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Artsy
Gonçalo Miller/Artsy

Artsy. A arte de bem dormir, bem comer e bem estar

O novo boutique hotel de Cascais tem dado nas vistas pela fachada impressionante de Vhils. Mas o melhor está no interior.

Vera Moura
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Vera Moura
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No final do século XIX, D. Carlos escolheu Cascais como destino de veraneio – e a vila não mais foi a mesma. Pela baía acima, e em torno da fortaleza da Cidadela, os amigos aristocratas do rei construíram mansões e palacetes para lhe fazerem companhia nos meses quentes. Foi o caso de Francisco Trindade Baptista, membro da corte, que não podia imaginar que, mais de cem anos depois, a sua casa de estilo romântico, com varandas, janelas e portas rococó, seria um boutique hotel moderno e luxuoso, com uma fachada de Vhils (Alexandre Farto): o Artsy. 

Artsy
Matilde Espírito Santos/ ArtsyA fachada de Vhils

O charme do final do século XIX mantém-se, mas juntou-se-lhe uma nova ala, de traços contemporâneos e minimalistas, ligada por uma estrutura de vidro, onde é possível dormir dentro de uma instalação de arte urbana, que abraça as janelas do lado de fora dos quartos, deixando entrar a luz por pequenos orifícios . “A ideia de trazer Vhils era para ser um elemento diferenciador do hotel, mas também partilhar uma obra de arte com a comunidade. Ele usou mais de 50 pedras, e quatro são olhos, como se o Artsy estivesse a olhar pelas pessoas de Cascais”, descreve à Time Out o director Francisco Pestana.

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Gonçalo Miller/ArtsyArtist Rooms
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Gonçalo Miller/ArtsySignature Suite

Além dos Artist Rooms – os tais onde temos a sensação de dormir envolvidos pela escultura de Vhils –, existem os Cosy Rooms, os Superior Rooms, as Signature Suites e a Attic Suite (no último piso, ideal para três pessoas), num total de 19 quartos espalhados por três pisos. No topo, um inesperado rooftop exclusivo para hóspedes com uma pequena piscina aquecida, espreguiçadeiras confortáveis, honesty bar e serviço até às 20.00.

Artsy
Gonçalo Miller/Artsy

No interior, espalhada pelos quartos, corredores e zonas comuns – como o Pink Room, para reuniões, jantares privados, exposições e workshops, ou o irreverente Library Bar à entrada, onde os hóspedes são acolhidos na hora de fazerem o check-in e onde podem trabalhar, ler, picar qualquer coisa ou beber um copo ao longo do dia – há sempre arte. Os quadros do lobby chegaram da galeria Lehmann + Silva. São dos artistas portugueses João Gabriel e João Vasco Paiva e dos estrangeiros Alice Morey e Daniel Lergon e estarão em exposição e à venda durante um ano. As paredes dos quartos estão decoradas com imagens do fotógrafo local Miguel Velasco. Mais vistosa é a pintura da série “Idiotas em miniatura” de Fipsi Seilern, artista britânica que assina como Pang e brinca com retratos clássicos, juntando-lhes referências do graffiti. O de Rembrandt está na imponente escadaria de madeira que dá acesso aos pisos superiores – e ganhou uma réplica aumentada que ocupa toda a parede do bar, que abre a não-hóspedes a partir das 18.00 com uma carta de cocktails de assinatura.     

Artsy
Gonçalo Miller/ ArtsyLibrary Bar

As tentações do lado de fora do Artsy – praias a poucos minutos a pé, o Bairro dos Museus, a Marina e o parque Marechal Carmona ali mesmo ao lado – são mais que muitas, mas deixar-se ficar sem pressas também é altamente recomendável. É que os luxos do Artsy vão da hora do pequeno-almoço (08.30-12.30, mesmo a pedir para esquecer o despertador), ao aroma criado propositadamente para o espaço pelo perfumista português Lourenço Lucena, e que se sente mal se passa a porta de entrada. Nos quartos, as amenities são da Oliófora, marca com preocupações ambientais de Amarante, os lençóis são 100% de algodão egípcio e as almofadas de penas um género de abraço caloroso de boas noites, que custa deixar pela manhã.  

