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Cracked Bolos
Mariana Valle Lima

Belos ou feios? Estes bolos estão a desafiar a estética da pastelaria

Pouco ortodoxos, para alguns repugnantes, há uma nova tendência de bolos que desafia a regra e precisão da pastelaria clássica – com muita ironia à mistura.

Joana Moreira
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Joana Moreira
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Já diz o provérbio que “Quem feio ama, bonito lhe parece” e, na comida, o apelo pelo “feio” não é novidade. É, aliás, motivo de celebração num dos mais populares programas gastronómicos na Netflix. Em Ugly Delicious, o chef coreano-americano David Chang mostra precisamente a comida feia deliciosa que encontra nos quatro cantos do mundo. 

Mas a pastelaria tem ficado marginal nesse apogeu do que é inestético e imperfeito – até agora. A pandemia e o confinamento fizeram brotar uma escola de novos pasteleiros que, no Instagram, encontraram semelhantes precursores de uma abordagem maximalista à pastelaria. São bolos confusos, grotescos, até kitsch. Bolos feios? Talvez para alguns.  

Em Lisboa, Pedro Brito, 27 anos, começou a levar as primeiras experiências ao forno algures em 2020. "Sempre tive uma relação com a pastelaria, mas de forma informal, familiar", diz à Time Out. Na pandemia, começou a decorar bolos “por diversão”. “Foi por brincadeira. Um amigo meu ia fazer anos e disse-me: ‘Faz-me um bolo de anos.’” Tendo estudado design gráfico em Lisboa e artes plásticas nas Caldas da Rainha, entusiasmou-se com as potencialidades criativas do que tinha em mãos e não tardou para que criasse a página de instagram @crackedbolos. “Rapidamente pessoas que eu não conhecia começaram-me a fazer encomendas e desde aí nem houve tempo para pensar muito, foi mesmo começar a experimentar coisas e a responder a clientes", conta.

O gosto pode ser, para alguns, duvidoso, mas há uma coerência estética nas criações em exposição na montra digital. "Acho que os bolos têm algo de cartoon, do mundo de animação. A minha ideia inicial era fazer os bolos como os imaginava quando era pequeno. Um bolo gigante, com uma estrutura estranha, que parece que está mais para um lado. Que fosse quase um objecto escultórico e divertido", explica. 

Porém, se online se lêem essencialmente elogios de admiradores desta pastelaria pouco ortodoxa, as opiniões fora da caixa de comentários dividem-se. “Existem reacções más, pessoas que acham quase repugnante, mas também acho engraçado brincar com isso. Existe uma reacção muito visceral à comida, principalmente quando tem um aspecto estranho”, acredita, não escondendo que há intencionalidade irónica no que faz. "Vou decorando até ter um clique de que está absurdo de certa forma, está engraçado ou tem qualquer coisa que provoca uma reacção. Tem de provocar em mim primeiro para achar que está no bom caminho”, confessa. 

Cracked Bolos
Mariana Valle Lima

E se na estética o desafio dos padrões é assumido, nos sabores Pedro é mais contido. "Neste momento tenho feito coisas mais seguras em termos de sabores", admite. Actualmente as opções de bolo ficam-se por clássicos como chocolate, limão, baunilha ou cenoura, por exemplo, deixando o rasgo maior para as opções de moka e especiarias ou laranja e cardamomo. "Como um bolo normalmente é para muitas pessoas, tento não arriscar demasiado a nível de sabores para agradar a um grupo." Com o tempo espera "expandir" e arriscar na combinação de sabores "para também 'bater certo' com o aspecto". 

Por agora, os Cracked Bolos só estão disponíveis para entrega na área de Lisboa. As encomendas são feitas online e os bolos podem ser levantados gratuitamente na zona da Penha de França ou do Cais do Sodré, mediante o pagamento de 5€. Um bolo de 20 a 24 fatias custa 50€, e um de 44 fatias pode chegar aos 95€. 

Instagram @cracked.bolos. crackedbolos@gmail.com

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