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Aquário Vasco da Gama
Gabriell Vieira

Aquário Vasco da Gama deixa de ter animais marinhos de grande porte e ganha “janela para o oceano”

A decisão surge depois de uma “grande reflexão” no aquário-museu gerido pela Marinha. O novo espaço interactivo nasce no antigo tanque das otárias.

Joana Moreira
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Joana Moreira
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"Não podemos ter animais de grande porte que não tenham as condições mínimas de habitabilidade só para os mostrar a pessoas. Tem de haver respeito pelos animais”, alerta o comandante Nuno Leitão, director do Aquário Vasco da Gama (AVG), em Oeiras. O aquário-museu, que existe desde 1898, decidiu pôr fim à entrada de animais de grande porte naquele espaço. De agora em diante, “todos os animais que estão aqui em cativeiro são animais que estão em perfeitas condições para terem qualidade de vida”, explica à Time Out. 

A “pressão social” que “incrimina as formas como se mantêm animais de grande porte em cativeiro sem as condições adequadas” levou o organismo, que desde 1901 é administrado pela Marinha, a uma “grande reflexão”, conta o director, à margem de uma visita para conhecer uma nova ala que promete ser uma “janela para o oceano”. 

Aquário Vasco da Gama
DR

Esta sala, agora aberta ao público, é interactiva e a pensar nos mais novos. Desde logo a começar pelo chão, que parece água, dando a ideia de que se está a chapinhar (sem ficar com os pés molhados). Ao fundo há um ecrã gigante, de 20 metros quadrados, “com vários cenários da costa portuguesa, desde a zona rochosa até ao mar profundo ou a zona de areal, mas com esta particularidade que é o próprio ecrã é um ecrã interactivo, permitindo às crianças obter conhecimento das espécies que estão a ver de uma forma muito didática e de uma forma muito expedita”, explica o comandante. Basta tocar num dos animais e imediatamente surge um descritivo sobre a espécie. Alguns têm particularidades, como o choco, que larga tinta antes de as características invadirem o ecrã.  

Na zona superior do anfiteatro estão ainda mesas para que os mais novos possam desenhar e pintar o seu próprio peixe, enviando-os depois para um televisor que simula um aquário real. "Isto permite entreter os miúdos, mas também pô-los a pensar naquilo que é a preservação da vida marinha", diz. Esta ala do aquário, inaugurada na última semana, custou à Marinha cerca de 300 mil euros. O desenvolvimento e tecnologia esteve a cargo da empresa tecnológica portuguesa Edigma.

Aquário Vasco da Gama
DR

Um ano de renovações

A novidade faz parte de um projeto em curso de modernização do aquário-museu. Há mais de um ano que está a correr uma renovação, que inclui, entre outras coisas, a recuperação de um laboratório onde acontece o restauro de peças (e onde está a caixa-forte das espécies) e a renovação de uma galeria sobre a evolução da vida dos invertebrados aos vertebrados que estava "pouco actualizada". Recentemente foi recriada também uma biblioteca do rei D. Carlos, fundador do Aquário Vasco da Gama. “Requalificamos toda a biblioteca do rei, com o objectivo de a tornar visível aos participantes. O rei tinha uma grande coleção científica, é o pai da oceanografia em Portugal. Os livros já estavam no aquário, mas não estavam expostos ao público”, conta Nuno Leitão, que adianta que, de futuro, existirá “uma mesa interactiva para que os visitantes possam consultar virtualmente os livros do rei”. 

Para breve também está a chegada de enguias eléctricas. Os animais já estão no edifício, mas ainda se aguarda que a água mature para as condições ideais. "Sempre que as enguias derem descarga, as luzes acendem", explica Nuno Leitão junto ao monitor com as lâmpadas, por enquanto, apagadas. "Para os miúdos perceberem que há outras formas de produção de energia". 

Com a excepção da nova sala “Janela para o Oceano”, a renovação foi feita graças ao investimento do Grupo Sousa, um operador marítimo-portuário com sede no Funchal. A aproximação do mundo digital é, para o director do Aquário, um passo não só natural, como obrigatório para a subsistência do espaço. "O objectivo é tornar o Aquário Vasco da Gama mais tecnológico, sem ao mesmo tempo perder o seu DNA", afirma. “Hoje em dia, nós inseridos nesta sociedade de imagem, se não tivermos tecnologia, este espaço não se torna apelativo para os mais pequeninos que visitam o aquário." 

Em Novembro, foi publicada em Diário da República a abertura dos procedimentos para a classificação do edifício do Aquário Vasco da Gama como imóvel cultural de interesse público. Questionado pela Time Out, o director do Aquário confessa que antes da renovação do espaço “já havia essa ambição”. "O Aquário Vasco da Gama é um equipamento cultural geracional, pertence a todas as gerações”, defende. 

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