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Nicole Kidman e Hugh Jackman
©DRNicole Kidman e Hugh Jackman em 'Faraway Downs/Austrália'

Baz Luhrmann muda o final de ‘Austrália’ na minissérie ‘Faraway Downs’

O realizador foi ao baú e decidiu fazer um ‘director’s cut’ do seu filme de 2008. O resultado é ‘Faraway Downs’, uma versão não só estendida como reimaginada, que estreia a 26 de Novembro no Disney+.

Renata Lima Lobo
Escrito por
Renata Lima Lobo
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Após os sucessos de Romeu + Julieta (1996) e Moulin Rouge (2001), o cineasta Baz Luhrmann estreou em 2018 um filme com uma estética um pouco diferente das duas produções anteriores. Austrália, um drama épico passado na sua terra natal, protagonizado por Nicole Kidman e Hugh Jackman, não teve o mesmo impacto das duas produções anteriores e também não satisfez por inteiro o seu criador, que apresentou um produto final que não era bem, bem o que tinha imaginado inicialmente. Na verdade, chegou a filmar dois finais possíveis para esta história. Vai daí, durante a pandemia, resolveu olhar para a matéria-prima de Austrália, voltou a baralhar e redistribuiu o jogo. As novas cartas são os seis episódios da minissérie Faraway Downs, que apresenta mais uma hora e picos de duração, soluções narrativas diferentes, final incluído, e uma nova banda sonora. Estreia a 26 de Novembro no Disney+ (onde também se encontra o filme Austrália).

O primeiro episódio de Faraway Downs estreou em Outubro no SXSW Sydney 2023 Screen Festival, depois de todos os episódios terem sido exibidos a uma comunidade aborígene local. E se o filme já é de si longo, com 2h45m, a série tem um total de quatro horas. Neste enredo, que arranca no final da década de 30 do século passado, Faraway Downs é, antes de mais, o nome de um rancho de gado no interior australiano, propriedade do aristocrata inglês Maitland Ashley e o único rancho do país que ainda não caiu nas mãos do implacável King Carney (Bryan Brown), o rei do gado lá da terra, que é assessorado pelo capanga sociopata Neil Fletcher (David Wenham). Um dia, a sua rica mulher, Lady Sarah Ashley (Nicole Kidman), decide fazer as malas para confrontar o marido e convencê-lo a vender as terras, mas lá chegada descobre que Maitland tinha acabado de ser assassinado. A missão seguinte é conseguir vender as cabeças de gado e fazer frente a Carney. E é aí que entra Drover (Hugh Jackman), um rebelde e independente vaqueiro que ajuda Sarah a reunir uma equipa para levar as milhares de cabeças de gado a bom porto. O romance não tarda a surgir. Assim como uma forte ligação a Nullah (Brandon Walters), uma criança indígena mestiça (a narradora desta história) que os acompanha, enquanto foge à severa política racial de então, que retirava as crianças indígenas das suas famílias para as colocar em instituições, do governo ou da igreja, numa tentativa de as integrar, à força, em famílias brancas, negando-lhes o acesso à sua cultura. São as chamadas Gerações Roubadas, vítimas de uma política do governo que prevaleceu até 1970. Nesta produção, há outra tragédia da humanidade que também serve de pano de fundo para o enredo: os ataques japoneses a território australiano em 1942, durante a II Guerra Mundial.

Australia
©DRNullah (Brandon Walters)

“No marketing do filme, houve um grande esforço para esconder o seu lado mais cowboy. Foi realmente vendido como uma espécie de Pearl Harbor australiano, mas isso é um subenredo”, disse Luhrmann no passado mês de Outubro, em entrevista ao The Wrap, onde o cineasta explicou o que o motivou a fazer uma versão revista e aumentada da longa-metragem. No filme, o objectivo passou por utilizar o valor de entretenimento para falar sobre a questão das Gerações Roubadas, o que pode não ter sido explorado da forma mais equilibrada. “Por vezes, é desarticulado porque tive de comprimir os temas subjacentes e a natureza épica da obra. O que me levou a esta ideia de o revisitar foi o streaming por episódios”, explicou Luhrmann, que tinha material mais do que suficiente para lhe dar a volta. “Consegui utilizar os pontos fortes da narrativa em episódios para dar fôlego a essas coisas e explorá-las de uma forma mais forte. Sobretudo a ideia de ser a narrativa de Nullah.” O cineasta não considera que Faraway Downs seja necessariamente melhor que Austrália, mas acredita que tem uma “narrativa mais rica”. E uma nova banda sonora: “Pude revisitar a música com muitos artistas indígenas novos e jovens da música pop e atmosférica – Electric Fields, Budjerah.”

Além de apresentar cenas cortadas, é certo que Faraway Downs terá um final diferente. Durante a rodagem, foram gravados dois finais distintos e Luhrmann revelou que a minissérie terá o final que tinha sido o seu “instinto inicial”, nunca apresentado ao público. “É um melodrama e os melodramas têm uma quantidade incessante de reviravoltas trágicas. Mas acho que se estivesse a ser fiel ao tema maior da história, o final de Faraway Downs fala mais directamente para o tema principal do filme.” Só não foi opção na altura porque “toda a América estava profundamente deprimida”, e Luhrmann chegou à conclusão de que “talvez fosse demasiado trágico”. E se tudo correr bem em termos de audiência, não está posta de lado a adaptação em episódios de outro filme assinado por Luhrmann, que descarta essa possibilidade para Moulin Rouge e Romeu + Julieta. Ao contrário de Elvis, que considera ter potencial para uma “versão banquete”.

Disney+. Estreia a 26 de Novembro

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