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Festa de Desinaversário
Fotografia: Gabriell Vieira

CCB convida as famílias a viver o sonho de Alice do País das Maravilhas

Quem somos num mundo ao contrário? Fomos à procura de respostas ‘Do outro Lado da Toca’, na Fábrica de Artes do Centro Cultural de Belém.

Raquel Dias da Silva
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Raquel Dias da Silva
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A história é universal. Uma menina com resposta sempre pronta vê-se de repente, por culpa da sua insaciável curiosidade, rodeada de maravilhas que nunca viu, com um rol de novas perguntas por fazer. Quantos relógios tem o tempo? É possível jogar às cartas com o futuro? E, o grande quebra-cabeças, quem somos de pernas para o ar? A partir das célebres obras de Lewis Carroll, As Aventuras de Alice no País das Maravilhas e Alice do Outro Lado do Espelho, a nova instalação imersiva da Fábrica das Artes convida-nos a viver o absurdo conto de fadas, onde tudo se transforma à mercê da nossa imaginação. Do Outro Lado da Toca, no Centro Cultural de Belém, é para espreitar por gavetas, sentar-se à mesa com o Chapeleiro e até conviver com flores gigantes.

“É uma experiência, não necessariamente de pôr a mão na massa, mas de contemplação e indagação. E tem uma dimensão contemporânea, que foi exacerbada pela pandemia, porque nunca imaginámos que nos pudesse acontecer. Parece quase ficcional, esta situação de estranheza imensa em que passamos a ter de habitar espaços confinados, a sentir-nos outra vez pequenos”, diz Madalena Wallenstein, voz do ciclo Festa de Desaniversário. Dedicada ao universo de Alice e dos seus companheiros de aventuras, a programação inclui oficinas, formações, cafés filosóficos e várias ofertas digitais, de um videojogo a um áudio-livro, lançado episódio a episódio no Spotify. Mas é com a proposta de Alice Albergaria Borges, Beatriz Bagulho e Madalena Castro que a ideia ganha corpo e forma.

Festa de Desaniversário
Fotografia: Gabriell Vieira

Cruzando a filosofia com as artes, as novas criadoras para “todas as infâncias” oferecem um ponto de fuga ao confinamento. Entre jogos de linguagem e a alucinação do conhecimento, os visitantes, pequenos e grandes, são desafiados a deixar-se cair na toca do Coelho Branco. E a questionar o que os rodeia, de caderno de campo na mão. “É um objecto fantástico, que pode ser levado para casa. Ilustrado, tem actividades para fazer durante ou depois”, explica a curadora. “Tal como todo o ciclo, foi pensado nesta lógica, que temos vindo a pôr em prática nos últimos dez anos, de como podemos ter experiências juntos, a partir de uma arte estimulante e sem infantilizar os públicos.”

De um jardim feito de malhas até ao quarto dos espelhos, Do Outro Lado da Toca é uma colecção de cinco salas, umas mais fáceis de encontrar do que outras. Mas não só. É também os segredos, muitos segredos, que esconde. Para os encontrar a todos é preciso estar atento e ser criativo. Há portas que só se abrem com chaves gémeas, há baralhos de cartas inquisidores, há vozes para ouvir de orelha encostada ao chão e até há postais, numa escrivaninha algures, para escrever e enviar por correio. Já à sua espera, a instalação ficará patente até ao final do ciclo, que culminará, entre 2 e 3 de Julho, num mini-festival. Chegados ao Verão, artistas e filósofos prometem marcar presença de corpo inteiro nos jardins do CCB para uma verdadeira Festa de Desaniversário, com espectáculos portáteis, rodas de pensamento e um concerto do Conjunto Cuca Monga.

Centro Cultural de Belém, Fábrica das Artes. Ter-Sex 10.00-13.00 e 14.00-18.00 e Sáb-Dom 10.00-13.00. 1,50€-3€. M/3 anos.

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