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Sanjo Bairro Alto
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Aos 90 anos, a Sanjo está mais fresca do que nunca

A Sanjo abriu uma loja em Lisboa. Ao mesmo tempo que pisca o olho a uma nova geração, não abre mão do legado com quase um século. Fomos ao Bairro Alto apreciar a arte de bem envelhecer.

Mauro Gonçalves
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Mauro Gonçalves
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É uma espécie de mergulho na piscina, a julgar pela cor das paredes, do chão, do tecto, das estantes. Na verdade, tudo neste rectângulo monocromático foi tingido com um único tom para criar uma paragem obrigatória na Rua do Norte e fazer sobressair um catálogo cada vez mais extenso. A Sanjo abriu a primeira loja física, quase 90 anos depois destes ténis terem começado a palmilhar o mundo. Uma viagem no tempo e no espaço – de São João da Madeira para o Bairro Alto – que enaltece a grande virtude de saber envelhecer. Neste caso, a marca portuguesa foi mais longe: rejuvenesceu.

“Sempre fantasiei um bocado com este espaço, até porque imaginei sempre a loja num sítio semelhante a este. A marca já estava a seguir esta linguagem industrial, o que fizemos foi isolar o espaço com um ruído de cor”, explica Vítor Costa, director criativo da Sanjo há quase quatro anos e responsável pela viragem no destino da marca portuguesa. Com nova gestão desde 2019, a prioridade tem sido diversificar o produto e, sem esquecer a matriz, criar uma nova linguagem, suficientemente fresca para cativar uma nova geração de clientes para uma etiqueta que, durante décadas, se alimentou do saudosismo português.

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“Quisemos afastar-nos da performance e aproximar-nos de um registo mais lifesrtyle”, continua. E conseguiram fazê-lo através de colaborações com Alexandra Moura ou com a Burel, com uma aproximação a subculturas urbanas como o basquetebol e o skateboarding (aqui com destaque para a parceria com a revista Surge) e com uma aposta forte no desenvolvimento de vestuário. “Começou quase como se fosse uma linha de merchandise, mas tem crescido em detalhes e na própria construção das peças. É uma forma de chegar a novos públicos. Temos de falar com eles em vez de continuar a bater na tecla da história e da nostalgia. Isso já está presente em 80% da colecção.”

O espaço foi transformado à imagem e semelhança da marca. Aqui, costumava ser o outlet da vizinha Sky Walker, mas as boas relações com a loja multimarca, que já completou 18 anos de vida (e de Rua do Norte), acabaram por resultar numa loja própria. “Começou devagarinho com um certo tipo de público, só depois é que os mais jovens começaram a vir. Agora, até os ingleses e os franceses já compram também”, detalha John Borrego, fundador da loja.

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O universo Sanjo está todo aqui e a verdade é que hoje os ténis são apenas uma parte deste guarda-roupa desenhado e produzido em Portugal. O vestuário ganha terreno, ao mesmo tempo que a direcção criativa de Vítor Costa esbate a divisão entre géneros e democratiza a comunicação da marca. Nos expositores, vemos sweats e t-shirts, calças, blusões, meias e bonés. Em algumas destas peças ecoa o slogan: still fresh after ninety years. “A próxima colecção será mais um salto qualitativo”, admite Vítor. As primeiras peças devem começar a chegar à loja dentro de um mês e meio, inspiradas nos cortes de ténis dos anos 70.

As influências chegam também aos ténis. Os modelos K100 e k200 podem continuar a ser os clássicos da Sanjo, mas o catálogo tem crescido e modelos como o Teste e o Sk Evo já fazem parte da família. Nos últimos dois anos, o número de referências triplicou e a marca passou de 90% de clientes homens para um saudável 50/50. No ano passado, a facturação cresceu 48% e a internacionalização ainda agora começou. Depois de marcados como França, Espanha, Itália e Alemanha, crescer nos Países Baixos, na Bélgica e na Escandinávia são objectivos para 2024. Actualmente, as exportações representam apenas 12% da facturação da Sanjo.

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Com mais de uma centena de pontos de venda em Portugal, a Sanjo não dá sinais de querer arrefecer. Na loja do Bairro Alto ainda faltam muitos dos elementos que ajudam a contar esta história. O arquivo é quase inesgotável e inclui caixas, ténis antigos e muitas fotografias que provam que a relação da marca com modalidades como o skateboarding ou o basquetebol não é recente – pelo contrário, começou há décadas. Olhar para o passado só faz sentido se for para manter o foco no futuro. Entre os projectos na calha está também a primeira colaboração internacional e, ainda em fase de estudo, uma loja própria no Porto.

Rua do Norte, 16 (Bairro Alto). 21 017 1497. Seg-Sáb 11.00-19.00

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