro de 2001, tem sido ponto de encontro de melómanos e DJs, atrás e à frente do balcão, e abrigado uma selecção criteriosamente curada de novidades e raridades de diferentes géneros e geografias, em vinil, em cassete e em CD – o único critério é a qualidade e o facto dos lojistas acreditarem a sério no valor das centenas edições que enchem as prateleiras. Faz 20 anos no sábado, e a data celebra-se com concertos de cúmplices e amigos, no Mercado de Arroios, para onde se mudaram há uns meses.

“Há alguns anos que estávamos com vontade [de sair de Santa Apolónia]”, confessa André Santos (ex-Time Out Lisboa), que se juntou à equipa a 4 de Dezembro, mas de 2006, quando a Flur fez cinco anos, e hoje é um dos donos, a par de Márcio Matos, que entrou na mesma altura, e do fundador José Moura, atrás do balcão desde o primeiro dia. São também responsáveis pela editora Holuzam e trabalham na loja, onde têm a ajuda de Tomás Freitas (ou Tsuri). “Queríamos entrar na cidade, estar mais dentro de um bairro e ficar mais próximos das pessoas, dos nossos clientes, de novos clientes. Arroios rapidamente passou para primeiro bairro da lista, encontrar este espaço no mercado foi ouro sobre azul.”

André faz questão de sublinhar que “a pandemia não foi a razão de mudança, isso já estava decidido antes”. Mas reconhece que durante o primeiro ano da crise sanitária ficou ainda mais claro que estavam a tomar a decisão certa. “Temos feito um esforço sobrehumano para manter isto ligado nos últimos dois anos”, confessa. A mudança para Arroios foi, no entanto, uma lufada de ar fresco. “Começámos muito bem, muito acima das nossas expectativas. Os últimos meses têm sido estranhíssimos, não dá mesmo para entender o que se está ou vai passar. Temos de aceitar a realidade e o dia a dia. É assim para nós e para a maioria dos negócios, imagino.”

Apesar do actual clima de incerteza, o balanço das últimas duas décadas é positivo. “É óptimo poder sentir que ainda fazemos a diferença para algumas pessoas. É óptimo dar a descobrir às pessoas música na loja, meter um disco que gostamos a tocar e alguém perguntar o que é. Esse gesto, tão simples, resume muito o nosso trabalho e o que mais gostamos de fazer”, conta. “Seja na loja, seja através das nossas comunicações via mailing list (um elemento importantíssimo para a nossa identidade), seja a editora. Não é carolice nem ego, é incrível como nós os quatro pensamos na música da mesma maneira, sem fronteiras/géneros, sem camisolas. Isso torna-nos eternas crianças quando metemos algo a tocar.”

Essa energia e vontade de dar a conhecer coisas novas foram também determinantes para definir o cartaz da festa de sábado, que entre as 15.00 e as 19.00 junta velhos amigos e mais ou menos novos cúmplices em meia dúzia de concertos. Nigga Fox, um dos pontas de lança da editora Príncipe (co-fundada por Márcio e José Moura) e nome já lendário da batida produzida nos subúrbios de Lisboa, é um desses velhos cúmplices, juntamente com Fernando Fadigas e Nuno Moita, que vão tocar juntos como Ghent, ou Joana da Conceição, “alguém de quem gostamos e cujo trabalho esteve sempre ligado à Flur, seja através dos Tropa Macaca ou das exposições que realizou na antiga loja em Santa Apolónia”.

Mas também há novas ligações como a violinista e compositora Maria da Rocha, que se estreou pela Holuzam há umas semanas com o magnífico nolastingname, e vai actuar na Flur. Tal como Funcionário e USOF, que têm álbuns para editar com eles no próximo ano. “Se não houver atrasos, o de Funcionário sairá no primeiro semestre e o de USOF pouco depois”, avança André. “E ambos estão ligados ao início da Rotten \ Fresh, uma editora/colectivo que sempre gostámos de acolher e que, para nós, também faz parte da nossa identidade nos últimos anos. Gostamos do espírito, da energia e de como fazem as coisas. Revemo-nos muito – enquanto pessoas – no que eles fazem no que eles fazem e está ali o verdadeiro amor pela independência.” No sábado, em Arroios, celebra-se esse amor. Vinte anos de amor.

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