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De olhos postos no telemóvel, uma criança vive distraída do mundo que a rodeia, ignorando todas as oportunidades que a vida lhe oferece para se divertir e brincar. A Menina com os Olhos Ocupados é a adaptação em curta-metragem animada do livro de André Carrilho e a primeira incursão pelo cinema do ilustre ilustrador. Uma história que agora está a ser expandida para o formato de série de animação.
Em Tenerife, durante os Prémios Quirino – dedicados à animação ibero-americana – a plataforma Radix Animacion cruzou-se com André Carrilho, que acabou por lhes contar o trabalho que tem em curso: a adaptação a série de A Menina com os Olhos Ocupados. A Time Out pegou no telefone e ligou para a produtora portuguesa, a Blablabla Media, que se estreou na animação com essa curta-metragem. E agora continua a acompanhar esta aventura, mas em vários episódios. Filipe Araújo, co-fundador da Blablabla com Hemi Fortes, fala-nos desta “fase embrionária” em que se encontra o projecto.

“Quando começámos todo este processo, como outsiders da animação, concorremos a alguns pitches internacionais e fomos seleccionados num que é um dos maiores da União Europeia: o CEE Animation Forum na República Checa. E, curiosamente, ganhámos um prémio nesse pitch, que nos dava acesso directo a um laboratório de nove meses com alguns dos profissionais mais top da indústria”, recorda Filipe Araújo. “E a ideia foi: já que estamos a fazer este primeiro filme, vamos aproveitar, uma vez que toda a gente viu potencial aqui para algo mais, para usar este laboratório para desenvolver uma série”. Foi esse o ponto de partida da série que agora têm em mãos e da qual se encontram a desenvolver o episódio piloto, de um total de seis com cerca de cinco minutos cada. A primeira grande parceira é a RTP, que garante a emissão da série de animação em Portugal, mas a Blablabla diz ter outros “pretendentes pela Europa e pelo mundo fora”.

Quando avançaram para a curta-metragem, chegaram a ter propostas de co-produção, mas decidiram “fazer tudo em casa”, uma oportunidade de aprenderem “como que funciona um workflow de animação”, manterem a liberdade criativa de uma animação pintada a aguarela. “Desenvolver esta técnica de aguarela era o grande desafio do filme. Conseguir plasmar essa imprevisibilidade da aguarela, que tão bem resulta no livro, mas em movimento”, diz Filipe Araújo. O desafio agora será diferente e a equipa portuguesa está a “ponderar os caminhos de co-produção” que quer percorrer. “Não perder a essência da arte, mas torná-la mais exequível numa lógica de escala” é o exercício em cima da mesa. Com o financiamento arrecadado até agora (um do ICA – Instituto do Cinema e Audiovisual), já conseguiram avançar com o desenvolvimento da escrita e de técnicas a adoptar, mas a série será, no final, construída com base em co-produção.

Nomeada para um Prémio Sophia na categoria Melhor Curta-Metragem de Animação – num concorrido ano em que competia Percebes – A Menina com os Olhos Ocupados já passou por cerca de uma centena de festivais no espaço de um ano e “superou todas as expectativas” da produtora. Em Abril, o filme trouxe para Portugal o prémio Family Short, atribuído pelo San Francisco Film Festival, e após o circuito de festivais e de cine-teatros a curta-metragem deverá passar pela televisão e pelo streaming, que já está está a acontecer fora do país, em países com a Chéquia ou a Polónia.
Mas este é apenas o "primeiro bebé animado" da Blablabla Media, descreve o produtor, que tem dedicado o seu trabalho aos filmes em imagem real. “Tem sido muito interessante conhecer esse universo, as pessoas da animação são especiais e sentimos-nos muito cómodos nesse mundo. Sendo que, naturalmente, continuaremos na imagem real, seja no documentário, seja na ficção”. O documentário Caixa de Resistência ou a série documental George (OPTO SIC), são algumas das últimas produções com o selo Blablabla Media.
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