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O filme de Guillermo del Toro levou para casa quatro estatuetas douradas, incluindo as de Melhor Filme e Melhor Realizador, e partilhou a noite com momentos que vão ficar para a história dos Óscares, como o vencedor mais velho de sempre ou o primeiro trans a ser distinguido pela Academia.
Melhor Filme, Melhor Realizador, Melhor Banda Sonora e Melhor Direcção de Arte: eis os quatro Óscares que A Forma de Água venceu. Dunkirk ficou logo a seguir, com três estatuetas em categorias técnicas: Melhor Montagem, Melhor Edição Sonora e Melhor Mistura de Som.
Frances McDormand, como os críticos da Time Out Lisboa apostaram, ganhou o prémio de Melhor Actriz do ano, e Gary Oldman, pela interpretação de Churchill em A Hora Mais Negra, foi distinguido com o galardão de Melhor Actor. Nos secundários, a Academia distinguiu Sam Rockwell pelo papel em Três Cartazes à Beira da Estrada e Allison Janney, por Eu,Tonya. Coco, da Pixar, é o Filme de Animação do ano.
"Se esta noite está nomeado mas não está a fazer história, temos pena..."
Quem o disse foi o apresentador Jimmy Kimmel – e, de facto, a 90ª cerimónia será inesquecível por várias razões: Uma Mulher Fantástica transformou-se no primeiro filme protagonizado por uma actriz transgénero a ganhar um Óscar (o de Melhor Filme Estrangeiro); com 89 anos, James Ivory tornou-se o homem mais velho de sempre a ser distinguido, pelo Argumento Adaptado de Chama-me Pelo Teu Nome; e a estatueta de Melhor Argumento Original foi para Jordan Peele (Corra!), o primeiro negro a ganhar nesta categoria.
Mas houve mais: um discurso de agradecimento foi feito em língua gestual – o da argumentista e actriz Rachel Shenton, pela curta metragem The Silent Child; Roger Deakins, um dos mais respeitados directores de fotografia de Hollywood, venceu o galardão de Melhor Fotografia por Blade Runner 2049 depois de 14 nomeações; e até Kobe Bryant – sim, o jogador de basquetebol – teve direito a um Óscar pela curta de animação Dear Basketball.
Inclusão e uma passadeira vermelha de todas as cores
Não, as estrelas de Hollywood não vestiram preto dos pés à cabeça como tinham feito nos Globos de Ouro. E também não falaram tanto (ou de forma tão explícita) de assédio sexual. A inclusão e a igualdade em Hollywood estiveram na ordem do dia, com Frances McDormand, por exemplo, a convidar as outras nomeadas para Melhor Actriz a ficarem em pé durante o seu discurso de agradecimento. "Todas temos uma história para contar. Vamos falar sobre os nossos projectos, que precisam de financiamento. Temos de ter inclusão", disse.
Jimmy Kimmel, no arranque da cerimónia, destacou as campanhas contra a má conduta sexual – bem como Harvey Weinstein, alvo de dezenas de acusações de assédio – e a desigualdade de género na indústria, chamando a atenção para o facto de apenas 11 por cento dor filmes serem feitos por mulheres.
As actrizes Ashley Jude, Annabella Sciorra e Salma Hayek apresentaram um vídeo sobre a representação das mulheres, dos negros e dos imigrantes, mencionando ainda o movimento "Time's Up". Já Guillermo del Toro sublinhou a importância de "apagar fronteiras", fazendo uma referência à proposta do presidente Donald Trump de construir um muro entre México e Estados Unidos. "Eu sou um imigrante, como o Alfonso [Cuarón], o Gael [Bernal] e muitos de vocês. A melhor coisa da nossa área é poder apagar as linhas, as fronteiras. Muros só vão piorar as coisas."