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É a maior atracção do recém-inaugurado Centro Tejo, na Estação Sul e Sueste: a grande maquete 3D do estuário do rio e cidades ribeirinhas, de 3,35 x 2,25 metros, criada pela Lindo Serviço (sim, é mesmo este o nome da empresa) para a Associação de Turismo de Lisboa, que executou o Centro Tejo por incumbência da Câmara Municipal de Lisboa.
Na semi-penumbra da sala só temos olhos para aquela oval de luz onde é projectada uma imagem de satélite. É como se sobrevoássemos o rio e é impressionante perceber a esmagadora dimensão do Tejo antes de chegar à cidade. Ao redor da maquete há botões que, quando premidos, iluminam informação de interesse para percebermos o que estamos a ver e – talvez o mais importante – a escala do que estamos a ver.
Lá estão as três pontes (Vila Franca, Vasco da Gama e 25 de Abril), os moinhos de maré e de vento, os percursos das carreiras fluviais e as linhas férreas, os trilhos pedestres que podemos percorrer na proximidade de cada uma das localidades, as salinas e os mouchões, as docas e marinas, os 14 mil hectares da Reserva Natural do Estuário do Tejo e a quase igualmente vasta área propícia para a observação de aves. A maquete inclui até um ambicioso, mas visualmente pouco conseguido, simulador de marés. Se observarmos com muita calma e atenção, podemos efectivamente ver a água subir e baixar nas margens, mas a água transparente sobre fundo claro e a escala da maquete não fazem desta uma experiência memorável.
Regressemos ao início: a fita métrica. Sente-se falta de informação sobre esta maquete e a foto do estuário que ocupa toda uma parede. Não sabemos nem a escala, nem as dimensões das peças nem as das áreas que estão a retratar – e neste último caso não há fita métrica que nos valha.
No corredor ao lado a tónica é posta nas embarcações tradicionais do Tejo (com um costado de embarcação e vídeos) e no ecossistema do rio. Num ecrã de seis painéis, com um total de 4,20 metros de extensão, vemos deslizar bandos de flamingos e outras aves migratórias, um recém-nascido a sair do ovo, limícolas a alimentarem-se no sapal, garças reais, cegonhas brancas, alfaiates, trombeteiros, corvos marinhos, flora diversa, e vistas aéreas de salinas e mouchões – e uma inesquecível composição de um salpicado de manchas brancas que parecem penas a vogar, mas que, com o aproximar da câmara, percebemos ser afinal um bando de flamingos visto do ar.
Ainda nesta sala, não deixe escapar um painel com ilustrações de 49 peixes e aves do Tejo, de José Garção, acompanhado do som do canto de várias aves que habitualmente marcam presença no rio.
Avançamos para a sala dos faróis, que são uns bonitos e engenhosos expositores de pequenos vídeos que dão a ver o que cada localidade ribeirinha (Alcochete, Almada, Barreiro, Lisboa, Loures, Moita, Montijo, Seixal, Vila Franca de Xira) tem para nos oferecer na sua relação com o rio. É de louvar o facto de os vídeos estarem colocados a três diferentes alturas, permitindo assim que pessoas de cadeiras de rodas e crianças os possam ver sem correrem risco de torcicolo.
Nas paredes, num friso ao redor de toda a sala, vemos em ilustração a linha de água do rio, nas suas margens esquerda e direita, de uma ponta à outra do estuário. Casario, museus, ermidas, moinhos, num desfilar contínuo. Muito bonito e didáctico.
Numa sala de hologramas alguns entrevistados falam sobre temas relacionados sobre o rio. São umas presenças um tanto fantasmagóricas, mas sobretudo falta informação: quem são aquelas pessoas, sobre o que falam e que duração tem cada intervenção? Apetece passar à frente porque ainda há tanto para ver: ao longo do percurso entre salas há cronologias, ilustrações, textos que prendem a atenção, e fotografias, surpreendentes fotografias antigas, como a da Estação Ferro-fluvial do Barreiro de 1884.
Vá com tempo. Ou vá várias vezes. A entrada é gratuita, pode ir vendo com tempo cada bocadinho.