Arte à mesa

Na porta à frente do Library Bar, o Art Restaurante está aberto a toda a gente (hóspedes ou não) a partir da hora do jantar. Não se deixe enganar pela primeira impressão que a decoração sóbria em tons claros dá: também ali o design e a arte irreverente têm lugar, com destaque para a fotografia de Andrew Martin representando a Última Ceia – no lugar de Cristo está um DJ, em vez de apóstolos há mulheres a dançar, e a mesa modesta dá lugar a um banquete colorido onde não faltam garrafas de champanhe e frutas exóticas. 

Artsy
Gonçalo Miller/ArtsyArt Restaurante

Mas aqui a verdadeira arte é o que chega à mesa (ou ao balcão virado para a cozinha aberta, onde recomendamos que fique se for sozinho ou a dois). Daniel Estriga, do restaurante de fine-dining Conceito, em Bicesse, é o director gastronómico do hotel e tem dois grandes objectivos. O primeiro é mostrar que “nem só o tradicional é bom”: “Vamos ter sempre muito peixe e marisco, mas quero ter alguma liberdade para fazer o que é nosso com influência das viagens que fazemos e da cultura do mundo que temos.” Exemplo disso são o presunto de porco preto, torricado e tomate (13€), “muito espanhol”; a ostra, ponzu, azeite e beldroegas do mar (4€), “fácil para o público europeu”; os espargos verdes, queijo da ilha e sabayon de azeite com limão, “o queijo nosso, o sabayon francês”; ou o arroz de pato confit, hoisin, favas e chouriço (20€), “com um toque asiático”. 

A mesma liberdade está nos pratos fora da carta que o chef Carlos Nunes, braço direito de Estriga, e o sous-chef David Casaca preparam consoante o que a estação ou o mercado dão. Na noite em que a Time Out lá passou, vieram dois bons exemplos para a mesa: o tomate, poejo e beldroegas (12€) e o lírio curado, nectarina e nori (14€). 

O menu é bastante flexível: entre entradas (crus e snacks) e pratos principais (arrozes e clássicos), o cliente pode criar a sua refeição, mas o conselho da equipa é sempre partilhar. Além dos já referidos, provámos os pastéis de massa tenra de lingueirão e aioli de coentros (8€) e o arroz de carabineiro, pimentos, alface do mar e wasabi (28€), além da sobremesa morango e sabugueiro (7€), com morangos macerados, gelado de nata e merengue de sabugueiro – não sem antes devorar o couvert com pão de massa mãe, manteiga noisette e café de cebola e requeijão com pele de tomate seco em pó (5€) – 100% feito na cozinha do Artsy. 

Art Restaurante - Artsy
Gonçalo Miller/ArtsyOstra, ponzu, azeite e beldroegas do mar

Isto leva-nos ao segundo objectivo de Daniel Estriga para este espaço: fazer tudo “em casa”. “O que o cliente mais quer é sentir que o que experimenta aqui não vai encontrar em mais lado nenhum. Tudo o que conseguimos, fazemos em casa. Não só no jantar mas em todo o hotel. No quarto, o mini-bar é todo da casa – a granola, as trufas… O pequeno-almoço também é quase, quase todo feito cá.” 

A equipa não fica completa sem o chef pasteleiro André Morgado, que garante que o dia começa bem com a bolacha de chocolate, o éclair de doce de leite e avelã, a tarte de limão ou o bolo de iogurte e morango, entre outras delícias que podem ser pedidas ao pequeno-almoço à carta; e com o barman Pedro Henriques, óptima companhia ao jantar e sempre pronto a aconselhar os melhores cocktails para antes, durante ou depois – nunca é uma má hora para beber um Pineapple sour (com rum sete anos, ananás, lima e hortelã, 13,50€), um Portuguese Godfather (com whisky, amêndoa amarga e angostura, 14€) ou um Pink Lady (com gin, licor de toranja, morangos e flor de sabugueiro, 14€). É que aqui, afinal, a arte também se serve ao copo.    

Av. Dom Carlos I, 246, Cascais. 21 013 2390. reservations@artsycascais.com. A partir de 210€ (época baixa). Art Restaurante: Ter-Dom 19.00-01.00

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