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Race d'Ep!
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Artistas portugueses estampam imagens da homossexualidade na Stolen Books

O documentário de 1979 ‘Race d’Ep!’ é a inspiração para a exposição com o mesmo nome que chega à Stolen Books, em Lisboa, à boleia do Queer.

Escrito por
Clara Silva
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O filme francês de 1979 Race d’Ep! mereceu uma atenção especial nesta 24.ª edição do Queer Lisboa. Teve direito a uma sessão especial na terça-feira na esplanada da Cinemateca e serve agora de inspiração para a exposição de João Pedro Vale e Nuno Alexandre Ferreira, que se inaugura esta quarta-feira na Stolen Books.

Race d’Ep!, que significa “pédéraste” (pederasta) no calão francês, é um filme em quatro partes com a reconstituição cinematográfica das imagens da homossexualidade ao longo de um século, desde o cunho da própria palavra homossexual. 

“[Os realizadores Lionel Soukaz e Guy Hocquenghem] vão usando quatro narrativas diferentes para falar sobre episódios e sobre a forma como a homossexualidade foi vista ao longo de um século”, diz João Pedro Vale. O filme relata, por exemplo, o extermínio dos homossexuais nos campos de concentração e o incêndio da biblioteca de Hirschfeld, um dos maiores arquivos sobre sexualidade, desenvolvido por Magnus Hirschfeld, “sem, no entanto, antecipar o que viria a ser a fase mais conturbada do século para a comunidade LGBTQI – os primeiros casos de VIH, alguns anos depois, em 1981”, explicam.

Antes da pandemia, a dupla de artistas estava em residência em Paris e foi convidada pela Stolen Books para fazer uma “edição específica” para a ASS Book Fair no Palais de Tokyo, entretanto cancelada. Criaram um patch inspirado no filme, que agora é a imagem de marca da exposição, integrada na programação do Queer Lisboa, que acontece até sábado.

“Fizemos um conjunto de blusões de cabedal com o patch e cada um desses blusões contém imagens de cada uma das partes do filme”, adianta João Pedro. “Uma parte sobre o incêndio de Hirschfeld, uma parte sobre o engate em Paris nos urinóis… De repente acabámos por usar estas imagens para trabalhar nestas esculturas, que na verdade são blusões.” 

Com a feira cancelada, o Queer Lisboa foi o pretexto ideal para mostrar o trabalho. “Em Paris há muita gente a conhecer o filme, apesar de ser underground. Em Portugal não há muita gente que o tenha visto e só fazia sentido a exposição com uma exibição. Foi por isso que antes de decidirmos a data da exposição falámos com o João Ferreira [director do festival] e perguntámos se ele acharia graça incluí-lo na programação.”

Além dos blusões, a exposição também tem outra peça: uma fotografia que é um remake duma cena de outro filme da década de 70, Não É o Homossexual Que É Perverso, Mas a Situação Em Que Ele Vive, de Rosa von Praunheim. “O que fizemos foi montar no nosso ateliê um cenário idêntico ao do filme e convidámos artistas gay, com trabalho que, como o nosso, fale destas questões LGBTQI. O filme é de 1971 e fala sobre o facto de a homossexualidade poder ser verdadeiramente revolucionária.”

A exposição é inaugurada na quarta-feira, 23, entre as 17.00 e as 23.00, e decorre até 23 de Outubro. A entrada é gratuita.

Avenida Estados Unidos da América, 105 (Alvalade, Lisboa). Seg.Sex 10.00-18.00. Grátis.

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